Fazenda Campo de Ouro: qualidade em mudas de abacates

Fazenda Campo de Ouro: qualidade em mudas de abacates

Aloísio Costa Sampaio, engenheiro agrônomo, professor da UNESP, diretor da Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF) e membro do Comitê Técnico da Associação Brasileira dos Produtores de Abacate (ABPA), acompanha o sistema de produção de abacate e avocado da Fazenda Campo de Ouro faz alguns anos.

Com toda a sua experiência, ele assegura que o proprietário Ronaldo Ferreira realiza um trabalho exemplar na condução do pomar. “Há cerca de cinco anos ele investiu em estufas para produção de mudas certificadas de avocado ‘Hass’, que possui como principais diferenciais: sacolas plásticas com volume de 9,0 litros de substrato orgânico, que confere um pleno desenvolvimento do sistema radicular, com uso de fertilizantes de liberação lenta”, assinala.

Bancadas suspensas

Ele continua, destacando o controle de acesso às estufas com antecâmara e bancadas de concreto suspensas, evitando qualquer contato com o solo, pois deve-se prevenir qualquer tipo de contaminação por Phytophthora cinamommi, agente causal da doença conhecida por ‘podridão de raízes’.

Há, ainda, tutoramento das mudas após a enxertia por garfagem em ‘fenda cheia’; pulverizações preventivas com inseticidas e fungicidas registrados para cultura; certificação do viveiro e responsável técnico habilitado no MAPA.

Um aspecto muito importante do viveiro, que o professor Aloísio Sampaio mostra, consiste nas orientações de plantio ou o denominado pós-venda, que no caso de mudas de abacate ou avocado deve-se privilegiar uma imersão das sacolas para saturação e retirada de bolsões de ar junto ao substrato.

Após, deve-se pulverizar protetor solar pré-plantio; aplicar em ‘drench’ uma solução de Trichoderma sobre os substratos; cortar o fundo da sacola plástica e inseri-la no interior da cova, mantendo o nível do substrato ao do terreno (deixar o caroço do porta-enxerto visível), fazer uma espessa camada de cobertura morta e molhamento abundante com tanque para ‘chegamento da terra’ junto ao sistema radicular.

“Antes de iniciar o plantio, há necessidade de um controle preventivo e rigoroso de formigas cortadeiras, principal praga pós-plantio”, alerta o especialista.

Mercado

O avocado tem tido um crescimento significativo de plantio em vários países, inclusive no Brasil, pois além de ter excelentes qualidades sensoriais para pratos salgados, como o tradicional ‘guacamole’, também tem uma composição nutricional rica no chamado ‘colesterol positivo’, o que deve ser amplamente divulgado para ampliação do consumo.

Aloísio Sampaio diz que o mercado interno de avocado consome ao redor de 10% do volume produzido, o que representa uma preocupação para a cadeia produtiva decorrente da alta dependência em relação à União Europeia, cujos valores da fruta em 2022 foram, na média, inferiores a 2021 e os custos marítimos com alta expressiva, impactando negativamente as margens de lucro dos produtores e exportadores.

Um ponto favorável neste ano assinalado por ele foram os volumes significativos de avocados enviados para a Argentina e Uruguai, mas para 2023 ele acredita que este mercado não será tão positivo em função das recentes medidas econômicas adotadas pelo governo argentino.

Expectativa para o futuro

Mas, qual a expectativa para o futuro se países como Colômbia, Quênia, África do Sul, Austrália, México continuam a plantar avocado? O especialista responde que “depende da nossa capacidade técnica de atender as exigências do mercado americano em relação à produção de frutos com ausência total da praga ‘Stenoma catenifer’, quarentenária nos Estados Unidos”.

Este processo encontra-se em andamento, envolvendo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Ministério da Agricultura Americano (USDA), sendo que os produtores precisam procurar as coordenadorias de defesa agropecuária de seus Estados, a fim de fazer um cadastramento da propriedade e atender aos requisitos técnicos obrigatórios exigidos.

“Caso tenhamos sucesso na abertura do mercado americano, bem como aumento gradual e progressivo do mercado interno, considero um investimento positivo a médio e longo prazos, mesmo por que o Brasil possui grande oferta de água para irrigação, instrumento indispensável para segurança dos futuros projetos de plantio, e não há perspectivas de bruscas alterações no câmbio”, define Sampaio.

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Por dentro da porteira

Valentim Ocimar Gavioli é sócio-proprietário da Fazenda Pimenteira, no município de Medeiros (MG). Lá, ele plantou em 100 hectares 32.000 mudas de abacate Hass, adquiridas da Fazenda Campo de Ouro.

“O plantio foi realizado nos meses de abril e maio de 2022. Por nossa infelicidade, em 2021 a área foi severamente danificada por uma geada forte que ocorreu por aqui, assim como em São Paulo. Inclusive, em torno de 10% das plantas morreram e a maioria queimou quase toda a copa, enquanto algumas não resistiram e morreram”, relata o produtor.

 “Já estaria produzindo, mas infelizmente, em função da geada do ano passado, atrasou praticamente um ano”, lamenta.

Parceria que deu certo

Para Valentim, as principais vantagens das mudas do Viveiro Campo de Ouro é o fato da empresa ter começado como produtora de abacate. “Lá, essas mudas são produzidas dentro de estufas, em ambiente controlado, utilizando sacolas com substrato, com chances irrisórias de ter algum problema fitossanitário. De outro lado, muitos dos viveiros produziam as mudas em saquinhos colocados no chão e cheios de terra mesmo, o que em termos de sanidade gerou muitos problemas”, compara.

As mudas produzidas em estufas em ambiente controlado e em substrato têm um sistema radicular muito mais bem formado, além de excelente vigor e referência genética de borbulhia garantida por um produtor que já é uma referência no Estado de São Paulo.

Valentim é amigo de Ronaldo Ferreira, proprietário do Viveiro da Campo de Ouro, há mais de dez anos, e confia nos conselhos produtivos, que sempre dão certo na lavoura. “E foi através dele que chegamos à perspectiva de mercado, sobre a condição geográfica e climática da área de Minas Gerais, que seria uma oportunidade para produzir abacate, onde a cultura se dá muito bem e, quem sabe, sair um pouco fora da época de produção de São Paulo”, define.

Versatilidade

Valentim também é produtor de mudas de citros de mesa de diversas variedades. Para diversificar, apostou no avocado, que tem um nicho interessante de mercado. “Após conversas com o Ronaldo, achamos que é um mercado muito crescente no Brasil, além de ter uma demanda forte no exterior. Há, também, pouco conhecimento técnico ainda da cultura no Brasil, mesmo que tenha começado a se desenvolver nos últimos anos. E a gente gosta de desafios para que, se acontecer alguns momentos de crise em uma cultura, a outra cultura te salva”, justifica o produtor.

Diferenciais

Desde 1964 produzindo café e cereais, a Campo de Ouro partiu para as mudas de abacate em 2016. “Nossas mudas são produzidas em sacolas grandes e com substrato de casca de pinus. Trabalhamos com sementes e borbulhas retiradas de pomares próprios e selecionadas de plantas sadias, desde a semeadura”, detalha Ronaldo.

As plantas são, então, inoculadas com microrganismos benéficos para crescimento e sanidade do sistema radicular. Também é utilizado extrato de algas em todo o ciclo de produção das mudas.

“Nossas mudas já aclimatadas têm como principais características a resistência necessária para o transporte e o bom pegamento no campo, com uma taxa de replantio muito boa, abaixo de 2%. A enxertia que fazemos tem dado bons resultados também pela compatibilidade entre enxerto e porta-enxerto e os cuidados tomados no processo”, finaliza.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br