É possível reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) pela pecuária colocando em prática duas estratégias já disponíveis no mercado nacional: o manejo adequado do pastejo e a introdução de espécies mais produtivas, nutritivas e palatáveis.
Segundo o engenheiro agrônomo, gestor ambiental e Mestre em Agronomia Edson José de Castro Júnior, essas duas ferramentas de descarbonização, como é chamado esse processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, também geram retorno financeiro ao pecuarista.
“Um pastejo bem manejado tem capacidade de fornecer ao animal um alimento de mais qualidade nutricional, ao respeitar aspectos morfológicos da planta e considerando que o animal é um selecionador de plantas para a sua alimentação”, afirma o especialista, que é coordenador técnico da Wolf Sementes.
Segundo estudos da Embrapa Pecuária Sul (leia aqui), o animal em um pasto bem manejado na altura correta, o que é feito pelo próprio pastejo do rebanho, emite 30% a menos de gás metano em seu processo digestivo.
Ao lado do gás carbônico (CO₂) e do óxido nitroso (N₂O), o metano é um dos responsáveis pelo efeito estufa.
“Se não executamos o manejo adequado permitimos, por exemplo, que o animal coma um alimento com menor qualidade nutricional, com mais talo e menos folhas, emitido mais metano, comparado a uma pastagem bem manejada por altura”, atesta.
Enfim, ele destaca que “uma vez adequado esse manejo, independente do sistema ser rotativo ou contínuo, o pecuarista, além de conseguir dar o melhor da forrageira ao seu rebanho, obterá melhor resultado econômico e ambiental.”
Melhoramento genético da pastagem
As variedades de forrageiras mais tolerantes a estresses ambientais e com maior potencial de produção de massa são as que oferecem ao produtor maior rentabilidade econômica e ambiental.
“Quanto maior o potencial de produção de massa da cultivar ou híbrido, maior o potencial de fixação do carbono da atmosfera e convertido, ou em matéria orgânica ou em produto para a alimentação animal”, explica Edson Castro Junior.
O híbrido de braquiária líder de mercado, o Mavuno, produzido pela Wolf Sementes, se destaca justamente pela produção de massa seca ao ano de 30 a 50% superior ao Marandu, cultivar que atualmente é a mais plantada do Brasil, presente em mais de 40% das pastagens.
Investimentos necessários
“Uma vez bem manejado o pastejo, que é uma boa prática para se aplicar no dia a dia da fazenda, o próximo passo é investir em tecnologia, obter um material com alto potencial produtivo”, relata o coordenador técnico da Wolf.
“No manejo do pasto o pecuarista irá utilizar elementos que possui já na propriedade, muitas vezes sem fazer investimento na aquisição de insumos ou em infraestrutura. No caso de pasto rotacionado, terá, por exemplo, de dimensionar quanto colocará de gado em cada piquete e movimentar os animais entre esses piquetes conforme a produção da forrageira respeitando altura de entrada e saída recomendados”, diz.
As práticas corretas fazem com que a forrageira fixe mais carbono na produção de massa seca. “Com isso, se cria também possibilidade para o mercado de carbono”, destaca, lembrando que o mercado potencial de carbono da pecuária é gigantesco diante a comparação com a agricultura.
Já no caso das cultivares mais produtivas, o retorno do investimento financeiro vem rápido.
“O Mavuno, que é mais tolerante às adversidades, quando adequadamente manejado, entrega retorno ao pecuarista na mesma safra”, afirma Edson Junior. “A ciência não está distante do que acontece da realidade na ‘porteira para dentro’. Basta o produtor querer, se capacitar e colocar o conhecimento em prática”, finaliza ele.