Manejo das estufas agrícolas

Manejo das estufas agrícolas

Luis Lessi dos Reis
Doutorado em Horticultura – ESALQ e professor – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Ifsuldeminas
luis.reis@ifsuldeminas.edu.br
José Augusto Pereira Neto
Graduando em Agronomia – Ifsuldeminas
joseaugustoap37@gmail.com

Adotar o sistema de cultivo protegido é muito mais que oferecer somente cobertura às plantas. Para proporcionar o máximo desenvolvimento, produtividade, redução de perdas e elevada qualidade do produto final, é de suma importância conhecer a cultura e suas exigências a fim de atender suas necessidades fisiológicas.
Qualquer tipo de sistema de cultivo demanda um nível de conhecimento técnico adequado, e neste não seria diferente, pois existem diversos manejos a serem realizados que são diferentes dos realizados a campo.
Algumas práticas que são adotadas em estufa, como adensamento de plantas, proporcionam condições favoráveis para proliferação de doenças, deixando as plantas vulneráveis a esses ataques severos.
É de suma importância o conhecimento técnico para identificar e apontar o manejo adequado.

Salinização

Por volta da década de 1980, foi identificado que muitos produtores que realizavam o cultivo por três anos no mesmo local não conseguiam alcançar a produtividade e qualidade dos anos iniciais.
Por conseguinte, gerou diversas pesquisas para conseguirem sanar tal problema. Foi possível identificar que tal problema estava inteiramente ligado à falta de conhecimento técnico, gerado por práticas inadequadas na adubação.
Ao longo do tempo, com cultivos sucessivos no mesmo local, ocorria a salinização do solo pelos fertilizantes. Não é o sistema que saliniza o solo e sim o manejo inadequado dos produtores, que não possuem orientação técnica adequada.
O excesso de salinidade no solo pode causar desequilíbrios nutricionais nas plantas e provocar perdas importantes de produtividade e qualidade do produto. Sendo causado pela adubação, muitos fertilizantes possuem em sua composição uma quantidade de sal, e o excesso deste causa diversos prejuízos às plantas.
Os principais sintomas são: dessecamento dos ápices das folhas, redução do crescimento, menor tamanho dos frutos, maior suscetibilidade a certas doenças, podendo até mesmo provocar a morte da planta.

Como evitar erros

Para que se tenha um cultivo de sucesso, é necessário seguir as recomendações técnicas de um engenheiro agrônomo, tais como localização da estufa, tipo de cultivo, turno de rega, espécie a ser cultivada, manejo a ser adotado, entre outros fatores.
O sucesso requer conhecimento técnico no assunto, pois são muitas variáveis que mudam a cada região, não sendo possível descrever o cultivo como uma ‘receita de bolo’.

Filmes plásticos

A produtividade de uma cultura, além de estar diretamente relacionada à sua expressão genética, também está ligada à sua eficiência de aproveitamento da radiação solar interceptada.
Os filmes plásticos têm como finalidade proteger o cultivo de intempéries climáticos, proporcionando um microclima às plantas, favorecendo a difusão da luminosidade externa.
Sendo composto por diversos materiais, com diversas finalidades, é necessário muita atenção na escolha do material, pois cada cultura exige um microclima específico para desenvolvimento.
No Brasil, o filme mais utilizado é o ‘difusor de luz’, sendo composto por aditivos específicos que elevam a difusão da radiação incidente, tendo como finalidade otimizar a radiação dentro da estufa.
A seguir, descreveremos os principais materiais para a confecção de filme plástico e novas tecnologias no setor.

Polietileno

O polietileno traz muitos benefícios, que fazem dele o material mais utilizado em estufas agrícolas. Por ser um plástico de baixo custo e durabilidade, é indicado para quem pretende investir pouco ou construir estufas sazonais, que irão permanecer pouco tempo em um determinado local, possuindo uma vida útil de um a dois anos, em alguns casos alcançando até três anos com a manutenção adequada.

Copolímero

O copolímero está um nível acima do polietileno em termos de durabilidade, podendo chegar a até três anos facilmente, antes de começar a se desgastar. O que irá influenciar será a amplitude térmica, pois ele não suporta variação de temperaturas grotescas, e com o tempo fragiliza o material.

Policloreto de Vinila (PVC)

O PVC destaca-se entre as lonas de maior custo no mercado, e é a alternativa adequada para quem preza pela durabilidade. A cobertura desse material pode ser de até cinco anos, caso sejam realizadas as manutenções corretamente.
Os filmes de PVC demandam higienização constante com água e sabão neutros. Ele também precisa estar completamente seco antes de ser colocado de volta na estufa. Mas, possui algumas vantagens, como reter calor por maiores períodos, favorecendo o aquecimento das estufas, mesmo durante a noite. Para locais onde se tem temperaturas amenas à noite, é o material ideal.

Policarbonato

Este filme plástico para estufas é o mais durável de todos. É, na verdade, um plástico duplo, ou com uma parede dupla em plástico polietileno. Pode durar por até uma década, se bem cuidado, além de manter níveis excelentes de calor e umidade para cultivo durante todo o ano.
Sobre todos os filmes plásticos analisados, o mais importante na escolha do material correto se dá pela capacidade de transmissão e difusão de luz.
Para estufas que utilizam filmes plásticos translúcidos, os valores de transmissão de luz variam de 85 a 92%, ocorrendo uma diminuição com o envelhecimento do plástico. Muitas empresas estão apostando em aditivos anti-poeira, cuja finalidade é reduzir a degradação do plástico e evitar o acúmulo de poeira.
Cada região e cultura irá necessitar de um material específico. Podemos citar dois exemplos: o primeiro é um local com pouca nebulosidade e alta radiação, onde é recomendada a utilização de plásticos difusores.
Já em condições de alta umidade e presença de nebulosidade, é ideal a utilização de um material mais claro, facilitando a difusão de luz, já que o fator limitante no local é a luz.

TIPOS DE FILMES PARA AS ESTUFAS
Polietileno: o mais utilizado em estufas agrícolas. Baixo custo e alta durabilidade.
Copolímero: mais durável que o primeiro. Desvantagem: não suporta variação brusca de temperaturas.
Policloreto de Vinila (PVC): lonas de maior custo no mercado, mas é mais durável. Os filmes de PVC demandam higienização constante com água e sabão neutros.
Policarbonato: o mais durável de todos, por ser um plástico duplo. Mantém níveis excelentes de calor e umidade para cultivo durante todo o ano.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br