A renovação de cafeeiros em áreas contaminadas

A renovação de cafeeiros em áreas contaminadas

Os nematoides são vermes que atacam o sistema radicular dos
cafeeiros, dificultando a capacidade de absorção de água e nutrientes
essenciais, podendo ocasionar o baixo desenvolvimento, atingindo a
produtividade da planta, comprometendo a capacidade de produção total e a
qualidade da lavoura.

Meloidogyne incognita,
M. paranaensis
e M. exigua estão
entre os nematoides formadores de galhas mais frequentemente encontrados em
culturas agrícolas, destacando-se a espécie M.
exigua
por ser a mais frequentemente encontrada em grandes quantidades em
áreas de lavouras mais antigas.

A espécie M. exigua
está amplamente distribuída em grandes regiões produtoras de café arábica do
Brasil. Eles são responsáveis por atacar as raízes finas da planta, limitando a
absorção de nutrientes e água. Em plantas adultas, que têm um sistema radicular
profundo e bem estruturado, é possível conviver com os nematoides sem ocasionar
danos significativos.

No entanto, quando o plantio de mudas é realizado em áreas
infestadas, onde as mudas ainda têm um pequeno e sensível sistema radicular, os
danos podem ser aparentes e irreversíveis, quando não se tem nenhuma medida de
prevenção e controle.

Manejo

É recomendado o descanso da área por um período, bem como a rotação
de cultura com plantas não hospedeiras, a exemplo o milho e algumas
leguminosas. A adição de matéria orgânica na cova antes do plantio é uma forma
de reduzir a população do nematoides no solo, além de melhorar a nutrição das
plantas, auxiliar na estrutura química do solo e favorecer o crescimento de
microrganismos possíveis predadores dos nematoides patogênicos.

Na maioria dos casos, o controle de nematoides é ineficiente,
sendo que tanto o controle químico quanto o biológico ainda não são alternativas
economicamente viáveis. Desse modo, existe uma técnica de renovação por meio de
mudas enxertadas em porta-enxertos tolerantes, viabilizando o cultivo de
cafeeiro em áreas antes infestadas (Matiello et al., 2012).

O objetivo da enxertia em café surgiu exatamente para
minimizar os problemas com nematoides na cultura, e tem garantido resultados
satisfatórios. A enxertia é realizada quando as mudas estão no estágio palito,
podendo ser pela garfagem ou encostia, utilizando como porta-enxerto a
variedade de café conilon (Apoatã-IAC-2258) e o enxerto com a variedade
arábica.

Importante levar em consideração que a combinação de enxerto
e porta-enxerto necessita de estudos prévios, pois pode haver problemas de
incompatibilidade genética do material.

Esta técnica é recomendada e a mais utilizada na redução de
nematoides, pois, além de possuir características favoráveis, como
produtividade uniforme, fácil adaptação ao clima e solo, resistência a outras
pragas e doenças; também melhora a qualidade do solo, diminuindo a infestação e
aumentando a produtividade, pois o cafeeiro terá maior capacidade de absorção
de água e nutrientes (Barbosa, et al 2014).

Por isso a qualidade do porta-enxerto deve ser levada em
consideração, pois com a utilização de cultivares resistentes pode-se observar
o bom desenvolvimento da parte aérea e radicular do enxerto, aumentando a
produtividade e tornando mais eficaz a absorção de nutrientes (Ferreira et al.,
2010).


Cuidados
fundamentais

A opção pela resistência genética é imprescindível para o
eficaz estabelecimento da lavoura ou renovação do cafeeiro. Portanto, deverão
ser escolhidas espécies resistentes ou tolerantes aos nematoides M. exigua para o porta-enxerto, que
possuam alta adaptabilidade ao clima, ao solo e bom desenvolvimento do sistema
radicular. Já para enxerto deverão ser escolhidas cultivares de alto potencial
econômico e produtivo, tendo em vista as características buscadas pelo produtor
e mercado final (Ferreira et al., 2010).

Para a realização de um controle adequado dos nematoides, é
necessário realizar uma amostragem para avaliar o grau de infestação e as
diferentes formas de manejos que poderão ser empregadas, a depender da condição
da lavoura e situação econômica do produtor.

Se possível, sempre optar por áreas isentas de infestações,
utilizar mudas sadias isentas de nematoides e ter cuidado especial com as
estufas e viveiros, incluindo a água utilizada para irrigação e os equipamentos
utilizados para manutenção e manejo da área a ser cultivada, pois estes são
agentes disseminadores de nematoides.

Tais cuidados irão proporcionar ao produtor menor custo com
remediação e evitar possíveis perdas de produtividade (Marcuzzo et al., 2000).


Custo

O custo de produção de lavouras infestadas com o M. exigua serão maiores quando comparado
com lavouras isentas da doença. As mudas enxertadas possuem uma alta eficiência
em campo, porém, são de maior custo quando comparadas com mudas de semente e
estaquia, além de outros custos adicionais, como produtos químicos e biológicos
que serão utilizados.

No entanto, os nematoides, uma vez presentes na área, são
impossíveis de erradicar, então, a única alternativa é a utilização do manejo
integrado e técnicas preventivas de controle para minimizar os danos e atingir
uma produtividade satisfatória.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br