Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
Engenheira florestal, mestra em Ciências Florestais e doutoranda em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
kyviapontes@gmail.com
Felipe Pontes Teixeira das Chagas
Técnico em Agropecuária
felipepontes.if@gmail.com
A Mata Atlântica é um dos grandes biomas brasileiros, mas segundo o Instituto SOS Mata Atlântica, restam cerca de 12% da floresta original. Nos esforços para restaurar a biodiversidade da fauna e flora nativas, diversas organizações atuam em áreas de preservação ambiental e na recuperação em áreas alteradas.
Nesse intuito, a startup, Morfo, selecionou uma área de Mata Atlântica para inaugurar seus trabalhos no Brasil, utilizando a tecnologia para reflorestamento em larga escala.
Revolução
A tecnologia utilizada vem revolucionando o setor de reflorestamento em alta escala, principalmente devido ao uso de drones para plantio de mudas em larga escala.
Com essa tecnologia, a empresa é capaz de aumentar significativamente a eficiência do processo de plantio, reduzindo custos e tempo. Os drones são equipados com câmeras de alta resolução e sensores de mapeamento 3D, sendo capazes de sobrevoar áreas extensas e coletar dados precisos sobre o terreno, identificando áreas degradadas e selecionando as melhores áreas para o plantio de mudas.
Além disso, a inteligência artificial também permite o monitoramento das mudas após o plantio, garantindo a sobrevivência e o crescimento das mudas.
Juntamente com a tecnologia, a empresa utiliza técnicas avançadas de plantio direto e produção de mudas em viveiros especializados, onde as mudas são produzidas com técnicas que aumentam sua resistência e adaptabilidade às condições locais, garantindo uma maior chance de sobrevivência em campo.
Desse modo, a Morfo está crescendo no setor de reflorestamento, mostrando que a tecnologia pode estar aliada a conservação ambiental.
Reflorestamento em larga escala
O reflorestamento em larga escala tem como principal objetivo aumentar a eficiência no processo de plantio e acompanhamento das mudas, reduzindo os custos em relação ao número de pessoas e a quantidade de dias necessários em campo.
A iniciativa testada usou 75% de semeadura por drones e 25% de plantação manual de mudas, o que resultou em um plantio de eficiência elevada.
Diretrizes ESG
Os termos “meio ambiente”, “social” e “governança” (environment, social, and governance, da sigla ESG) vêm ganhando espaço público nos últimos anos. Cada vez mais, cidadãos, empresas e governos se preocupam com os aspectos ambientais, sociais e de governança no planejamento e na execução de suas ações.
A tendência deve se intensificar ainda mais nos próximos anos. Os proprietários de áreas privadas que desejam participar dos esforços de recuperação da Mata Atlântica devem seguir algumas diretrizes ESG para garantir que suas ações sejam sustentáveis e responsáveis:
• Conservação ambiental: adoção de práticas sustentáveis de manejo da terra, como a conservação do solo, a utilização de técnicas de cultivo sustentável, a proteção de nascentes e a conservação da fauna e flora local;
• Preservação da biodiversidade: proteção de áreas de maior biodiversidade da propriedade, como florestas, matas ciliares e áreas de transição, além de incentivar a regeneração natural da vegetação e o plantio de espécies nativas;
• Engajamento com as comunidades locais: envolvimento das comunidades locais em seus projetos de restauração e conservação da Mata Atlântica. Além de incentivar a participação das comunidades no processo de tomada de decisão e fornecer benefícios socioeconômicos para as comunidades;
• Transparência e prestação de contas: transparência em relação às ações de restauração e conservação da Mata Atlântica, e estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliação para garantir que suas ações estejam produzindo resultados positivos.
• Governança responsável: os proprietários devem garantir que suas ações de restauração e conservação da Mata Atlântica sejam consistentes com os padrões éticos e legais, que estejam alinhadas com as melhores práticas de governança corporativa.
Seguindo essas diretrizes ESG, os proprietários de áreas privadas podem contribuir para a recuperação da Mata Atlântica de maneira sustentável e responsável, ajudando a preservar a biodiversidade e os ecossistemas da região.
Ameaças à biodiversidade
A perda de habitat é a principal ameaça à biodiversidade da fauna e flora nativas da Mata Atlântica. Algumas das principais ameaças incluem:
– Desmatamento e fragmentação do habitat natural da fauna e flora, tornando mais difícil para as espécies sobreviverem e se reproduzirem;
– Urbanização, causando poluição e aumento da pressão humana sobre a biodiversidade local;
– Exploração madeireira: a exploração madeireira ilegal continua a ser uma ameaça significativa à Mata Atlântica, causando danos ao solo e ao ecossistema;
– Agricultura e pecuária, causando a perda de solo e a poluição do ar e da água;
– Espécies invasoras, gerando competição com as espécies nativas por recursos e podem se tornar predadores ou causar doenças;
– Mudanças climáticas, causando mudanças na distribuição das espécies e afetando o regime de chuvas e o clima local.
Todas essas ameaças, combinadas ou não, representam um grande desafio para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e exigem esforços significativos de restauração e conservação para proteger as espécies nativas e seus habitats.
Biomas ameaçados
Cada bioma tem suas particularidades e ameaças específicas, mas todos enfrentam pressões significativas da atividade humana, como desmatamento, queimadas, expansão agrícola, urbanização, poluição e mudanças climáticas.
Em relação à Mata Atlântica, a recuperação dela pode beneficiar a população e o meio ambiente em geral de várias maneiras, principalmente na proteção e preservação das espécies.
Além disso, pode melhorar a qualidade e a quantidade de água disponível, visto que a Mata Atlântica é uma importante fonte de água para várias regiões do país, contribuindo para o abastecimento de rios, lagos e aquíferos.
Ainda, a restauração da Mata Atlântica pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, ajudando a reduzir a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera e proporcionando benefícios socioeconômicos.
Sustentabilidade a longo prazo
Para garantir a sustentabilidade a longo prazo, as organizações que atuam na sua restauração devem adotar estratégias e práticas que considerem a conservação da biodiversidade, a recuperação dos ecossistemas e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
Algumas dessas estratégias são: planejamento estratégico; parcerias e engajamento com a comunidade; uso de técnicas de restauração adequadas; monitoramento e avaliação; educação e conscientização; e implementação de práticas sustentáveis.
Ao adotar essas estratégias, as organizações que atuam na restauração da Mata Atlântica podem garantir a sustentabilidade a longo prazo desse ecossistema, promovendo a conservação da biodiversidade, a recuperação dos ecossistemas e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.