Estufa ou casa de vegetação?

Estufa ou casa de vegetação?

Estufa, casa de vegetação ou até mesmo cultivo protegido são em grande parte sinônimos. As estufas foram criadas com a finalidade de proporcionar um ambiente onde a temperatura interna seja mais alta que a externa. Tanto a necessidade quanto o conceito de estufa surgiu nos países com clima temperado, de inverno mais rigoroso. 

Essa tecnologia possibilitou que algumas espécies exóticas fossem cultivadas em regiões onde sua adaptação seria impossível ou muito difícil. A aristocracia de muitos países foi responsável pela construção de estufas para uso privado. Muitas vezes com a finalidade de funcionarem como recantos para lazer e atividades artísticas.

As estufas tiveram sua origem nos jardins de inverno. Estes são recantos tipicamente utilizados para a produção de gêneros não adaptados ao clima e que não sobreviveriam à situações de clima extremo. Além disso, os jardins de inverno têm a importante função de trabalharem como áreas sociais essenciais. Estes são, portanto, redutos onde podem ser cultivadas plantas tanto para apreciação, permitindo o contato de pessoas que jamais veriam algumas variedades nas localidades onde vivem, como também servir de campo experimental para técnicas de cultivo, adaptação e melhoramento genético.

Quando usar cultivo protegido

O cultivo protegido é especialmente importante em 6 situações básicas:

  • culturas muito sensíveis;
  • produtos com alto valor agregado;
  • regiões de clima rigoroso (muito frio ou árido);
  • plantas exóticas não adaptadas ao clima local;
  • testes e seleção genética;
  • produção de mudas.

Importância histórica

Casas de vegetação são a mais nova versão, produtiva, das antigas estufas. Estas, ao se popularizarem na Holanda, tornaram-se bastante importantes para a produção de diversos gêneros alimentícios, sendo especializadas na produção de hortaliças, que são muito valorizadas em países frios.

A estufa tem a principal função de armazenar calor, por isso são mais comuns em regiões com inverno mais agressivo. Em regiões quentes busca-se trocar calor, ou seja, reduzir a temperatura interna. Nessas situações são mais comuns as casas de vegetação com sistemas de resfriamento, especialmente para as situações de picos de calor no verão.
Botanical Garden, Genebra, Suíça

Filoxera e as uvas

A praga filoxera-da-videira é responsável por grande euforia na europa todas as vezes que faz uma aparição. Desde o fim do século 19, quando apareceu no velho mundo, a destruição causada por essa praga é um grande perigo e dizimou campos inteiros de produção de uvas, levando a produção de vinho européia a à patamares calamitosos.

A filoxera provavelmente foi levada por engano das américas para a europa, junto de plantas nativas americanas. Ao chegar no continente europeu encontrou facilidade em atacar as videiras e proliferou. Esses ataques dizimaram vastas regiões e, nesse surto inicial, toda a produção de uvas Carménère foi destruída e essa variedade foi considerada extinta.

Para se ter ideia, em um dos surtos de filoxera, a europa perdeu cerca de 40% de sua produção de uvas. Essa perda é bastante significativa, especialmente quando se considera a importância econômica e cultural que o vinho possui em muitos países.

Caso da Uva Carménère 

Uva originária da região de Médoc considerada extinta, redescoberta no Chile. Provavelmente as cepas chilenas foram levadas no meio de Merlots, por engano. No entanto, em meados da década de 1990, um especialista em uvas percebeu uma inconsistência na produção de Merlot. Ao averiguar esse problema, constatou a presença não proposital de Carménères em meio à produção de Merlot.

Depois de ter sido considerada extinta por mais de um século, depois de um surto de Filoxera, a Carménère ressurgiu de forma inesperada, para abrilhantar prateleiras de supermercados ao redor do mundo. Esse caso é um exemplo de como o cultivo de plantas exóticas pode ser essencial para a manutenção de variedades e espécies ao redor do mundo.

O cultivo “em cativeiro” pode ser considerado uma forma de conservação da genética e proteção de variedades. Além disso, o cultivo protegido também é uma importante forma de evitar que toda a produção de determinada variedade ou gênero esteja completamente vulnerável ao ataque de uma nova praga ou doença.