A versatilidade do mulching no uso da água

A versatilidade do mulching no uso da água

Mônica Bartira da Silva

Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP

monica.bartira@gmail.com

Marília Caixeta Sousa

Bióloga e doutoranda em Ciências Biológicas – UNESP

Luan Fernando Ormond Sobreira Rodrigues

Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura – UNESP

Crédito Agrolord
Crédito Agrolord

Você já ficou sem água por um dia? Não poder lavar as mãos, tomar banho, fazer um café ou mesmo se refrescar com um copo de água gelada? Esses exemplos são coisas comuns do dia a dia de qualquer pessoa. Vamos então mudar o campo de visão, trazendo para a realidade de um produtor. Imagine essa falta de água em uma lavoura – em uma planta! Pensou? Então agora associe isto ao seguinte contexto.

Quando as plantas fazem fotossíntese, esse processo exige que elas retirem dióxido de carbono da atmosfera e ao mesmo tempo as expõem à perda de água, fazendo com que possa ocorrer a desidratação das mesmas.

Para impedir isso, a planta absorve água pelas raízes e a transporta ao longo de todo o seu “corpo“. Mesmo pequenos desequilíbrios entre a absorção, transporte e a perda de água para a atmosfera podem causar déficits hídricos e prejudicar o funcionamento de inúmeros processos celulares da planta, sendo a água o recurso-chave que limita a produtividade agrícola.

Devido ao crescimento populacional e à demanda por alimentos cada vez maiores, é evidente o aumento na utilização de recursos hídricos na agricultura. Segundo projeções, o consumo de água chegará a 5.600 km3 ano-1 em 2050, três vezes a quantidade de água utilizada atualmente para irrigação em todo o mundo. Neste contexto, a eficiência do uso da água é uma exigência para assegurar a sobrevivência humana.

O mulching protege o solo e otimiza a produtividade - Crédito Agrolord
O mulching protege o solo e otimiza a produtividade – Crédito Agrolord

Conscientização

A busca crescente por recursos de água nas diversas atividades, principalmente associado à incorporação de novas áreas irrigadas ao processo produtivo, tanto no Brasil como em outras partes do mundo, acentua a necessidade de uso consciente.

Em condições de escassez em quantidade e/ou qualidade, a água deixou de ser um bem livre e passou a ter valor econômico. Segundo informações da ONU/OMS, divulgadas em 2002, há países no mundo que já importam água potável, retiram das geleiras ou trocam por petróleo.

A partir disto, inúmeras técnicas vêm sendo desenvolvidas buscando reduzir os gastos com água. Dentre elas, a cobertura de solo, também nomeada de ‘mulching’, que teve início na década de 50, é conhecida por ser um sistema de proteção que utiliza materiais propícios para cobrir o solo, funcionando como barreira física entre o solo e a atmosfera.

Alface cultivada sobre mulching - Crédito Luan Fernando Ormond
Alface cultivada sobre mulching – Crédito Luan Fernando Ormond

Proteção do solo

As coberturas mais tradicionais são de materiais orgânicos vegetais, como capim, palha, bagaço, casca e outros produtos que estejam disponíveis, como pedras, cascalho, carvão, papel tratado, etc., entretanto, nenhum deles supera a aplicação do plástico, devido a sua diversidade na composição, disponibilidade no mercado, facilidade no manejo e custo acessível, além de apresentar variedades de cores, em que cada cor oferece uma função.

Diversos filmes plásticos podem ser utilizados para cobrir os solos: opaco, preto, transparente, cinza, verde, azul, violeta, laranja, marrom, amarelo e prateado/preto (dupla-face). Dependendo da coloração, da opacidade ou da transparência, esses filmes apresentam maior ou menor capacidade de transmitir radiações caloríficas e visíveis.

Contudo, dentre esses tipos de mulchings plásticos, existem três mais utilizados na área de hortaliças:

Mulching preto: conhecido como um filme plástico de polietileno, possui como principais características a alta durabilidade, resistência e elasticidade. A tonalidade preta absorve o calor e cria uma camada com uma temperatura elevada.

Mulching preto e branco: possibilita uma alta refletividade de dispersão de luz, fazendo com que as hortaliças recebam luz de forma uniforme. Esse material esquenta menos em relação ao mulching preto, provocando menor queima de folhas em hortaliças.

Mulching preto e prata: um tipo de plástico que mescla as características dos outros dois tipos citados anteriormente. Não oferece risco de queimar as folhas e frutos e sua cor auxilia a ofuscar a visão de insetos voadores. Contudo, esta característica pode ainda incomodar a visão de algumas pessoas, e para evitar isso alguns produtores oferecem óculos de sol aos seus funcionários.

O mulching diminui a evaporação superficial do solo - Crédito Agrolord
O mulching diminui a evaporação superficial do solo – Crédito Agrolord

Causa e efeito

De maneira resumida, pode-se dizer que os plásticos transparentes produzem o efeito estufa no solo, aquecendo-o. Plásticos pretos não causam esse efeito e os brancos ou prateados refletem a luz solar, diminuindo a temperatura do solo, sendo um fator importantíssimo para sua umidade, porque o uso do plástico reduz a evaporação e diminui o consumo de água.

Devido ao elevado grau de impermeabilidade das coberturas de plástico ao vapor de água, a utilização de mulching permite diminuição na evaporação superficial do solo, contribuindo, consequentemente, para a redução da evapotranspiração das culturas, processo esse calculado pela soma da água que evapora do solo com a água eliminada pela planta pela transpiração. Dessa forma, menos água é requerida por unidade de produção.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br