Alfaces bicolores são novidade no mercado

Alfaces bicolores são novidade no mercado

Hortaliça classificada como folhosa, de alto consumo e de grande aceitação no mercado nacional e internacional, a alface está entre as folhosas de maior importância econômica e maior consumo mundialmente. No Brasil, é considerada de grande importância entre as hortaliças no que se refere à produção, à comercialização e ao valor nutricional.
Popularmente conhecida, a alface é rica em minerais, vitaminas e proteínas. A principal forma de consumo é in natura, na produção de saladas. O cultivo de alface ocupa mais de 85 mil hectares em todo o Brasil, com produtividade de mais de 1,5 milhão de toneladas por ano, podendo ser cultivada como alface convencional, hidropônica ou orgânica.
Recentemente, os nichos das alfaces especiais vêm ganhando espaço entre os chefs de cozinha e restaurantes. As alfaces bicolores ou coloridas, que dão vida e mais sabor às saladas, tornam-se mais atraentes, principalmente para as crianças.
Essas alfaces especiais vêm se tornando cada vez mais potenciais no mercado, por terem peculiaridades que a diferem da alface tradicional, o que permite ao produtor ter um catálogo maior de variedades e explorar este nicho de mercado, atraindo cada vez mais consumidores e futuros clientes.

Características peculiares

Para o manejo das alfaces bicolores, é necessário adotar técnicas com mais eficiência de uso da água e fertilizantes, visando uma produção tanto em campo aberto como em cultivo protegido.
A coloração das folhas da alface variam desde tons verdes até o roxo, podendo ser classificadas em seis grupos, de acordo com a característica da folha: alface repolhuda lisa ou manteiga; repolhuda crespa ou americana; alface de folhas lisas; alface de folhas crespas e alface romana.
Pode-se destacar que a variedade mais produzida e consumida no Brasil é a alface crespa, com quase 70% de mercado. Mas, também, a produção de alface americana é a mais preferida para a cadeia de fast foods devido à maior resistência ao cozimento e processo industrial.

Mudas e transplantio

A produção de alface é relativamente curta, entre 45 a 60 dias, permitindo que a produção seja realizada o ano inteiro, principalmente nas épocas mais quentes e mais frias do ano, gerando retorno de capital.
Antigamente, era normal o cultivo de alface apenas em regiões de clima temperado, porém, com o avanço do melhoramento genético, hoje é possível cultivar variedades mais resistentes ao calor, sendo possível o cultivo em diversas partes do território brasileiro.
A alface exige temperaturas amenas para seu desenvolvimento, variando entre 20 e 25°C. O cultivo pode ser diretamente em sementeiras ou no canteiro, mas o ideal é o cultivo em sementeiras, primeiramente para garantir melhor desenvolvimento, vigor da muda e maior controle sanitário.
Quando as mudas estiverem com quatro a seis folhas, deve ser realizado o transplante, geralmente 15 dias após o semeio. É importante que o transplante seja realizado nas horas mais frescas do dia (início da manhã ou final da tarde) para garantir que ela não sofra com a radiação solar diretamente.

Adubação

É importante realizar análise de solo da área onde se pretende cultivar alface e com a ajuda de um profissional como engenheiro agrônomo ou técnicos agrícolas, a adubação de forma correta, para garantir os nutrientes necessários para uma boa produção.
Estar atento ao manejo produtivo da alface é fundamental para garantir boa produção e colheita, como exemplo, manejo de pragas e doenças, retirada de sujeiras e plantas daninhas da área.

Sistemas de produção

A maioria dos produtores de alface já investe no cultivo protegido, associado à hidroponia, por possuir controle de temperatura, umidade e nutrientes, facilitando também as aplicações de nutrientes e os tratos culturais necessários.
A planta não tem contato direto com o solo, o que evita o aparecimento de pragas e doenças causadas por ele, além de possuir maior eficiência na aplicação de fertilizantes ou da chamada solução nutritiva.
Atualmente, as alfaces com duas cores são um novo nicho de mercado para o cultivo em sistema hidropônico, sendo um diferencial e destaque de inovação nos mercados de hortaliças folhosas.

Solução nutritiva

No caso do uso do sistema hidropônico para cultivo das alfaces bicolores, o mais comum é o sistema NFT (Nutrient Film Technique). Nele, o fluxo da solução nutritiva é bombeado de um depósito para o perfil hidropônico, o qual deve ser denso e fluir constantemente em contato com as raízes, enquanto outra parte fica livre, em contato com o oxigênio.
O produtor deverá ter um depósito, que podem ser caixas ou reservatórios maiores para colocar a solução nutritiva, sendo importante que seja coberto e opaco à luz, para evitar a formação de algas.
Uma bomba de água para gerar a pressão possibilita que a solução nutritiva chegue ao ponto mais elevado do sistema, e que circule nas bancadas ou canaletas de cultivo, sendo que há a configuração horizontal, que é a mais simples em termos de estrutura, pois só necessita de apoios nas duas extremidades que suportem as calhas, e a tipo cascata, que é mais complexa.
Essas estruturas formam o sistema hidráulico, responsável pelo armazenamento, bombeamento e drenagem da solução nutritiva.

Etapas produtivas

É importante ressaltar que, entre as etapas do cultivo de alfaces bicolores, o preparo e monitoramento da solução nutritiva para a hidroponia é tão importante quanto a escolha das sementes e produção das mudas, pois é por meio da qualidade desta solução que se garante o desenvolvimento saudável das plantas, que retiram da mesma os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento.
Por isso, recomenda-se o uso de produtos de boa qualidade e o alto grau de pureza e solubilidade, para preservar a qualidade da produção.
Outro processo de extrema importância é o monitoramento e correção da temperatura da solução, nível de oxigênio, condutividade elétrica e o pH da solução nutritiva, visando manter a qualidade da solução nutritiva, evitar problemas e, consequentemente, perda de produção.
Estas medições regulares são necessárias para garantir o bom desempenho da cultura durante o cultivo.

Colheita

A colheita deve ser feita no turno mais fresco do dia, de preferência na parte da manhã. A alface é colhida fresca, com folhas atrativas e firmes. Por ser um alimento muito perecível, necessita de cuidados especiais durante a pré-colheita, colheita e pós-colheita.
A colheita depende da cultivar e da época do ano. As alfaces bicolores são caracterizadas por apresentarem pigmentos como clorofila, antocianinas e carotenoides, que são produzidos ao longo do crescimento e desenvolvimento das hortaliças.
Entretanto, em campo, essas duas espécies de alfaces, normalmente de coloração verde e roxa, são cultivadas em conjunto na mesma canaleta ou sulco de plantio e, durante o seu crescimento, se entrelaçam, resultando em uma planta com duas colorações.

Genética

O melhoramento genético possibilitou a produção de uma espécie com duas cores, em formato mini. No mercado temos algumas cultivares, como alface mini bicolor biofortificada em antocianina.
Os pigmentos são um dos componentes vegetais mais importantes e estão localizados no interior dos cloroplastos. Os principais componentes encontrados nas plantas são as clorofilas (clorofila a e b), os carotenoides (betacarotenos) e os flavonoides (antocianinas).
No interior das plantas, esses pigmentos são responsáveis por defesas contra estresses bióticos e abióticos e são utilizados em processos fotossintéticos. Nos humanos, as funções são atividades antioxidantes e anti-inflamatórias e até redução do risco de doenças cardíacas.

Curiosidades

A alface de coloração roxa tem elevados índices de antocianina (pigmento responsável pela característica da coloração), chegando a ter até três vezes mais antocianinas do que a alface verde.
Um dos benefícios da presença da antocianina na alface é que ela ajuda a prevenir o envelhecimento precoce humano e evitar infecções no organismo. A alface verde tem elevados índices de clorofila (pigmento responsável pela característica da coloração), o que reúne maior quantidade de vitamina C, que combate os radicais livres
A clorofila é o pigmento mais abundante no tecido vegetal, especializado na absorção de luz. A maior parte da clorofila é refletida e pouco absorvida, o que dá às plantas a coloração verde.
A clorofila está presente em todos os organismos que realizam a fotossíntese, pois é responsável pela absorção de luz no processo fotossintético. As antocianinas, por sua vez, são pigmentos produzidos por meio do metabolismo secundário das plantas. A concentração do pigmento depende de fatores como temperatura, radiação luminosa, conteúdo de açúcares e estresse osmótico.

Custo-benefício

Para saber sobre o custo-benefício, é importante ter em mente que a estrutura para cultivo protegido é considerada de alto valor, devido à construção e futuras instalações e manutenções.
Logo, deve-se levar em conta que tipo de alface será cultivado, o público-alvo e o tempo necessário para obter a rentabilidade. É recomendável que o produtor planeje e saiba quantos ciclos de produção terá ao longo do ano e analise as variáveis como quantidade de estufas, material, compra de sementes e/ou mudas, mão de obra, compra de fertilizantes, gastos com pós-colheita, frete, transporte e embalagens, entre outros.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br