Harianna Paula Alves de Azevedo
Professora adjunta – Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais (Facica)
harianna_tp@hotmail.com
O pepino (Cucumis sativus), embora seja um vegetal de origem indiana, é um alimento presente nas mesas das pessoas em diversos países. Tem alto teor de água na composição, vitaminas, carboidratos, gorduras e minerais.
É ótimo para consumo in natura e em conservas, além de ser um ótimo aliado em cosmética. É da família das cucurbitáceas, assim como a melancia, o maxixe, o chuchu e abóboras. Há quatro tipos de pepino, sendo os mais consumidos no Brasil o “caipira”, “conserva”, “aodai ou comum” e “japonês ou aonaga”.
O maior produtor mundial é a China, com mais de 72 milhões de toneladas. No Brasil, os maiores Estados produtores são: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, que correspondem a 78% do total comercializado nacionalmente, sendo que a produção anual brasileira de pepino ultrapassa 200.000 toneladas.
Viabilidade
A cultura tem se mostrado lucrativa, uma vez que os custos não são elevados. Além disso, muitos produtores utilizam a rotação com tomate e pimentão, sendo que as estruturas já usadas para essas duas culturas podem ser aproveitadas para a produção do pepino.
O cultivo em campo aberto é mais barato, porém, quando se compara com a qualidade dos pepinos produzidos em estufas, consegue-se um melhor preço, valendo o investimento nas estruturas. E, em se tratando dos cultivos orgânicos, o custo com as adubações é baixo. Não necessita muita mão de obra, e a colheita é simples.
É um produto fácil de se comercializar, com oportunidades de exportações do pepino em conserva. Também está aumentando a procura do pepino gourmet (variedades holandesas), e mesmo com um maior custo de produção, o valor do produto compensa. Além disso, é um vegetal bastante demandado pelas redes de fast food.
Condições para o plantio
O pepino é uma espécie de clima subtropical, com preferências por clima quente, não suportando temperaturas muito baixas. Em locais com esse tipo de clima, o ideal é fazer o plantio em estufas para o controle das temperaturas durante o inverno.
No Brasil, a maioria dos produtores faz o plantio de maneira direta, porém, com a ascensão dos cultivos orgânicos a cultura tem sido implantada por meio de mudas para garantir uma melhor qualidade e elevado vigor.
Mudas orgânicas
A produção de mudas de pepineiro é uma etapa crucial para o seu desenvolvimento a campo. Para as mudas das cultivares de pepino do Grupo aodai e caipira, a associação de substrato ⅓ vermiculita, ⅓ esterco bovino e ⅓ esterco aviário, dentro de ambiente protegido, favorece o melhor desenvolvimento de plântulas de pepino.
São utilizados diversos tipos de bandejas para a produção das mudas em larga escala, porém, a principal é composta por 128 células de 34,6 cm³ e formato piramidal invertido para evitar o enovelamento das raízes, garantindo a produção de grande número de mudas por metro quadrado, com pequeno volume de substrato, assim, reduzindo os custos iniciais da cultura.
Solos
A planta de pepino adapta-se melhor em solos de textura média, com alta porosidade e permeabilidade. Solos muito argilosos prejudicam o desenvolvimento do sistema radicular.
A faixa de pH ideal para o cultivo varia de 5,5 a 6,8, sendo recomendada a saturação por bases de 80%. A adubação orgânica deve ser aplicada na dose de 30 t /ha de esterco bovino, 8,0 t/ha de esterco avícola ou 2,5 t/ha de torta de mamona fermentada. O ideal é que sejam aplicadas de 20 a 30 dias antes da semeadura ou transplantio das mudas.
Condução
A cultura do pepino pode ser conduzida na forma rasteira ou tutorada. O espaçamento para a cultura rasteira, com frutos destinados ao consumo in natura, pode ser em espaçamento de 1,5 x 1 m, com duas plantas por cova.
No plantio para pepino industrial, o espaçamento indicado entre linhas é de 1,0 m e entre covas de 0,3 a 0,4m, sendo recomendadas três plantas por cova. Em cultivo tutorado, o espaçamento recomendado é de 1,0 m entre linhas e 0,4 a 0,6 m entre plantas, sendo recomendada apenas uma planta por cova.
Em campo, para o tutoramento do pepino são utilizadas estacas de bambu rachadas ao meio, com 1,7 m de altura em forma de “V” invertido. A cada 2,0 a 3,0 m é colocado um mourão para a sustentação, na extremidade é esticado um fio de arame, nº 14 ou 16, os quais dão suporte aos bambus.
Quando é feito o plantio em ambientes protegidos, é utilizada uma linha disposta na posição vertical ou arames horizontais sustentados por armações metálicas.
Irrigação
A planta de pepino é bastante exigente em água, sendo a deficiência desse fator bastante limitante para a produção. Em plantios orgânicos, tem a vantagem de as adubações orgânicas utilizadas melhorarem a estrutura do solo quanto à retenção de água.
Em plantios realizados em épocas secas, há a necessidade de fazer a irrigação das plantas. Com a irrigação, garante-se a renda do produtor em situações de secas prolongadas, e em regiões que sejam desfavoráveis para o plantio, como o Norte de Minas de Gerais, onde vêm crescendo os plantios da cultura.
Quando o plantio é realizado em campo aberto, o sistema de irrigação mais utilizado é o de aspersão. Para os cultivos protegidos, com o gotejamento se consegue melhores resultados, pois fica localizado no sistema radicular. Assim, há melhoras quanto à incidência de doenças, além de economizar água.
Fitossanidade
Quanto ao manejo e controle de pragas e doenças, o pepino orgânico não apresenta sérios problemas fitossanitários, pois todas as práticas empregadas nesse sistema contribuem para a maior resistência das plantas.
Colheita
A colheita deve ter início entre 60 e 80 dias, após a semeadura, dependendo do tipo empregado, prolongando-se por dois meses. Colheitas frequentes estimulam a produtividade.
Dessa forma, torna-se vantajoso fazer, pelo menos, três colheitas por semana. A lavoura irrigada começa a produzir 30 dias depois do plantio e a safra dura cerca de 60 dias, com colheitas diárias nesse período.
Infelizmente, a cultura do pepino ainda é carente de informações técnicas de qualidade e confiança. Os produtores ainda precisam que sejam realizadas pesquisas acerca de diversos fatores de produção, principalmente para os cultivos orgânicos, para melhoria de cultivo e produtividade.