Arlene Maria Gomes Oliveira
Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura
arlene.oliveira@embrapa.br
Os solos mais adequados para o desenvolvimento do mamoeiro
são os de textura areno-argilosa, com pH variando de 5,5 a 6,7. Deve-se evitar
os solos muito argilosos e os pouco profundos, assim como os localizados em
baixadas, pelo fato de encharcarem com facilidade na época de chuvas intensas,
sendo desfavoráveis ao desenvolvimento do sistema radicular do mamoeiro.
Normalmente os solos cultivados com mamoeiro não são capazes
de suprir integralmente os nutrientes para o crescimento e produção da cultura,
sendo necessária a realização da calagem e da adubação. Assim, uma adubação
correta quanto à dosagem, forma e época de aplicação de corretivos e
fertilizantes contribuirá para o aumento da produtividade da cultura.
O
começo
Para se determinar as necessidades de calagem e adubação do
pomar de mamão é necessário realizar previamente a análise química do solo para
se conhecer os teores dos nutrientes da área (disponibilidades e deficiências).
Quando o plantio já está estabelecido, além da análise
química do solo é importante a realização da análise de folhas para a
confirmação de deficiências e/ou o conhecimento do estado nutricional da
plantação.
Para a coleta das
amostras de solo deve-se separar a área em glebas homogêneas, medindo no máximo
10 ha. Na separação das áreas é preciso levar em conta a cor e a textura do
solo, sua localização no relevo e o histórico da área. No caso de pomares já
instalados, também deve ser considerada a idade das plantas e a variedade
cultivada.
Em cada talhão a ser amostrado, coletar o solo antes do seu
preparo nas profundidades de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, em cerca de 20 pontos
tomados ao acaso, para formar uma amostra composta que, após misturada,
retira-se 500 a 800 gramas para ser enviada ao laboratório.
Após o estabelecimento do plantio, as amostras de solo devem
ser retiradas apenas na zona de aplicação dos fertilizantes.
Adubação
de plantio
A adubação orgânica do mamoeiro proporciona excelente
resposta no desenvolvimento e produção da planta, principalmente pelo fato de
os solos tropicais apresentarem baixos teores de nutrientes, o que está ligado,
entre outros fatores, aos seus baixos teores de matéria orgânica.
A prática da adubação orgânica traz como vantagens a
melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, devendo-se,
sempre que possível, utilizar adubos como tortas de mamona e cacau, estercos de
gado e galinha curtidos, compostos diversos etc. Não se deve, entretanto, utilizar restos do
mamoeiro como adubo orgânico, pois
este material pode inibir o crescimento da planta.
O adubo orgânico deve ser misturado com os adubos minerais e
a terra da cova de plantio. Deve-se aguardar de 10 a 15 dias para realizar o
plantio das mudas, pois, por mais seco que esteja o adubo orgânico, pode
ocorrer a sua fermentação no solo e danificar as raízes.
No segundo ano após o
plantio, fazer nova análise química de solo no sentido de ajustar a adubação. O
mamoeiro possui necessidades diferenciadas de nutrientes durante todo o seu
ciclo, pois é uma planta de crescimento rápido e constante. As adubações devem
ser efetuadas em intervalos frequentes, dando preferência a fontes solúveis de
fertilizantes, sendo que uma delas deve ser também fonte de enxofre.
Adubação
sólida
As adubações em cobertura com fertilizantes sólidos devem
sempre ser realizadas com o solo mais para úmido do que para seco. Geralmente o
fertilizante é aplicado a lanço e distribuído uniformemente entre a parte
mediana da projeção da copa e o tronco da planta.
O nitrogênio deve ser fracionado o quanto possível, de
preferência mensalmente. Os fertilizantes nitrogenados mais utilizados são a ureia
e o sulfato de amônio. As adubações de cobertura com fósforo devem ser
parceladas de dois em dois meses. Utilizar de preferência o superfosfato
simples, que contém, além de P (18% de P2O5), Ca e S.
Não misturar termofosfato com adubos nitrogenados
(principalmente ureia e adubos orgânicos), para evitar as perdas de N por
volatilização. Em solos com pH elevado, não aplicar termofosfato devido à sua
reação alcalina. Para a melhoria dos teores de fósforo do solo, pode-se efetuar
uma fosfatagem (fosfato natural), aplicada e incorporada antes da calagem. Em
solos com menos de 5 mg/dm3 de fósforo, a aplicação deve ser de 3,0
a 5,0 kg de P2O5 para cada 1% de argila.
O potássio deve ser fracionado o quanto possível, da mesma
forma que o nitrogênio, ou seja, mensalmente. Os fertilizantes mais utilizados
são o cloreto de potássio e o sulfato de potássio. Quando da utilização do
cloreto, utilizar uma fonte de SO4-2 (gesso ou
superfosfato simples).
A adubação com micronutrientes pode ser feita na cova, em
cobertura no solo ou via foliar. O boro recomendado pela análise de solo deve
ser parcelado duas vezes no ano. Optando-se pelo uso de FTE, deve- se aplicar
na cova em torno de 50 a 100 gramas de FTE BR 8 ou FTE BR 9, sempre se baseando
na concentração de B do produto (de 1,0 a 2,0 g de B/cova).
Adubação
via irrigação
A adubação via água de irrigação ou fertirrigação visa
atender a demanda por nutrientes das culturas de forma mais aproximada com os
períodos de maior exigência de um determinado nutriente, com menores perdas por
processos de lixiviação, fixação e volatilização, aumentando a eficiência do
processo de adubação.
Porém, assim como os fatores que influenciam os atributos de
irrigação são monitorados, devem-se acompanhar os atributos nutricionais das
plantas para adequação do esquema de fertirrigação, já que as condições
edafoclimáticas são variáveis para cada local e a planta é a expressão viva
destas variações e de todas as interações que ocorrem com o ambiente.
As fontes de fertilizantes nitrogenados mais utilizadas são ureia,
sulfato de amônio, nitrato de amônio e a solução líquida ‘uran’. Para o
fósforo, as principais fontes de fertilizantes utilizadas via água são o
fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e o ácido fosfórico. Na
escolha da fonte de P, deve-se atentar para o risco da precipitação de
fosfatos, devendo-se avaliar as condições da água de irrigação quanto aos
teores de Ca e o pH. Quanto ao potássio, as fontes mais utilizadas são o
cloreto de potássio branco e o nitrato de potássio.
Os intervalos de aplicação dos fertilizantes devem ser
ajustados de acordo com a resposta do mamoeiro e a economicidade do processo. A
frequência normalmente é semanal e o parcelamento é realizado de forma a seguir
a marcha de absorção dos nutrientes.
Deve-se estar atento sempre para utilização no esquema de
adubação de fontes que contenham enxofre, de modo a equilibrar as relações
entre Cl– e SO4-2 e não provocar deficiências
de S pelo uso exclusivo de adubos concentrados.
Dessa forma, essas
recomendações, quando seguidas corretamente, tendem a otimizar a produtividade
da cultura, pois mantêm ou melhoram as qualidades físicas, químicas e
biológicas do solo, aumentando a sua capacidade de sustentar a produção do
pomar de mamão por maior tempo.