Controle das pragas e doenças do abacateiro

Controle das pragas e doenças do abacateiro

Bruna do Amaral Brogio
Doutoranda em Fitotecnia – Departamento de Produção vegetal – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São Paulo – ESALQ/USP
brunabrogio@usp.br
Simone Rodrigues da Silva
Doutora e professora – ESALQ/USP

As principais pragas do abacateiro são: broca ou
lagarta-do-fruto (Stenoma catenifer),
principal praga no Brasil; bicudo do abacateiro (Heilipus catagraphus; Heilus
spp.) e carunchos (coleobrocas), lagartas, ácaros (Oligonychus yothersi; Oligonychus
persea
), tripes, percevejos e formigas.

Já as principais doenças que atingem os abacateiros são:
podridão radicular ou gomose (Phytophthora
cinnamomi
), principal a nível mundial e no Brasil, antracnose (Colletotrichum gloeosporioides),
cercosporiose (Cercospora purpurea),
verrugose (Sphaceloma perseae) e
oídio (Oidium perseae).

Prejuízos

Tanto as pragas quanto as doenças podem acarretar diminuição
da produtividade da cultura e também a desvalorização do fruto, devido à sua
aparência externa estar prejudicada por sintomas do ataque de pragas ou
doenças.

Os principais sintomas são:

Broca do fruto Sintomas de danos causados na casca do fruto.
Bicudo do abacateiro e carunchos Lesões nos troncos, formações de galerias, seca de galhos e frutos novos perfurados.
Lagartas Folhas perfuradas.
Ácaros e tripes Bronzeamento de folhas e frutos.
Percevejos Frutos manchados ou mal formados.
Antracnose, cercosporiose e verrugose Frutos manchados.
Podridão radicular As folhas vão murchando, caindo aos poucos, podendo ocorrer a seca total da galhos e ramos e a consequente morte da planta.

Influência
direta

A ocorrência de pragas e doenças nos abacateiros são
dependentes de condições climáticas favoráveis, como temperaturas, UR e chuvas;
das diferentes fases de desenvolvimento da cultura; do tipo de solo da região
e, principalmente, do manejo fitossanitário utilizado no pomar.

Por esse motivo, é importante lembrar que o manejo integrado
(químico, cultural e biológico) é o mais recomendado para o controle de pragas
e doenças em abacateiros.

Controle

O manejo integrado faz uso de todas as técnicas de controle
disponíveis e objetiva manejar a cultura de uma forma que as plantas possam
expressar sua resistência natural, reduzindo os efeitos sobre os organismos
benéficos.

Para isso, existem diversas opções de controle disponíveis:

  • Controle cultural: catação e derrubada de frutos doentes, que podem ser fonte de inóculo no pomar; uso de podas para iluminar e arejar o pomar; manutenção da limpeza do pomar, como eliminação de troncos, galhos e restos de poda e frutos.
  • Controle biológico: uso de produtos biológicos, como Bacillus thuringensis, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae, Trichoderma harzianum, Bacillus subtilis, Trichogramma spp. e ácaros predadores.
  • Controle químico: procurar utilizar produtos que sejam inócuos aos inimigos naturais e abelhas, seguir corretamente a recomendação do fabricante quanto à dose do produto, volume de calda e horário de aplicação. Produtos registrados para a cultura estão disponíveis no portal do Agrofit, que pertence ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Cuidados

O monitoramento das populações de pragas e doenças é a chave
para o controle fitossanitário. Entender o comportamento destes indivíduos
direciona os produtores na tomada de decisão para o controle, como por exemplo,
a adoção de armadilhas caseiras para o monitoramento de mariposas e besouros.

Assim como qualquer outra cultura, o abacateiro necessita de
certos cuidados para o seu bom desenvolvimento e produtividade. Para evitar
problemas fitossanitários, é necessário que a planta esteja em sua melhor
condição de cultivo. Para isso, o manejo integrado é fundamental.

Assim, deve-se realizar um bom manejo de solo (gessagem; uso
de coberturas; plantio consorciado com outras culturas); eficaz controle de
plantas daninhas, as quais podem ser hospedeiras de pragas e patógenos; bom
manejo da adubação, pois é essencial manter o correto balanço nutricional das
plantas, afim de evitar a suscetibilidade dos abacateiros a pragas e doenças; podas,
para um bom arejamento do pomar; evitar ferimentos em troncos e raízes, pois
são ‘portas de entrada’ de patógeno oportunistas e pragas; limpeza do pomar,
como recolhimento de frutos caídos ao chão após abscisão e restos de podas; uso
de defensivos agrícolas de acordo com a recomendação do fabricante,
alternando-se o princípio ativo e evitando-se misturas, o que consequentemente
prejudica inimigos naturais e seleciona indivíduos resistentes, além de ajustar
o pH e o tamanho das gotas das caldas agrícolas.

Deve-se, ainda, evitar o uso de calendários de
pulverizações, que deve ser feito de acordo com a época específica de cada
praga ou patógeno. Realizando o manejo integrado é possível minimizar os danos
e os custos causados por problemas fitossanitários.

Técnicas
e produtos inovadores

O uso do controle biológico vem crescendo na cultura do
abacateiro. Esta é uma ferramenta que favorece o estabelecimento de inimigos
naturais e evita o uso indiscriminado de inseticidas. Alguns produtores de
abacate já fazem o uso do Trichograma
spp para o controle de broca do fruto (principal praga da cultura).

O Trichograma spp é uma espécie de vespa que realiza sua oviposição no interior dos ovos da lagarta-do-fruto do abacateiro, quando estes ovos eclodem, gera uma nova vespa de Trichograma spp e não mais uma lagarta (broca) do abacateiro, mantendo-se assim o seu ciclo de vida no pomar de forma equilibrada e controlando a broca.

Erros

Os erros mais frequentes no combate a pragas e doenças é o
uso incorreto dos defensivos, não respeitando as recomendações do fabricante,
como dose do produto e as condições climáticas apropriadas para aplicação, não
dando importância ao preparo da calda.

Muitas vezes não se faz o rodízio dos ingredientes ativos, o
que favorece a seleção de patógenos e pragas resistentes, além da falta do
manejo integrado entre controle químico, cultural e biológico. Para evitar tais
erros, deve-se seguir as recomendações da bula dos defensivos e também ter o
auxílio de um profissional especializado para indicar as melhores formas de
controle.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br