Marina Guimarães Pacifico
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutoranda em Proteção de Plantas (UNESP Botucatu)
ma_pacifico1@hotmail.com
O LMV (Lettucemosaicvirus) está disseminado por todo o mundo. O vírus possui ampla gama de hospedeiros, infectando 121 espécies vegetais. A maioria das espécies hospedeiras encontra-se na família Asteraceae, Ã qual pertence a alface, sendo que a presença das plantas daninhas pode favorecer o surgimento de sintomas do LMV por serem hospedeiras do vírus, e a prática de plantios consecutivos pode influenciar o aparecimento da virose.
Além disso, fatores climáticos, como a temperatura, são fator significante no desenvolvimento do afÃdeo (inseto vetor do LMV), sendo influenciado por temperaturas amenas (20-22°C). O período de maiores revoadas desse pulgão é de abril a setembro, com picos no mês de maio.
O sintoma principal é o mosaico, acompanhado de nanismo e de deformação e redução da área foliar. Assim, o desenvolvimento da planta é prejudicado, com produção de plantas pequenas, amareladas e fora do padrão comercial. Porém, quando ocorre infecção tardia, os sintomas podem ser mosaico leve e normalmente visÃvel nas folhas novas.
O vírus, quando transmitido por semente, pode possuir uma taxa de transmissão de aproximadamente 16%. O LMV é disseminado a longas distâncias por meio do intercâmbio de sementes infectadas. Perdas de até 100% podem ocorrer caso sejam utilizadas sementes infectadas e altas concentrações de pulgões estiverem presentes no campo.
Manejo preventivo
As recomendações para o manejo preventivo contra a LMV na produção de alface são:
â–º Plantar cultivares que apresentem resistência ao LMV,usar sementes livres de vírus, certificadas e adquiridas de empresas idôneas;
â–º Plantar mudas de boa qualidade, protegidas de pulgões por tela antiafÃdeo. A malha do telado impede a passagem de insetos para a cultura no interior da estufa, resultando em boa proteção das plantas aos insetos;
â–º Não cultivar ao lado de campos com alta incidência do LMV;
â–º Eliminação de reservatórios naturais do vírus (como plantas daninhas hospedeiras e plantas de alface abandonadas). As plantas daninhas hospedeiras serão fonte de inóculo da virose. Os cultivos de alface devem ser livres o quanto possível de vegetação espontânea ou de outras culturas que possam servir como fonte do vírus ou do vetor. Além de manter a cultura no limpo, sem ervas daninhas hospedeiras dos insetos vetores e viroses, a eliminação das plantas atacadas também se faz importante;
â–º Leve as mudas protegidas com inseticida para o campo (vacinação). Pouco antes do transplante faça uma boa pulverização com um inseticida para retardar o início da colonização pelos pulgões;
â–º Evitar que a própria alface ou outros matos sirvam de criadouro de pulgões. Após a colheita, destrua imediatamente todos os restos de cultura. Com uma rotativa incorpore tudo no solo e mantenha o canteiro livre de plantas daninhas até o próximo plantio.
â–º O controle químico com inseticidas não é tão efetivo na prevenção do LMV. O LMV é transmitido de forma não persistente por pulgão. O inseto-vetor pode transmitir o vírus rapidamente (em poucos segundos) por meio da picada de prova. Neste caso, os inseticidas recomendados não são suficientemente rápidos para matar os vetores antes da inoculação dos vírus. E em certos casos, podem até aumentar a incidência dos vírus por eles transmitidos, em consequência da excitação causada pelos inseticidas durante as picadas de prova. Assim, o uso somente de inseticida não tem tido efeito na redução da incidência desse vírus.
Dessa maneira, o uso de uma ou mais medidas, isoladamente, não é suficiente para promover o controle da doença com valor prático. Deve-se realizar o manejo integrado, com a utilização de todas as técnicas disponíveis ao agricultor. Lembrando que não há medidas curativas para salvar as plantas já infectadas com a virose.
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