Consorciação de culturas faz bem ao mamoeiro e à lucratividade

Consorciação de culturas faz bem ao mamoeiro e à lucratividade

A consorciação de culturas é a associação de uma cultura
como o mamoeiro com uma outra, que poderá ser anual ou perene. Na escolha de
uma cultura intercalar com o mamoeiro devem ser observados vários aspectos,
como a identificação de culturas apropriadas, os espaçamentos compatíveis, o
ciclo da cultura e o sistema de manejo das culturas associadas.

Dentre as culturas de ciclo curto ou anuais verificam-se em
pomares comerciais vários consórcios de mamoeiro com plantas de ciclo mais
curto, a exemplo de milho, arroz, feijão, batata-doce, amendoim e leguminosas
para adubação verde, etc.

Por apresentar um ciclo relativamente curto, em média dois a
três anos de vida, o mamoeiro pode ser consorciado com culturas permanentes, as
quais serão formadas a um custo relativamente baixo, uma vez que a irrigação, a
limpeza do mato e a adubação poderão ser comuns às culturas consorciadas.

O mamoeiro é utilizado como cultura intercalar nos plantios
de acerola, macadâmia, café, abacate, graviola, manga, citros, coco e goiaba, principalmente.

É importante evitar o consórcio com abóbora, melancia, melão
e pepino, por serem hospedeiras dos pulgões, que transmitem o vírus da mancha
anelar.

Cuidados

Um dos principais cuidados a serem tomados é que a cultura
consorciada com o mamoeiro não venha a se constituir uma ameaça à
fitossanidade, como hospedeira de pragas do mamoeiro ou de vetores de doenças
(virose), como é o caso do consórcio com as cucurbitáceas (abóbora, melancia,
melão e pepino).

Outro cuidado muito importante é que as culturas
intercalares não demandem aplicação de agrotóxicos que não estejam registrados
para a cultura do mamão no Brasil. Esse é um aspecto muito importante para o
produtor que pretende certificar sua produção na busca por mercados de melhor
remuneração.

Preparo
de solo

 Uma questão que
merece atenção particular é o preparo do solo, que tem como objetivo criar
condições propícias para o crescimento e desenvolvimento das plantas, facilitar
o movimento de água e ar e controlar plantas infestantes.

Como a maior parte dos plantios encontra-se estabelecida em
solos dos Tabuleiros Costeiros (que possuem camadas coesas, e a região tem um
índice pluvial anual em torno de 1.200 a 1.800 mm), é importante o uso da
subsolagem para evitar problemas de encharcamento, mesmo que temporários, não
tolerados pelo mamoeiro.

A subsolagem é recomendada e apresenta resultados
promissores, mas não deve ser usada indiscriminadamente. Recomenda-se que esta
prática, quando necessária, esteja sempre associada à incorporação de matéria
orgânica no solo, com o manejo de coberturas vegetais como gramíneas e,
preferencialmente, leguminosas de sistema radicular profundo e vigoroso.

Solos

O manejo convencional do solo no controle de plantas
daninhas adotado pela maioria dos produtores contribui para a degradação da
estrutura do solo. Isso porque, na cultura do mamão esses solos são facilmente
compactados pelo manejo inadequado, desde seu preparo primário, controle de
plantas infestantes e trânsito exagerado de máquinas nos pomares que, associado
à presença de horizontes coesos, compromete sua capacidade produtiva, além de
reduzir a infiltração, armazenamento e consequente disponibilidade de água para
a planta, comprometendo, também, o aprofundamento do sistema radicular do
mamoeiro.

Esse manejo inadequado contribui para a redução do
armazenamento de água no solo e para o agravamento do efeito estufa, uma vez
que o material orgânico no solo é facilmente decomposto quando se realizam
práticas de manejo não conservacionistas devido à liberação de gases de efeito
estufa, como CO2 e N2O.

As características dos solos de Tabuleiros Costeiros e seu
uso inadequado levam à busca de manejos diferenciados dos usualmente empregados
pela maioria dos produtores, garantindo níveis adequados dos seus atributos
físicos, químicos e biológicos para o desenvolvimento do mamoeiro. Essa
melhoria nos atributos do solo proporciona condições adequadas às plantas para
que elas possam desenvolver raízes profundas, de forma que o reservatório de
água não fique limitado à camada superficial do solo (0-20 cm).

Dentre essas práticas de manejo mais sustentáveis,
destaca-se o consórcio do mamoeiro com cobertura vegetal do solo utilizando-se
espécies que tenham alta capacidade de produção de biomassa e sistema radicular
vigoroso, associado a uma subsolagem no preparo primário, como uma operação
capaz de romper as camadas compactada e coesa, influenciando diretamente na
melhoria da qualidade do solo e, consequentemente, garantindo maiores produções
e longevidade do mamoeiro.

Consorciação

Nesse particular, as coberturas vegetais desempenham papel
importantíssimo, considerando-se que a parte aérea das plantas utilizadas como leguminosas
e gramíneas após a ceifa e deixadas na superfície como cobertura do solo acabam
se decompondo com o tempo, aumentando o estoque de matéria orgânica.

A matéria orgânica incorporada pela parte aérea e as raízes
abundantes das gramíneas (eficientes na agregação do solo) e das leguminosas
(mais agressivas e profundas) são os principais agentes de agregação do solo,
melhorando sua estrutura em profundidade pelo aumento da macroporosidade, da
aeração, da infiltração, da condutividade hidráulica e armazenamento de água no
solo, reduzindo a compactação e a resistência mecânica ao crescimento radicular
em profundidade.

BOX

Benefícios

Entre os benefícios do uso de coberturas vegetais/adubos
verdes estão:

ü Aumenta o teor de matéria orgânica no solo;

ü Promove a fixação biológica de Nitrogênio, com uso
de leguminosas;

ü Melhora a capacidade de infiltração e armazenamento
de água no solo;

ü Melhora o desenvolvimento e aprofundamento do
sistema radicular (aumenta tolerância à seca);

ü Protege o solo da erosão (reduz o impacto direto da
chuva sobre o solo);

ü Reduz o aparecimento de plantas daninhas;

ü Reduz o número de aplicações e a quantidade de
herbicida por hectare/ano;

ü Remobiliza os nutrientes de camadas mais profundas
para a superfície do solo (ciclagem de nutrientes);

ü Diminui o trânsito de máquinas no pomar, evitando a
formação de camadas compactadas no solo;

ü Reduz os custos com o controle de plantas daninhas;

ü Melhora a produtividade e qualidade dos frutos.

Rentabilidade

A renda líquida nos manejos com coberturas vegetais e
subsolagem foi, em média, 39,1% maior em comparação aos manejos mecanizados no
controle das plantas daninhas.

As espécies de coberturas vegetais/adubos verdes
recomendadas para o consórcio com o mamoeiro são feijão-de-porco (anual),
crotalárias (anuais), calopogônio (perene), amendoim forrageiro (perene) e
braquiária ruziziense (perene).

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br