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Um dos grandes desafios da agricultura mundial é buscar
alternativas para a produção de alimentos por meio da otimização do uso de
insumos agrícolas, possibilitando ganhos econômicos para o agricultor e redução
do impacto ambiental da atividade.
Assim, fazer com que a quantidade de nutrientes disponíveis
no solo por intermédio dos fertilizantes seja absorvida pelas plantas dentro de
um determinado período de tempo, diminuir suas perdas por lixiviação,
volatilização e adsorção, além de buscar métodos que reduzam o custo de
aplicação de fertilizantes foliares, ou via solo, tem sido uma preocupação há
décadas de técnicos e pesquisadores da cadeia de fertilizantes.
Entre um e outro
Tecnologias promissoras na efetividade nutricional vegetal
estão sendo produzidas dentro do conceito dos “fertilizantes inteligentes”,
permitindo uma liberação lenta e/ou controlada.
Não existe uma definição oficial que diferencie
fertilizantes de liberação lenta e controlada. Entretanto, os fertilizantes de
liberação lenta são comumente referidos no comércio como dependentes de decomposição
microbiana (ureia-formaldeído), e os revestidos ou encapsulados como de
liberação controlada.
Os de liberação lenta são de baixa solubilidade, sendo a
parte solúvel em água disponível rapidamente, enquanto a outra é liberada de
forma gradual por um período mais longo. Já os ditos de liberação controlada
são envoltos em um revestimento que controla a entrada de água e reduz a
dissolução do nutriente, degradando-se lentamente no solo. A liberação é
dependente da espessura da membrana que reveste o grânulo.
Agregando à técnica
Práticas de gestão da aplicação de fertilizantes devem ser
adequadas para aumentar a eficiência e minimizar os efeitos negativos dos
excessos de nutrientes. Vale lembrar que o sistema radicular, em geral, explora
apenas 20 a 25% do volume de solo disponível.
Consequentemente, a quantidade de nutrientes disponível no
solo não depende apenas da fase de crescimento e da necessidade da planta, mas
também da velocidade de liberação destes para a raiz por meio do fluxo de massa
e difusão.
O uso de fertilizantes de liberação
lenta constitui-se uma das tecnologias desenvolvidas recentemente para os
sistemas de produção. O principal objetivo é oferecer os nutrientes requeridos
pelas plantas de forma progressiva por um período determinado, podendo aumentar
a eficiência de aproveitamento dos fertilizantes a fim de reduzir a
transformação dos nutrientes em formas menos estáveis.
Desta forma,
facilitam a aplicação, tornando a distribuição mais homogênea, eliminando os
danos causados aos sistemas radiculares pela alta concentração de sais e por
aplicações excessivas.
No caso dos fertilizantes nitrogenados, o principal
benefício é tentar minimizar perdas de nutrientes por lixiviação, volatilização
e reduzir a imobilização. Outros benefícios são a facilidade de armazenamento,
opções de formulações com períodos distintos de liberação, ou sincronismo de
liberação dos nutrientes com as necessidades de crescimento e desenvolvimento
das plantas.
Além disso, a aplicação pode ser realizada de uma única vez,
ou seja, no plantio, reduzindo os custos nesta etapa de produção.
Grupos
Existem três grupos de fertilizantes de liberação lenta e
controlada: os quimicamente alterados, os recobertos ou encapsulados e os
peletizados. Todos apresentam uma característica em comum: a liberação gradativa
dos nutrientes para a solução do solo, porém, apresentando mecanismos distintos
para tal.
Os fertilizantes quimicamente alterados transformam parte
dos nutrientes em formas insolúveis que serão disponibilizadas às plantas
gradativamente. Os fertilizantes recobertos ou encapsulados são compostos
solúveis envolvidos por uma resina permeável à água que irá regular o processo
de fornecimento dos nutrientes.
De forma geral, a liberação é dependente de variáveis como a
temperatura e umidade do solo, mantendo sua liberação mais acentuada na época
de maior exigência pela planta. Os adubos peletizados, por exemplo, variam a
sua solubilidade, e alguns dependem da ação microbiana.
Nos fertilizantes recobertos ou misturados a substâncias
inorgânicas, o processo de disponibilização progressiva de N é diferente dos
fertilizantes recobertos por resinas e derivados de ureia.
Assim, é fundamental, para o sucesso desta prática, o
conhecimento por parte dos técnicos e dos produtores rurais sobre as
características específicas do fertilizante de liberação lenta utilizado.
Eficiência
Nos fertilizantes recobertos por resinas e polímeros, a
liberação de nutriente é eficiente quando existe disponibilidade de água e a
temperatura ideal em torno de 21°C . A taxa de liberação de nutrientes pelos
grânulos do fertilizante é diretamente proporcional à temperatura do solo ou
substrato, pois a temperatura favorece ampliação da camada de resina, causando
elevação de sua permeabilidade à água.
Esse tipo de fertilizante pode apresentar ganhos agronômicos
sobre os fertilizantes convencionais em vários tipos de culturas em diferentes
tipos de solo, climas e manejos. Calcula-se que cerca de 50% do N aplicado aos
solos não é aproveitado pelas plantas num primeiro ciclo.
As perdas por volatilização e lixiviação podem chegar a mais
ou menos 80% do nitrogênio da ureia aplicado. As emissões de N2O do
solo são dependentes de vários fatores, sendo um deles a disponibilidade de
oxigênio nos poros do perfil, que tem grande influência no processo de
desnitrificação.
Os fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada contêm
uma base teórica interessante para reduzir as emissões de gases do efeito
estufa (N2O), bem como para se aumentar a eficiência da adubação
nitrogenada, por reduzir as perdas por lixiviação ou volatilização (NH3).
No entanto, os resultados serão em função das condições climáticas, tipo de
solo e qualidade destes fertilizantes.
Casos reais
Avaliando a eficiência agronômica de fertilizantes
nitrogenados de liberação lenta baseados no uso da ureia, observou-se
diminuição da perda de N-NH3 de 20,2 e 22% por volatização, com
ganhos de aproximadamente 149% na produção de biomassa seca de parte aérea de
braquiária (Matos, 2011).
Outro estudo avaliando a produtividade média de grãos de
milho adubados também com fertilizantes nitrogenados de liberação lenta
baseados no uso da ureia encontrou valores de 8.523 kg ha-1, em
2011.
Contudo, é importante ressaltar que os resultados positivos,
com redução de custos devido à diminuição das doses aplicadas, eliminação do
parcelamento e, consequentemente, redução da mão de obra e o aumento na
produtividade vão depender das condições climáticas, do tipo de solo, do
produto escolhido e da cultivar.
Solução para reduzir perdas de
nitrogênio
O tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das
espécies mais exigentes em adubação. Portanto, conhecer suas exigências
nutricionais, os principais sintomas de deficiências e o modo de corrigir é
fundamental para o êxito da cultura.
Dentre os principais entraves para a produção das culturas
está a utilização de dosagens inadequadas de adubação, especialmente a fonte do
nutriente, os micronutrientes e a calagem. Outra questão importante é que, na maioria das
vezes, os produtores não levam em consideração, por ocasião da realização da
adubação, a elevada extração de nutrientes relacionada nesses cultivos. Assim,
dosagens inadequadas de adubação de plantio e de cobertura são utilizadas, o
que leva a uma menor produtividade.
A utilização de fertilizantes com eficiência aumentada pode
ser uma solução para reduzir perdas de nitrogênio, além de aumentar a
eficiência na utilização de outros nutrientes em culturas, como o tomate e
outras hortaliças de fruto.