O uso de fertilizantes de liberação lenta constitui-se em
uma das tecnologias desenvolvidas recentemente para os sistemas de produção. O
principal objetivo é oferecer os nutrientes às plantas de forma progressiva por
um período determinado, podendo aumentar a eficiência de aproveitamento a fim
de reduzir as transformações dos adubos em formas menos estáveis.
E, ainda, facilita a aplicação, tornando a distribuição mais
homogênea no solo, e elimina danos causados aos sistemas radiculares pela alta
concentração de sais.
Mais que benefícios
No caso dos fertilizantes nitrogenados, o principal
benefício é tentar minimizar perdas de nutrientes por lixiviação, volatilização
e reduzir a imobilização. Outros benefícios são a facilidade de armazenamento,
opções de formulações com períodos distintos de liberação e manter um
sincronismo de liberação dos nutrientes com as necessidades de crescimento e
desenvolvimento das plantas.
Além disso, a aplicação pode ser realizada de uma única vez,
ou seja, no plantio, reduzindo os custos com a adubação.
Tipos
Existem três grupos de fertilizantes de liberação lenta e
controlada: os quimicamente alterados, os recobertos ou encapsulados e os
peletizados. Todos apresentam uma característica em comum: a liberação
gradativa dos nutrientes para a solução do solo, porém, com mecanismos
distintos para tal.
Os fertilizantes quimicamente alterados transformam parte
dos nutrientes em formas insolúveis que serão disponibilizadas às plantas
gradativamente. Os fertilizantes recobertos ou encapsulados são compostos
solúveis envolvidos por uma resina permeável à água que irá regular o processo
de fornecimento dos nutrientes.
De forma geral, a liberação é dependente de variáveis como a
temperatura e umidade do solo, mantendo sua liberação mais acentuada na época
de maior exigência pela planta. Os adubos peletizados, por exemplo, variam a
sua solubilidade, e alguns dependem da ação microbiana.
Nos fertilizantes recobertos ou misturados a substâncias
inorgânicas, o processo de disponibilização progressiva de N é diferente dos
fertilizantes recobertos por resinas e derivados de ureia.
Assim, é fundamental o conhecimento por parte dos técnicos e
dos produtores rurais sobre as características específicas do fertilizante de
liberação lenta utilizado para o sucesso desta prática.
Eficiência
Nos fertilizantes recobertos por resinas e polímeros, a
liberação de nutriente é eficiente quando existe disponibilidade de água e a
temperatura ideal em torno de 21°C. A taxa de liberação de nutrientes pelos
grânulos do fertilizante é diretamente proporcional à temperatura do solo ou
substrato, pois a temperatura favorece a ampliação da camada de resina,
causando elevação de sua permeabilidade à água.
Esse tipo de fertilizante pode apresentar ganhos agronômicos
sobre os fertilizantes convencionais em vários tipos de culturas em diferentes
tipos de solo, climas e manejos.
Calcula-se que cerca de 50% do N aplicado aos solos não é
aproveitado pelas plantas num primeiro ciclo. As perdas por volatilização e
lixiviação podem chegar a mais ou menos 80% do nitrogênio da ureia aplicado.
As emissões de N2O do solo são dependentes de
vários fatores, e um deles é a disponibilidade de oxigênio nos poros do solo, o
que tem grande influência no processo de desnitrificação.
Mais sustentáveis
Os fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada contêm
uma base teórica interessante para reduzir as emissões de gases do efeito
estufa (N2O), bem como para se aumentar a eficiência da adubação
nitrogenada, por reduzir as perdas por lixiviação ou volatilização (NH3).
No entanto, os resultados serão em função das condições climáticas, tipo de
solo e qualidade destes fertilizantes.
Pesquisas
Avaliando a eficiência agronômica de fertilizantes
nitrogenados de liberação lenta baseados no uso da ureia, observou-se
diminuição da perda de N-NH3 de 20,2 e 22% por volatização, com
ganhos de aproximadamente 149% na produção de biomassa seca de parte aérea de braquiária
(Matos, 2011).
Outro estudo avaliando a produtividade média de grãos de
milho adubados também com fertilizantes nitrogenados de liberação lenta
baseados no uso da ureia encontrou valores de 8.523 kg ha-1 em 2011.
Contudo, outros experimentos demonstram não haver incrementos em produtividade
de grãos, ficando restrito às questões ambientais a vantagem na utilização dos
fertilizantes nitrogenados de liberação lenta.
É importante ressaltar que os resultados positivos, com
redução de custos devido à diminuição das doses aplicadas, eliminação do
parcelamento e consequentemente redução da mão de obra e aumento na
produtividade, dependerá das condições climáticas, do tipo de solo, do produto
escolhido e da cultivar.
Viabilidade
Além da eficiência agronômica, o fertilizante deve ser
economicamente viável. A adubação é realizada para o aumento da produção e do
lucro. Quando se avaliam os fatores econômicos da produção agrícola, o
fertilizante é considerado um custo, mas quando se avalia a adubação, esta
passa a ser fator de maior interesse, visto poder gerar retornos extras (RAIJ,
2011).
Assim, a escolha do fertilizante a ser aplicado deve levar
em consideração sua eficiência agronômica e retorno financeiro, seja na redução
do volume utilizado, seja no custo de aquisição por ponto de nutriente, seja no
ganho em produtividade.