Rúcula hidropônica – Você sabe como produzir?

Rúcula hidropônica – Você sabe como produzir?

A rúcula é muito apreciada pelo sabor característico e
picante. Era, até alguns anos, uma hortaliça de pouca expressão no mercado,
pois a produção no solo demorava em torno de 50 dias, resultando em folhas um
tanto duras e amargas.

Com a introdução de seu cultivo em hidroponia, foi
redescoberta na culinária e pelos consumidores. Na hidroponia a cultura atinge
tamanho comercial com precocidade em aproximadamente 30 dias, com sabor suave e
textura macia, tornando-se hoje uma das principais hortaliças produzidas no
Brasil neste sistema. O crescimento de consumo e produção supera a alface.

Do
plantio à colheita

As principais características que levaram os produtores
hidropônicos a testar a produção de rúcula foram: precocidade do sistema,
adensamento possível e valor de mercado similar ao da alface.

Em hidroponia, o tempo médio para colheita de uma unidade de
alface, conforme a variedade, vai de 35 a 50 dias e plantamos até 16 unidades
por metro quadrado de bancada, conforme o tamanho.

Na produção hidropônica de rúcula o tempo médio é de 30 dias
e o rendimento fica acima de 22 maços por metro quadrado de bancada. Os dois
produtos têm valor de comercialização equivalente em todo o Brasil. Esta
simples comparação deixa evidente a vantagem econômica para a rúcula e o porquê
do crescimento de produção.

Como
escapar das doenças e pragas

A rúcula tem um sistema radicular exigente em oxigenação.
Assim, bancadas com inclinação menor que 5%, ou que não tenham um perfeito
nivelamento, fazendo com que partes dos tubos fiquem sempre em contato com a solução
nutritiva, não proporcionam boa oxigenação, provocando morte das raízes e
manifestação do Pythium sp.

Bancadas com grande presença de algas facilitam o ataque do Fungus gnats (Bradysia matogrossensis), da mosca minadora (Liriomyza huidobrensis) e da Scatella
stagnalis.
Estas moscas, além de provocarem danos à parte aérea da planta,
suas larvas atacam as raízes, trazendo novamente o aparecimento do Pythium sp.

Também atacam a cultura o pulgão verde (Myzus persicae), que sempre aparece em infestações massivas,
resultado de perturbações que a planta está passando, como estresse hídrico:
bancada que murcha por falta de água; estresse nutricional, com desequilíbrio
na nutrição; e estresse térmico, com o cultivo no verão sem sombreamento.

Entre os insetos comuns à cultura, temos ainda a traça das
crucíferas (Plutella xylostella). Suas
larvas perfuram as folhas, deixando-as sem aparência comercial. Uma simples
tela de fechamento na estufa controla razoavelmente o problema.

Hoje, já temos no mercado opção para a compra de insetos
predadores para controle destes e também alternativas de inseticidas
biológicos, sem risco para a meio ambiente e para o consumidor.

Entre as doenças mais comuns temos a ferrugem branca (Albugo candida) e o míldio (Peronospora parasitica), sendo que o
ataque de ambas inviabiliza a produção. Fazendo uma boa escolha de variedades
resistentes, controle de higiene no plantio e nas bancadas, e diminuindo a
umidade do interior da estufa já permite o controle sem utilizar defensivos.

Aumentando
a produtividade

Plantas debilitadas sempre atraem mais doenças e pragas. O
produtor cuida com atenção da nutrição mineral, mas esquece, muitas vezes, que
a planta precisa da energia solar para os processos fotossintéticos.

Utilizar tubos maiores, como o que se usa para a alface (80 mm),
com espaçamento de perfuração de 25 cm e distância entre tubos de 10 cm, provou
ser uma das melhores combinações para controle natural das doenças e facilidade
de colheita, sem contar o aumento de rendimento.

Cuidar para que as bancas não tenham menos de 5% de caimento,
utilizar sombreamento no verão e não permitir que a condutividade passe de 1,6
mS ao longo do dia resultam em uma planta com textura tenra e com tamanho
comercial por volta dos 30 dias, sem contar o sabor levemente picante e muito
apreciado.

A adubação, normalmente utilizada, segue a nutrição da
alface, tendo como único diferencial a sua exigência em ferro, que é maior na
rúcula. Observa-se um incremento na produtividade em razão de aumento na vazão
da solução nutritiva nos canais de hidroponia. Não podemos deixar de lembrar
que higiene no sistema é um ponto fundamental.

Novidades
para a cultura

Uma novidade no cultivo da rúcula são os brotos e baby leaf.
Os primeiros nada mais são que sementes germinadas sobres espuma fenólica ou
nuas. O baby leaf é a rúcula colhida por volta dos 13 aos 15 dias do tempo de
bancada.

Ambos têm valor muito diferenciado – enquanto um maço de
rúcula no Brasil é vendido pelo produtor ao revendedor por R$ 0,68  a R$ 2,80, conforme a região, chegando ao
consumidor final por R$ 1,90 a R$ 4,20; os baby leaf são comercializados pelo
produtor em bandejas de 200 g a R$ 4,50. Uma mesma bandeja de brotos chega a até
R$ 16,00.

Rendimento
econômico

O mercado de rúcula não é tão grande como o de alface, mas está
em franco crescimento, e como usa os mesmos sistemas, é a opção natural para
compor o leque de produtos a ofertar.

Em acompanhamento a produtores que oriento, o custo de
produção de um maço de rúcula, levando em consideração uma área produtiva de
500 m2, somando impostos, mão de obra, sementes, insumos, embalagens
e depreciação das estruturas, no ano de 2018 ficou em média a R$ 0,38 a unidade,
isto colhido e depositado na porta da estufa. Para custo final temos que somar
o valor do frete na entrega.

Fique
de olho!

Outros produtos com as mesmas características da rúcula
começam a despontar no mercado hidropônico, como agrião, mostarda, couve,
temperos, cebolinha, coentro e almeirão.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br