Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da empresa Resíduo Zero Agro
vermelhonatural@hotmail.com
A fertirrigação por gotejamento é hoje considerada uma prática corriqueira e indispensável na cultura do morangueiro, mas existem alguns aspectos que são fundamentais para a o seu bom funcionamento.
Nos sistemas de produção no solo, devem-se adotar equipamentos que medem a umidade em profundidades diferentes, permitindo que ocorra o molhamento adequado. Nos sistemas fora de solo, o molhamento requer cuidados especiais.
Um substrato adequado possui seu volume de parte sólida, capacidade de retenção de água e de aeração, normalmente correspondente, respectivamente, a 50%, 20% e 30% do volume total do substrato.
No caso da retenção de água, existem as quantidades de água total e a de água facilmente disponível pela planta, que em um substrato adequado pode considerar que corresponde a 10% do volume total.
Irrigação
Desta água facilmente disponível pela planta, deve-se iniciar a irrigação quando reduzir em torno de 10% do seu volume original. Por este motivo, os intervalos de irrigações ao dia são altos, podendo ser comumente de quatro a cinco vezes.
O tempo de irrigação ocorre até o substrato chegar a sua saturação, acrescido de 20%, correspondente à perda de solução nutritiva na drenagem, com o intuito de manter as concentrações e a relação entre os nutrientes dentro do substrato adequadas.
Túneis
Os microtúneis são fundamentais para a redução de tratamentos fitossanitárias, especialmente em regiões de alta precipitação pluviométrica. Existem os microtúneis no solo e os elevados, utilizados nos sistemas fora de solo ao acoplados às estruturas de sustentação dos slabs.
Os microtúneis elevados se apresentam como uma opção de menor custo de implantação às tradicionais estufas. Suas vantagens em relação às estufas estão relacionadas às temperaturas internas inferiores e à possibilidade de circulação de tratores de pequeno porte entre os micros tuneis.
Quando instalados com corredores entre estruturas suficientemente largas para a mecanização da operação, esta prática facilita os tratos culturais, principalmente os tratamentos fitossanitários mecanizados. A desvantagem é a maior ocupação de área, a incapacidade de fazer os tratos culturais em dias de chuva e a dificuldade de colocação de telas antipássaros.
Inovações
Os sistemas fora de solo foram a maior inovação da cultura do morango nos últimos anos, tendo se adaptado extremamente bem à cultura, tornando-se preferencial em algumas regiões, podendo chegar a 85% da área cultivada.
Suas principais vantagens são a possibilidade de cultivar em áreas consideradas inaptas à agricultura, com boa ergonomia, facilitando os tratos culturais e aumentando o número de plantas que um colaborador pode manejar.
Ainda, reduz os problemas de doenças de solo, aumenta o período de vida útil da lavoura, permite um aumento da densidade de plantas por área e elimina a rotação de culturas, reduzindo a necessidade de área cultivada e viabilizando a instalação de infraestrutura permanente próxima às lavouras. Também melhora a eficiência do sistema de fertirrigação, aumentando a produtividade e a qualidade do fruto.
A desvantagem é o maior custo inicial de implantação.
Em destaque
Outra inovação crescente no momento é a utilização de controle fitossanitário biológico e de agentes biológicos no manejo da fertirrigação. Com o controle biológico em sistemas fora de solo, estão sendo desenvolvidas tecnologias que permitirão a redução do controle químico em 90%, minimizando os custos, reduzindo os riscos aos colaboradores e aumentando a apreciação dos consumidores.
Agentes biológicos estão sendo utilizados junto ao sistema radicular, em forma de simbiótica ou não, otimizando o desenvolvimento da planta, reduzindo os danos por estresse hídrico, a defesa contra patógenos de solo e atuando como facilitador de absorção de nutrientes, diminuindo a necessidade de utilização de adubos, tanto químicos como orgânicos.