Cheiro da morte: primeira flor-cadáver desabrocha em Nova York desde 1939

Cheiro da morte: primeira flor-cadáver desabrocha em Nova York desde 1939

      As flores são verdadeiras obras-primas da natureza que fascinam não só os insetos e outros animais para a função de polinização, como também os seres humanos.  Nós comercializamos, estudamos, ou, simplesmente, admiramos as belezas e características de cada espécie. Mas nem sempre há tanta beleza ou bons aromas a serem contemplados, e a flor-cadáver é um exemplo de que “nem tudo são flores” no reino da botânica.

      Em um momento raro, recentemente um exemplar dessa espécie desabrochou no Jardim Botânico de Nova York. A flor-cadáver ficou totalmente aberta em 29 de julho e atraiu quase 9 mil visitantes apenas nesse dia.

      Entretanto, não são as cores nem muito menos o cheiro gostoso que atrai as pessoas. Pelo contrário: de acordo com o site Live Science, é justamente um “odor podre” que faz essa espécie ser tão atrativa.

      A Amorphophallus titanium, ou flor-cadáver, leva o apelido em função do cheiro de carne podre que emite para atrair insetos, como moscas e besouros, a fim de garantir a polinização para se reproduzir. Aparentemente, o odor é realmente muito ruim e não se permite ser associado a nada que não seja “morto”.

      O cheiro desagradável só aparece nos períodos em que a flor desabrocha, o que pode levar vários anos para acontecer.

      A flor-cadáver é originária da Sumatra, na Indonésia, e é rara. A espécie está ameaçada de extinção em função dos desmatamentos das florestas tropicais. Apresentando centro amarelo com pétalas roxas, é uma das maiores espécies de flores do mundo, podendo chegar a medir quase 2,5 metros de altura. Quando ela desabrocha, na primeira noite, a planta tem a capacidade de aumentar a temperatura de sua parte amarela, chegando aos 36,6 graus Celsius, para ajudar na propagação do mau odor, segundo informações do setor de Ciências Biológicas da Universidade de Ohio.

      A grande flor gerada pela Amorphophallus concentra uma enorme quantidade de energia, fato que explica o tempo esparso de desabrochamento. E quando a planta atinge esse estágio, não demora muito para a flor morrer e ela voltar à sua forma comum, que é bastante simples. Durante a maior parte da vida de uma flor-cadáver, sua aparência é bem sutil e repete ciclos. Por exemplo, no primeiro ano e meio de vida, enquanto a raiz cresce, só é possível observar uma pequena folha na superfície.

      Após cada folha que morre, a planta fica dormente por seis meses até que uma nova folha apareça.  Assim, vai repetindo ciclos até que a primeira flor desabroche, o que é impossível prever, mas que há registros de que pode levar até 10 anos para acontecer. E isso é tudo o que se sabe sobre as flores-cadáver, pois não se tem muitos estudos sobre essa espécie justamente pela imprevisibilidade de seu ciclo de vida.

      Não se sabe quantos exemplares ainda restam, o quanto vivem, quantos anos elas precisam ter para que desabrochem, bem como com que frequência e em que época do ano isso acontece.

      O vídeo abaixo, gravado em time lapse, mostra os 13 dias que a flor ficou em exposição no Jardim Botânico de Nova York.

      O feito merece atenção por ser a primeira vez que a flor-cadáver desabrocha no local desde que uma muda chegou, em 1939. “De certa forma, me lembra da emoção de assistir a um filme de terror”, disse Marc Hachadourian, diretor das estufas do Jardim Botânico de Nova York.

      Foi o dia mais movimentado da história do Jardim Botânico, já que acompanhar uma flor-cadáver aberta de perto é algo raro. O cheiro fétido de carniça podre, segundo contam, é inesquecível, e é justamente isso que atrai tantos curiosos. “A expectativa de uma fragrância horrível é realmente emocionante para um monte de gente”, explicou Hachadourian.

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Fonte – Mega Curioso