Minimelancia pode ser produzida em estufas

Minimelancia pode ser produzida em estufas

Rafael Campagnol
Doutor em Fitotecnia – ESALQ/USP e professor adjunto – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
rafael.campagnol@ufmt.br

Ricardo Toshiharu Matsuzaki
Mestre em Fitotecnia – ESALQ/USP e especialista em cultivo protegido
r.matsuzaki@rijkzwaan.com

O mercado de hortaliças é altamente dinâmico, sendo fortemente influenciado pelas preferências dos consumidores, o que pode redirecionar a produção. Nos últimos anos, tem havido uma crescente demanda por produtos diferenciados, que não se limitam à introdução de espécies desconhecidas.

Uma das principais características observadas no mercado atual de hortaliças é a oferta de produtos com variações em tamanho, cor ou sabor em relação ao tradicional.

As minimelancias são exemplos de produtos diferenciados. Com peso variando de 1 a 3 kg, esses frutos atendem às mudanças na sociedade, como famílias cada vez menores. Além disso, as minimelancias podem ser facilmente armazenadas na geladeira, ao contrário das grandes melancias tradicionais. Algumas variedades também se distinguem pelo tamanho reduzido, cor da polpa, ausência de sementes e alta concentração de açúcares, visando atender a mercados exigentes em qualidade e proporcionar bom retorno financeiro ao produtor.

A produção em ambientes protegidos, como as estufas agrícolas, mostra grande potencial para as minimelancias. Nesse ambiente, as plantas são conduzidas verticalmente, aumentando a eficiência do uso da área e podendo elevar a produtividade em mais de três vezes a média brasileira.

Vantagens

O cultivo em estufas agrícolas acelera o desenvolvimento das plantas, permite maior adensamento (até 4,0 plantas m-2) e proporciona produtividades superiores a 80 t ha-1, com peso médio dos frutos de aproximadamente 2,0 kg.

Além disso, como as melancias preferem climas quentes, o cultivo em estufas, especialmente na entressafra, resulta em maior valor de mercado e rentabilidade para os agricultores.

No mercado, há disponíveis diversos híbridos de minimelancias, com variações no formato do fruto, coloração da casca e polpa, espessura da casca, tolerância a doenças, comprimento do ciclo produtivo, ausência de sementes, entre outros.

O cultivo em ambiente protegido normalmente é mais caro que o cultivo em campo, exigindo uma elevada produtividade de frutos de alta qualidade para compensar o investimento. Para isso, é fundamental conduzir as plantas adequadamente, manejar a nutrição e as doenças no momento correto.

Recomendações de plantio

As minimelancias podem ser cultivadas diretamente no solo ou em recipientes, como vasos, canaletas ou sacolas plásticas. Diversas técnicas de condução são possíveis, como poda de folhas, ramos e frutos, para alcançar alta produtividade de frutos com qualidade e padrão comercial adequado.

A estrutura para condução das plantas é semelhante às utilizadas no cultivo de outras culturas tutoradas, podendo ser composta por mourões de madeira, arames de aço, catracas, bambus e fitilhos plásticos.

Deve ter, no mínimo, 2,2 m de altura em relação ao solo para permitir um crescimento vegetativo suficiente para o desenvolvimento de frutos dentro do padrão comercial. Os frutos são sustentados por redes de nylon amarradas (ou ganchos) nos arames intermediários, posicionados a 1,6 m de altura, aproximadamente, sobre a linha de cultivo.

As mudas podem ser produzidas pelos próprios horticultores ou adquiridas em empresas especializadas. O transplante para a área de produção pode ser realizado em linhas simples ou duplas, na densidade de 2,0 a 4,0 plantas m-2. O sistema de condução das plantas pode ser variado, mas é essencial equilibrar a relação entre folhas (fonte) e frutos (drenos) para atender às necessidades produtivas.

Condução no cultivo protegido

Em estufas agrícolas, a principal forma de condução das plantas é no sentido vertical. Para isso, recomenda-se o uso de fitilhos plásticos, de forma semelhante ao sistema usado para cultivo de tomate.

• Plantas conduzidas com uma haste e um fruto conduzido na haste principal: as ramificações secundárias que surgem abaixo do terceiro internódio são eliminadas, e as demais são podadas após o surgimento da terceira folha. O fruto é mantido entre o 8º e o 14º internódio do ramo principal. Embora seja simples, pode gerar frutos um pouco mais leves que outros sistemas.

 • Plantas conduzidas com uma haste e um fruto conduzido na haste secundária: as ramificações secundárias abaixo do terceiro internódio são eliminadas. A planta é conduzida com uma haste principal e um fruto, que será conduzido em um dos ramos secundários que surgirão entre o 8º e o 14º internódio do ramo principal. As demais ramificações secundárias, exceto aquela onde o fruto se desenvolverá, são podadas após a terceira folha. O ramo onde o fruto é mantido deve ser podado uma folha após ele. Esse sistema permite boa produtividade, mas o ciclo produtivo é mais longo.

• Plantas conduzidas com duas hastes e um fruto conduzido na haste principal: a planta é conduzida com duas hastes, sendo uma a haste principal e a outra a primeira ramificação secundária que surgir abaixo do terceiro internódio. As demais ramificações que surgirem das duas hastes conduzidas verticalmente devem ser podadas após a terceira folha, e o fruto é conduzido na haste principal entre o 8º e o 14º internódio.

Próximo passo

Após determinar o sistema de condução das plantas, é essencial mantê-lo ao longo do ciclo produtivo. Para isso, o produtor deve realizar podas e desbrotas periódicas, de acordo com o sistema escolhido.

Os brotos inferiores devem ser retirados no início do desenvolvimento para evitar desperdício de energia e reduzir o volume de material vegetal na casa de vegetação, com frequência de uma a três vezes por semana.

A polinização manual das flores (especialmente em estufas com laterais fechadas, que impedem a entrada de agentes polinizadores) é fundamental para garantir o desenvolvimento adequado dos frutos e evitar a geração de frutos fora do padrão comercial.

As flores femininas e hermafroditas que surgirem entre o 8º e o 14º internódios devem ser polinizadas com o pólen das flores masculinas, esfregando suas anteras (onde se localiza o pólen) nos estigmas das flores femininas. Esse processo deve ser repetido até que todas as flores femininas (entre o 8º e o 14º internódio) sejam polinizadas.

Os frutos devem ser selecionados quando atingirem cerca de 2,0 cm de diâmetro, mantendo apenas um fruto por planta, na posição adequada para o sistema de condução. Frutos de boa qualidade apresentam teor de sólidos solúveis superior a 10%.

A colheita deve ser realizada nas primeiras horas do dia, com cuidado para evitar danos aos frutos, permitindo melhor conservação pós-colheita.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br