A calculadora tem o objetivo de auxiliar no cálculo de dimensionamento da área de plantio de bambu necessária para capturar determinada quantidade de CO2 a ser compensada. O dispositivo foi desenvolvido durante quatro meses e pode ser aplicado para o dimensionamento da área para plantio de bambu, para o auxílio na tomada de decisão, para o cadastro de outras espécies de bambu, para o levantamento de potencial utilização do bambu para bens e consumo e ainda para simulações.

O projeto, concluído no dia 29 de julho de 2022, foi proposto pelo pesquisador Elias Barros Santos para a disciplina Resolução de Problemas Via Modelagem Matemática do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — campus de São José dos Campos (SP), ministrada pelo professor Luiz Leduíno Sales Neto. Participaram do projeto os estudantes do ICT/Unifesp Carlos César Minoru Imaniche, Daniel Meireles Meira e Jacqueline Komatzu Huayanca.

Segundo Santos não foi encontrada nenhuma ferramenta voltada ao uso das plantas para compensação de dióxido de carbono. “Encontramos ferramentas similares, porém, com focos diferentes. Por exemplo, encontramos um site rico em informações de diversas espécies de flora e fauna brasileira, mas focado em aspectos biológicos. Encontramos ainda outras plataformas com foco na recomendação da espécie ideal de acordo com as condições do ambiente e cuidados exigidos”, afirma o pesquisador.

O grupo escolheu focar no plantio de bambu por ser pouco exigente com relação ao ambiente de cultivo (condições climáticas e de solo), o que se torna uma vantagem para o(a) agricultor(a). Além disso, por ser uma gramínea de crescimento acelerado, o que a diferencia das demais plantas no processo de fotossíntese, absorve maior quantidade de CO2, auxiliando no controle dos gases de efeito estufa na atmosfera. “Trata-se de uma alternativa natural em comparação com algumas tecnologias artificiais com essa mesma finalidade, as quais consomem muita energia durante a sua produção, sendo um dos setores da economia de maior emissão de CO2. O bambu é uma excelente alternativa para a compensação de CO2 e, ao mesmo tempo, pode ser usado de forma mais consciente em diversos setores da economia”, explica Santos.

A planta possui diversos destinos possíveis, entre eles a alimentação (brotos); o setor têxtil (biopolímero com propriedades antibacterianas); a construção civil (bambu laminado e bioconcreto) e a extração de celulose (produção de papéis, filtros, embalagens, sacarias etc.).

A calculadora também disponibiliza um formulário colaborativo para que os(as) pesquisadores(as) possam cadastrar espécies de bambus e enviar informações como tribo, gênero, taxa de sequestro de carbono, localização em que a taxa foi medida, regiões de ocorrência da espécie e se a mesma é endêmica no Brasil. Na mesma plataforma, foram elaborados painéis de indicadores com a situação atual e a projeção para 2023 da emissão e remoção de CO2 na cidade de São José dos Campos (SP), a fim de expor o tamanho do desafio de sequestro de CO2 nesta região.

Para o desenvolvimento da calculadora foi utilizada a plataforma do Google Data Studio com a finalidade de realizar painéis interativos e relatórios que inspiram decisões de negócios mais inteligentes, além de ser fácil e gratuita. O(A) usuário(a) alimenta a ferramenta com dados como quantidade de CO2 a ser compensada, a seleção das espécies de bambu e a área disponível para plantio. O dispositivo devolve como resposta informações referentes à quantidade total de carbono no CO2, área necessária para compensação e quantidade de biomassa estimada de bambu que será gerada para realizar todo o sequestro de CO2. Também compara a sua capacidade de área disponível para o plantio com a área necessária para a produção de bambu. Para melhor visualização da área, ela a converte em campos de futebol.

“Certamente há diversas outras medidas necessárias para controlar as mudanças climáticas do planeta. Por isso, a importância da divulgação de todas elas, aumentando as chances de aderência às soluções sustentáveis, tal como o maior uso do bambu na economia circular”, destaca Santos. A calculadora será disponibilizada em breve ao público.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br