Híbridas – Beterrabas sem anéis brancos

Híbridas – Beterrabas sem anéis brancos

Os híbridos são caracterizados por serem um material mais
homogêneo, consequentemente, proporcionando uma maior uniformidade no produto.
A utilização desse material proporciona, além de uma maior produtividade e
melhor flexibilidade de colheita, uma maior adaptação a temperaturas elevadas,
sendo esse o principal causador de anéis brancos, fazendo com que haja uma
coloração mais homogênea interna e externamente e um melhor aproveitamento
comercial das raízes.

Os anéis brancos são uma anomalia fisiológica. Por meio um
corte transversal são observados círculos concêntricos que formam anéis de
coloração mais clara, ou até mesmo realmente brancos, alternados com anéis de
coloração purpúrea.

A presença desses anéis indica que a planta foi cultivada em
condições climáticas com maior umidade do ar e temperatura elevada, que causam
mudança no sabor, tornando-o menos doce, e é considerado como ausência de
qualidade, desvalorizando o produto.

Manejo
acertado

Devido às altas precipitações pluviais nos meses de dezembro
a março, os produtores vêm utilizando a produção de mudas em bandejas, de
poliestireno expandido (isopor) ou plástico rígido, dentro de estufas
agrícolas, garantindo, assim, proteção às chuvas, podendo ser produzidas na
propriedade pelo próprio agricultor ou adquiridas em viveiros.

Este método traz alguns benefícios para a planta cultivada
no verão, como: redução do tempo da planta no campo, ficando assim menos
exposta a condições desfavoráveis, maior facilidade para irrigações e
pulverizações iniciais, menos falhas na população, maior aproveitamento das
sementes híbridas e aumento da homogeneidade das plantas.

A escolha da variedade ou híbrido também deve ser levada em
consideração. Antes a época de cultivo da beterraba era restrita aos meses de
temperaturas amenas em razão da maioria dos materiais serem de origem europeia,
mas, após a chegada dos híbridos no final da década de 80, tornou-se possível
realizar o cultivo durante o ano todo, sob a condição de que o material seja
escolhido corretamente em função da época de cultivo.

Cuidados

A preparação dos canteiros também requer um cuidado
necessário, visto que no verão, quando as precipitações são mais elevadas, os
canteiros devem ser mais altos, facilitando a drenagem. A densidade do plantio
também deve ser levada em consideração, pois utilizar maiores espaçamentos faz
com que diminuam as condições ideais de patógenos.

O produtor também deve estar atento ao preparo adequado do
solo, este devendo ter pH entre 6,0 e 6,8 para garantir uma maior
produtividade, e na adubação podendo ser utilizados produtos denominados
fosfitos, que possuem elevada atividade fungicida, e aplicações de fósforo, que
promovem desenvolvimento rápido e contínuo da parte tuberosa.

Para a preparação do solo é recomendada a calagem 30 dias
antes da adubação. Adição de N, P2O4 e K2O
mais esterco, adubação de cobertura e pulverização, respeitando o tipo de solo,
levando em consideração os resultados de análise de solo e a recomendação do
produto, depois incorporá-los pelo menos 10 dias antes do plantio.

O plantio pode ser via semente ou muda. Se usada a semente,
esta deve ser colocada a 01 ou 02 cm de profundidade, com o espaçamento de 20 –
30 cm entrelinhas e 10 cm entre plantas, necessitando de 9 – 10 kg/ha de
sementes comerciais.

No caso das mudas, deve-se transplantá-las com 20 dias após
a semeadura e utilizar, em média, 01 – 02 kg/ha. A época de plantio varia de
acordo com a região e altitude, entre os meses de fevereiro e junho.

Colheita

A colheita deve ser feita de acordo com o sistema de
plantio. Para plantio via semente, 60 – 70 dias após a semeadura, e via mudas
de 90 – 100 dias após o transplante.  

A planta deve ser desbastada, devido à presença de mais de
uma semente por glomérulo, em plantas com cinco a seis folhas. Deve ser
irrigada, dando preferência para irrigações fracionadas durante o dia ao invés
de uma intensa. Este trato é indispensável, pois o estresse hídrico reflete na
diminuição da produção, pois torna a raiz lenhosa. Colocar cobertura morta
quando o plantio for via muda.

Erros

Os erros mais frequentes normalmente estão ligados ao fato de
o produtor não se atentar a condições favoráveis ao cultivo, como tipo de solo
adequado, época de plantio, adubação correta e, no caso dos anéis brancos,
temperatura e umidade do ar adequadas, sendo que estas, estando elevadas,
favorecem a anomalia.

Esses erros devem ser evitados a partir de avaliações
específicas para o cultivo, como análises de solo, uso de adubações indicadas,
respeitando o momento e a dose correta, espaçamento do canteiro e monitoramento
da temperatura. O produtor também deve levar em conta a escolha da cultivar ou
híbrido e se atentar às suas particularidades.

Custo

O custo total de produção da beterraba é de cerca de R$ 19.068,71
por hectare. O produtor pode optar por dois sistemas de implantação da cultura
– o direto, que necessita de cerca de 10 kg de sementes por hectare, ou o
sistema de mudas em bandeja, que necessita de 1,0 – 2,0 kg de sementes por
hectare.

É importante lembrar que os valores são variáveis de acordo
com o clima, incidência de pragas e doenças, tipo de solo e produtividade
final.

A produtividade média no Brasil é de 33.000 kg/ha.
Normalmente a produtividade é maior no inverno que no verão, devido a falhas na
população de plantas pelas chuvas e ocorrência de tombamento (“damping off”) e
pela maior incidência de doenças foliares, principalmente mancha de cercóspora
ou cercosporiose.

Considerando-se que o preço médio de venda é de R$ 2,30/kg,
haverá lucro se proporcionar pelo menos 8.290,40 kg por hectare, o que é
facilmente alcançado se comparado com a média brasileira (quatro vezes maior).

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br