A indústria brasileira possui todas as condições
para ser a principal exportadora de tecnologia para produção de biocombustível
em escala mundial. O cenário foi foco central do webinar “Como
Potencializar o Uso de Bioenergia em Nível Global sem Transformar o Etanol em
Commodity?”, promovido pela Fenasucro & Agrocana TRENDS nesta
terça-feira (25) e que contou com a participação de representantes dos governos
do Brasil e da Índia, além de dois dos mais importantes executivos dos elos de
produção (RAÍZEN) e consumo (VOLKSWAGEN) desta indústria e inscrição de 1.626
participantes.
Pietro Adamo Sampaio Mendes, Diretor de
Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, destacou o programa
Combustível do Futuro, criado pelo Governo Federal em abril deste ano, propondo
medidas para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa
intensidade de carbono. O etanol, biodiesel e o biometano aparecem como
protagonistas deste programa que busca integrar políticas públicas relacionadas
ao setor automotivo e de combustíveis. Assim, Mendes comentou sobre a
comoditização do etanol. “Os veículos flex, híbridos e a célula de
combustível, todos abastecidos com etanol, devem ter espaço no futuro da
mobilidade e na redução dos gases do efeito estufa. Outros países também podem
adotar o etanol para promover a descarbonização do setor de transportes,
levando à sua comoditização, sem fechar o mercado apenas para uma rota
tecnológica”, diz.
O diretor do MME ainda reforçou que o Brasil tem capacidade de exportar tecnologia para o mundo. “Somos o único país que possui a tecnologia que permite utilizar a proporção de 27,5% de etanol na gasolina e podemos levar isso para outros países. Temos o Renovabio, que conta com cerca de 80% da indústria de etanol credenciada, e estratégias de cooperações bilaterais com outras nações como a Índia.”
Cooperação Brasil e Índia
O webinar também contou com a presença do Embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, que apontou o potencial dos dois países para suprir a demanda por etanol em escala mundial. “A cooperação entre Brasil e Índia para a promoção do biocombustível e do etanol é muito importante. Para se ter uma ideia, duas empresas indianas começaram a atuar neste setor, em áreas que equivalem ao território de três ou quatro países europeus. O mercado na Índia busca por energia limpa para proteger o meio ambiente e a saúde das pessoas e ser cada vez mais sustentável. A energia renovável é um tópico presente em nossos debates e o etanol entra no cenário com um papel muito relevante”, aponta o Embaixador.
Mercado mundial
De acordo com Francis Queen, Vice-Presidente de
Etanol, Açúcar e Bioenergia da RAÍZEN, o setor sucroenergético brasileiro
possui condições plenas de atender à demanda mundial por etanol.
“Temos expertise de sobra, 400 usinas e mais de 50 mil fornecedores de bens e serviços. O setor tem muito a oferecer para países que querem não só o etanol combustível, mas o destinado a outros fins como, por exemplo, para produzir plástico verde, o óleo para aviação SAF entre outros”, afirma Queen.
Para atender a demanda gerada, o vice-presidente
da Raízen ressalta que será importante uma combinação de ações visando as
condições necessárias para consolidar esse posicionamento de liderança.
“Acreditamos que a tecnologia vai ajudar de forma significativa.
Atualmente, a Raízen possui tecnologia de etanol de segunda geração que tem o
potencial de aumentar a produção em aproximadamente 50%. Temos também outros
tipos de biomassa que podem ser utilizadas. Com o cenário que vemos pela
frente, é fundamental que tenhamos no mercado empresas de bens e serviços no
Brasil que estejam estruturadas e possam atender a demanda que teremos”,
comenta.
Já o Presidente & CEO da Volkswagen América
Latina, Pablo Di Si, afirma que o etanol é o biocombustível com maior potencial
de implementação rápida em comparação com outras fontes de energia.
“O etanol, se comparado com a gasolina, gera 86% menos emissões. A diferença é brutal. Você planta a cana e quase [todo o processo de produção do etanol] é renovável. E a velocidade para continuar essa jornada é super-rápida se comparada com a implantação de postos para abastecimento de carros elétricos. Eu colocaria essa expansão em etanol/biofuel porque o etanol funciona bem no Brasil e funcionará bem com algum componente misturado em alguns outros países, embora a base seja sempre etanol”, observa Di Si.
Diante desse cenário, ele comenta que a
tecnologia brasileira pode ser exportada facilmente para outros países por meio
do avanço em pesquisas que permitam essa produção em escala. “Temos que
pensar no etanol, na célula de combustível. Ela pode ser transportada em
contêiner e exportada para a Europa, para a China. Como isso se dará, eu não
sei. O que sei é que temos muita gente competente para fazer pesquisas de como
chegar a isso aqui mesmo no Brasil, e cito aqui algumas universidades, o Centro
de Tecnologia Canavieira (CTC) entre outros. Temos muita gente inteligente para
buscar solução para isso aqui”, conclui.
FENASUCRO & AGROCANA
A FENASUCRO & AGROCANA (Feira Internacional
da Bioenergia) realizará a sua 28ª edição entre os dias 9 e 12 de novembro de
2021, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP).
O evento, realizado pelo
CEISE Br e promovido e organizado pela Reed Exhibitions, é o único da América
Latina a reunir inovações e conteúdo de alto nível técnico voltados à toda cadeia
de produção da indústria de bioenergia, além de profissionais das indústrias de
alimentos e bebidas, papel e celulose, transporte e logística e distribuidoras
e comercializadoras de energia.