28 de julho, Dia do Agricultor

28 de julho, Dia do Agricultor

Machado, foice e fogo abriram espaço para uma agricultura
moderna. Essas tecnologias básicas, do tempo dos nossos avós, foram
substituídas por fertilizantes, arados, tratores e muita tecnologia de forma
intensa a partir dos anos 1970. Hoje, há sensores, drones, veículos
semiautônomos, softwares, integração sustentável, satélites, geoprocessamento
de dados, biotecnologia. O arado e a grade praticamente saíram de cena e entrou
uma nova tecnologia, o sistema de plantio direto (SPD) sobre a palha. Adotado
em quase 50 milhões de hectares anualmente em todo o Brasil, o SPD reduz a
erosão, contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa, auxilia
no controle de ervas daninhas e economiza água.

O conhecimento sobre como
produzir alimentos é maior do que nossa capacidade de adotá-lo. Existe todo um
sistema de produção de um país que foi mudando ao longo das últimas cinco
décadas. Antes, maçãs, soja, trigo, vinho e bovinos eram produzidos em regiões
específicas e, em geral, apenas durante determinada época. Hoje, encontramos
uma diversidade enorme de alimentos por todo o Brasil e colhemos até três
safras — algo que agricultores de outros países custam a acreditar. Quem é
jovem pode perguntar a seus pais como era no passado. Tropicalizamos e
adaptamos plantas e animais.  Solos pobres foram transformados em terra
fértil e desenvolvemos uma plataforma de produção sustentável sem igual em todo
o mundo.  

A substituição não foi
completa, nem para todos, é verdade.  Em muitas regiões e para muitas
famílias, fertilizantes, máquinas e insumos relevantes ainda não estão
disponíveis. Apesar de nosso volume de tecnologia, resultado dos avanços da
ciência brasileira, o conhecimento mais avançado sobre produção ainda não
chegou a todos. Infelizmente, em muitos lugares, a chamada agricultura moderna
ainda convive com práticas antigas, como o uso do fogo para a limpeza de áreas.
Normalmente, isso ocorre nos locais onde insumos para aumentar a produção ainda
não estão disponíveis ou não há renda para sua aquisição.

Contudo os avanços são
inegáveis. A maior parte dos agricultores hoje possui acesso à televisão.
Muitos gerenciam sistemas, máquinas e equipamentos sofisticados e não podem
prescindir de conhecimento científico. A internet ainda não tem um alcance
global, mas oferece significante suporte à produção. Precisamos avançar na
conectividade, que somente chega a 30% dos estabelecimentos rurais.

As transformações no campo
fazem com que muitos agricultores residam nas cidades e seus filhos almejem
sonhos distantes do mundo rural — a melhoria dos transportes e da renda
familiar contribuiu muito para consolidar esse tipo de comportamento. Com a
modernização, nossa poderosa agricultura, movida por máquinas, equipamentos e
poucos trabalhadores, pode fazer com que o campo aumente a produção e fique
despovoado. Programas de transferência de renda e assentamentos rurais, ao
mesmo tempo em que ajudam a dar suporte no dia a dia e reduzem sofrimentos,
perdem em energia para as forças de mercado. Paralelemente, um movimento pode
contribuir, por sua vez, para a retenção dos jovens no campo. Trata-se do
crescimento das startups do agro (as agritechs), que têm tornado o campo
novamente atrativo para jovens empreendedores.  

A agricultura brasileira
evoluiu como nenhuma outra nas últimas cinco décadas. Éramos importadores nos
anos 1960 e agora somos um dos maiores produtores de alimentos, fibras e
bioenergia do planeta. Nosso agricultor adotou a produção como desafio e a
ciência como bússola. O resultado é enorme produtividade e competitividade, com
o uso de práticas sustentáveis. É possível até mesmo dispensar a ocupação de
novas áreas para produzir.

O agricultor brasileiro,
em sua grande maioria, tem iniciativa, é criativo, corajoso. Ele alia produção
de alimentos com preservação e adota soluções tecnológicas inovadoras e
sustentáveis capazes de competir e superar qualquer sistema agrícola. O setor
agropecuário — antes, dentro e depois da porteira — cresceu assombrosos 24% em
2020, mesmo com a pandemia de Covid-19. Empregos foram poupados (e gerados) e
alimentos não faltaram nas gôndolas dos supermercados em todo o Brasil. Em
2021, o Valor Bruto da produção (VBP) ultrapassará R$ 1 trilhão, um fato
inédito.

A pesquisa pública
continua dando suporte para a capacidade dos agricultores de inovar e superar
os desafios, tornando-os referência mundial. Esses mesmos agricultores sabem
que não basta apenas produzir para alimentar nossa população e exportar
excedentes. Há necessidade de criar condições para garantir o abastecimento e a
qualidade do ambiente nas próximas décadas.

Com o trabalho dos
agricultores, o Brasil seguirá alimentando centenas de milhões de pessoas em
todo o globo. Faremos isso de forma competitiva e sustentável, respeitando o
meio ambiente e nossos recursos naturais.

Parabéns, agricultores!

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br