Aurélio Pavinato*
Nos últimos anos, a exigência, por parte de toda
a sociedade, por uma produção agrícola que respeitasse o meio ambiente e que
fosse sustentável fez com que empresas e produtores modificassem seus métodos
de produção e adotassem medidas que estivessem em linha com estas diretrizes,
sobretudo na preservação do solo e na redução de gases de efeitos estufa (GEE).
E quem tinha adotado protocolos ambientais em sua produção aprimorou ainda mais
seus procedimentos para estar sintonizado com tendências mundiais na agricultura.
Cada vez mais, os investidores e a sociedade em
geral esperam o fortalecimento do compromisso do agronegócio brasileiro com o
desenvolvimento sustentável em todos os processos. E a sigla ESG – governança
socioambiental – é a diretriz para que os produtores agrícolas brasileiros
promovam a agricultura do futuro cada vez mais sustentável.
As mudanças climáticas provocadas pelo
aquecimento da temperatura média do planeta são críticas para todos os setores
produtivos e comunidades. Alterações nos regimes de chuva, a intensificação de
eventos do clima catastróficos e o crescimento de processos de desertificação
podem impactar severamente o potencial agrícola. Desta forma, iniciativas que
reduzam o impacto ambiental são fundamentais, sobretudo na redução da pegada de
carbono nos processos produtivos.
Uma das vantagens competitivas do agronegócio
brasileiro é a possibilidade de produzir duas safras (soja e milho ou algodão)
na mesma área plantada. Essa técnica amplia a produtividade das áreas agrícolas,
gera valor aos produtores e contribui para manter o potencial produtivo do solo
ao longo dos anos. Além disso, cada vez mais o Brasil vem adotando a Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que ajuda na redução de emissão de gases por
conta da utilização de diversas culturas na mesma safra.
Outra prática importante para a produção
sustentável na agricultura brasileira é a adoção do plantio direto, que possui
potencial para absorver 300 kg de carbono a mais por hectare/ano, quando
comparamos ao sistema tradicional. Desta forma, com o uso de todas estas
ferramentas, os principais produtores brasileiros de já estão elaborando metas
para descarbonizar a agricultura e diminuir a emissão de gases de efeito estufa
em suas operações.
Nós, da SLC Agrícola, temos uma meta de, até
2030, diminuirmos em 25% a quantidade de gases de efeito estufa a partir de
nossas operações agrícolas, que são compostas por vinte e duas fazendas, todas
localizadas no bioma Cerrado, que possui ótimas condições climáticas e de solo
para o desenvolvimento das culturas de soja, milho e algodão. Queremos cumprir
esta meta por meio do investimento em novas tecnologias no campo e na
continuidade da adoção de práticas sustentáveis, como o plantio direto, a
manutenção de cobertura do solo (palhada), a rotação de culturas, a integração
lavoura-pecuária e o fomento ao enriquecimento de áreas com essências nativas
que são produzidas nos viveiros das nossas fazendas e utilizadas em projeto
internos e para doação junto a comunidades locais. É dessa forma que conectamos
os investimentos que realizamos à geração de valor para toda a sociedade,
contribuindo para descarbonizar a agricultura ao mesmo tempo que prosseguimos
em nosso propósito de fornecer grãos e fibras para o desenvolvimento humano.
Além disso, utilizamos a técnica do plantio direto em aproximadamente 90% da
área que cultivamos a cada ano-safra, o que representa um potencial de
sequestro da ordem de 360 mil toneladas de carbono equivalente por ano (tCO2e).
Isso equivale ao plantio de 51 mil árvores. Além disso, possuímos 31,4 milhões
de tCO2e estocadas em um total de 97, 4 mil ha de reserva legal e preservação
permanente mantidas com vegetação nativa.
Aliando o potencial recorde do agronegócio
brasileiro com medidas que preservem o meio ambiente, teremos um futuro cada
vez mais dourado para a nossa agricultura: produtiva, de baixa emissão de
carbono e sustentável – um exemplo para o mundo. Aurélio Pavinato é graduado
em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (1990), possui Mestrado
(1993) e Doutorado em Ciência do Solo, pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (2009). Formação em gestão pela Fundação Dom Cabral, Kellogg School of
Management (USA-2012) e INSEAD (França-2016) e cursando OPM-Owner President Management
por Harvard (USA). É CEO da SLC Agrícola