Tutoramento vertical com fitilho

Tutoramento vertical com fitilho

Pablo Henrique de Almeida Oliveira
Mestrando em Produção Vegetal – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
pablohenrickk@gmail.com
André dos Santos Melo
Mestrando em Entomologia – UFRPE
andre.mello004@gmail.com

Práticas de manejo são essenciais para proporcionar um bom desenvolvimento do vegetal que se está cultivando, pois dependendo da prática, a mesma pode favorecer maior aproveitamento da área, ocasionando resultados satisfatórios para o cultivo.
Na cultura do tomateiro, uma prática que está sendo difundida é o tutoramento vertical com fitilho, pois propicia maior aeração, luminosidade, facilidade de controle fitossanitário, permite melhor pulverização uniforme na planta, evita que os frutos sejam pisoteados, evita o estresse nos vegetais, além de aumentar a densidade de plantas por área, aumentando a produção, e consecutivamente, a produtividade. Assim, assegura-se uma maior qualidade nos frutos.

Implantação e manejo

O tutoramento vertical com fitilho em tomateiro pode ser implantado tanto em sistema aberto (campo), como em sistema fechado (estufa). No entanto, deve-se levar em consideração o clima da região que será implantado esse método, pois se houver muita pluviosidade e insolação, podem ocorrer estresses no vegetal ou proliferação de doenças. Portanto, no caso dessa situação, o ideal é que essa cultura seja produzida em ambiente fechado para favorecer o controle local. Escolhendo o local, deve-se atentar ao tipo de crescimento do tomateiro.
O tomateiro pode ser determinado e indeterminado, em que a planta com crescimento determinado apresenta crescimento limitado devido à emissão da inflorescência apical, e possuem de 0,70 a 1,20 m.
Já as plantas de crescimento indeterminado crescem para cima, podendo chegar de 1,80 a 2,00 m, mas também para os lados, favorecendo o acamamento delas. Para contornar esse acamamento, o uso do tutoramento é necessário para organizar as hastes do vegetal, para que o mesmo não invista muito em crescimento lateral e sim no fruto. Com isso, a adoção do tutoramento em fitilho é bem eficiente para o tomateiro de crescimento indeterminado.

Dicas importantes

[rml_read_more]

Para a realização desse tutor com fitilho, é necessário colocar as estacas nas entrelinhas que irão receber o arame para então amarrar o fitilho. Após colocar as estacas, deve-se colocar os arames para ligar as estacas.
Depois de colocados os arames, deve-se amarrar os fitilhos, que serão envolvidos nos tomateiros e servirão como tutores. O ideal é que sejam colocados dois fitilhos por planta, um para segurar a base a 0,10 cm do solo e outro na metade da planta para sustentar, devido ao sobrecarregamento dos frutos – ambos os fitilhos devem estar ligados ao arame, mas também pode-se utilizar um fitilho quando não estiver frutificando.
O fitilho deve ser trocado à medida que a planta vai crescendo, se for em ambiente aberto, ou ajustado em ambiente fechado conforme a planta cresça – a troca do fitilho também deve ser feita após novo cultivo. O espaçamento utilizado para o tutoramento por fitilho é de 0,20 x 1,00 m, mas pode ser utilizado 0,40 x 1,00 m e 0,45 x 1,00 m.
Além disso, nesse método pode-se utilizar uma ou duas plantas por cova. Antes fazer o plantio é necessário fazer a análise de solo e, no decorrer do cultivo, ficar atento para a realização das podas (desbrota e desfolha) e desponte apical.

Resultados práticos em campo

Resultados satisfatórios foram evidenciados nos trabalhos de Marim et al. (2005) em experimento em campo, que compararam três métodos de tutoramento: o tradicional, o triangular e o vertical com fitilho, e constatou-se que o tutoramento com fitilho favoreceu a maior produção de frutos de tamanho grande em comparação com o tutoramento triangular, respectivamente, 43,6 e 35,8, além de não ocasionar alteração na produção comercial e total.
Uma outra vantagem é a redução da mão de obra. Isso pode ser justificado pela maior ventilação e insolação que o tipo de tutoramento propiciou. No entanto, em comparação com o método tradicional de tutoramento, não houve diferença no tamanho de frutos.

Erros que podem ser evitados

Deve-se escolher cultivares de tomate que possuam uma boa produtividade, mas que a mesma não faça o fitilho romper, ou escolher fitilhos de materiais resistentes. Além disso, recomenda-se verificar a climatologia da região com o intuito de implantar o tomateiro em sistema aberto ou fechado.
Essa última recomendação é importante, pois segundo Alvarenga (2004), ocorre uma baixa proteção dos frutos pelas folhas em relação à incidência direta da radiação solar e, nos trabalhos de Matos et al. (2012), cerca de 35% dos frutos ficaram manchados devido ao tutoramento com fitilho utilizando uma haste por planta em comparação com as estacas de bambu. Portanto, deve-se verificar se a radiação direta é muito intensa ou não.

Produtividade e custo

Levando em consideração o trabalho de Guimarães et al. (2017) em sistemas de tutoramento e espaçamentos de plantio na produção de feijão, o custo de produção do tutoramento de fitilho foi de R$ 7.594,00, em “V” normal de R$ 8.134,00, em “V” invertido de R$ 4.259,00 e nenhum custo em sistema rasteiro. Já a produtividade em kg.grãos, respectivamente, foi de 9.200, 5.780, 6.590 e 1.800.
Nesse trabalho, a lucratividade bruta e a lucratividade líquida foram maiores no tutoramento por fitilho, respectivamente, R$ 38.364,00 e R$ 30.770,00. Para a implantação em tomateiro, os materiais para serem utilizados são os mesmos utilizados nesse experimento (estacas de madeira, fitilho, arame e mão de obra) e os espaçamentos mais usuais para o tomateiro em tutoramento fitilho são 0,20 x 1,00 m e 0,40 x 1,00 m, sendo que no trabalho de Guimarães et al. (2017), a maior produtividade total foi no espaçamento de 0,20 x 1,00 m.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br