Suzeth Carvalho Sousa – Graduanda em Agronomia – Unicerrado – suzecarvalho10@gmail.com
Pauletti K. Rocha – Engenheira agrônoma, mestra em Agronomia e diretora do curso de Agronomia – Unicerrado – paulettirocha@unicerrado.edu.br
O cultivo de pequenas frutas vem inovando o mercado e
chamando a atenção de produtores e consumidores, devido ao custo reduzido de
implantação e boa adaptabilidade a diversos ambientes. Entre estas pequenas
frutas está o morango (Fragariax ananassa), uma espécie
pertencente à família Rosaceae com características atrativas, como aparência,
sabor, aroma e alto valor nutricional.
Na cultura do morango, ocorre a incidência de diversas
doenças, podendo estas serem provocadas por fungos, bactérias, vírus, viroides,
fitoplasmas e nematoides, que causam prejuízos e redução na produção.
Dentre elas, destaca-se o oídio, uma doença fúngica que
inicialmente tem importância secundária na cultura, mas que vem adquirindo
relevância devido à sua severidade, que pode variar de acordo com as regiões
produtoras, formas de cultivo e tipos de cultivares.
O fungo causa danos às folhas, flores e frutos, afetando o
rendimento e qualidade da produção. Quando há infecções severas nas folhas,
ocorre a redução da área foliar e assim afeta a fotossíntese, a necrose e
também a desfolha.
Sintomas
Os sintomas notados em folhas são manchas brancas com
aspecto pulverulento, contendo micélios e esporos do fungo, os quais evoluem
até recobrir toda a face inferior da folha, podendo ocorrer também a formação
de manchas de coloração avermelhada em ambas as superfícies da folha.
Outras partes da planta, como pecíolos de folhas, pedúnculos
das flores, flores e frutos também podem conter a pulverulência branca,
indicando o crescimento do fungo. Os frutos, quando atacados no início de seu
desenvolvimento, tornam-se endurecidos e secos. Os maduros mantêm-se firmes e
carnudos, porém, recobertos com o micélio branco, assim como os imaturos.
Condições para a doença
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A doença apresenta severidade principalmente quando o
cultivo é realizado em ambiente protegido (estufas), onde se tem altas
temperaturas e curtos períodos de molhamento. O desenvolvimento do patógeno é
favorecido pelas condições de clima seco, onde temperaturas entre 20 e 25°C e
umidade relativa baixa aumentam a infestação da doença.
A disseminação ocorre principalmente através do vento, que
transporta os conídios a longas distâncias, entretanto, as gotas de água e
insetos também atuam na dispersão do fungo.
O controle da doença pode ser realizado de diversas formas
com o auxílio de práticas culturais, sendo o controle químico, variedades
resistentes e métodos alternativos. A destruição de restos culturais, como
folhas, ramos, flores e frutos atacados evita novos focos de infecção.
Irrigações pelo método de aspersão também favorecem o
controle da doença, em virtude da germinação dos conídios não ocorrer na
presença de filme de água sobre a folha.
Manejo eficiente
Manter o espaçamento adequado entre plantas, para que as
mesmas fiquem arejadas e recebam luz solar, é uma prática que contribui para o
não surgimento do patógeno e redução das fontes de inóculo, sendo de grande
importância em estufas, que são ambientes quentes e úmidos, onde esse tipo de
doença se desenvolve e propaga rapidamente.
Realizar pulverizações com produtos à base de enxofre
diminui a esporulação e estabiliza a infecção. Os tebuconazoles e tiofanatos
metílicos são recomendados no início do surgimento dos primeiros sintomas, de
acordo com a dosagem e intervalo de aplicação do fabricante, porém, eles não
devem ser utilizados no início do desenvolvimento da cultura, pois podem inibir
o crescimento das plantas.
Fungicidas à base de azoxistrobina, que atuam de forma
sistêmica, também são ingredientes ativos eficazes, quando aplicados de maneira
preventiva.
Alternativas viáveis
Devido ao alto custo do controle químico e resultados
adversos à saúde e ao meio ambiente, outras opções de controle têm sido
empregadas na contenção da doença, dentre elas o uso de variedades resistentes
e alguns produtos alternativos, que reduzem os danos e os custos, quando
comparados aos outros fungicidas comerciais.
Produtos como óleo de neem, extrato de própolis e
bicarbonato de sódio, utilizados em pulverizações, demonstram eficiência na
prevenção e ainda no controle do patógeno.
Portanto, prevenir o surgimento da doença é mais viável que
o controle da mesma, tanto em aspectos econômicos quanto ambientais. O manejo
adequado na condução da cultura, pela escolha de uma variedade resistente,
nutrição adequada e uma correta irrigação, são técnicas que proporcionam o
desenvolvimento de plantas vigorosas e saudáveis, o que dificulta o ataque do
fungo e assim a produtividade e a qualidade da lavoura não serão prejudicadas.