Implantação de sistema hidropônico potencializa produção de 30 a 50%

Implantação de sistema hidropônico potencializa produção de 30 a 50%

 

Crédito Jorge Barcelos
Crédito Jorge Barcelos

Técnica de cultivo sem solo pode ser utilizada em centros urbanos e traz alimentos com maior qualidade e frequência

 

O crescimento da população mundial é uma preocupação constante para o setor de produção e distribuição de alimentos. Os recursos naturais do planeta são limitados e, para alcançar esse objetivo, constantemente devem-se buscar alternativas para propiciar o aumento da produção, com boas práticas agrícolas.

No setor agrícola, uma técnica de cultivo sem solo que foi adotada inicialmente em 1935 pelo Dr. William. F. Gericke, da Universidade da Califórnia, permitiu o desenvolvimento da cultura em escala comercial, assim como no campo.

Como funciona

A hidroponia é um sistema que não utiliza o solo como substrato, por isso pode ser aplicada em qualquer local, incluindo centros urbanos. Todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta ficam na água, onde são cultivadas dentro de uma estufa. Neste caso, o início da colheita é mais precoce do que as produzidas em condições de campo.

Alguns associados da Aphortesp (Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrúti do Estado de São Paulo) já trabalham com essa técnica. “O principal benefício da hidroponia é que temos a garantia de uma produção de qualidade e mais higienizada o ano todo. Além disso, a produtividade pode aumentar de 30 a 50%, o produto cresce muito mais rápido e de maneira saudável“, declara o especialista associado, Danilo Duarte.

“Várias espécies podem ser cultivadas por esse sistema, como alface, rúcula, pepino, brócolis, tomate e muitas outras. A colocação do produto no mercado também fica melhor, por ser de qualidade e boa aparência“, completa o especialista.

 Segundo ele, para implantar o sistema hidropônico são necessárias estufas, terraplenagens, mesas, bancadas e sistemas hidráulicos e elétricos, por isso há um custo inicial mais elevado – “o investimento começa entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, e por isso muitos produtores ainda ficam reticentes. A falta de mão de obra especializada também é um problema muito grande“, afirma.

Colheita antecipada também é benefício

O cultivo hidropônico de folhosas, como alface e rúcula, proporciona também maior agilidade na produção. As oscilações no crescimento da planta são bem menores, de modo que ela atinge maior tamanho em menor tempo.

“Pode até parecer que o ciclo é encurtado, mas o correto é dizer que a planta cresce de forma mais cadenciada e, então, quem é antecipada, na verdade, é a colheita. Mas isso ocorre quando o produtor adota procedimentos básicos e adequados, dignos de um cultivo hidropônico“, explica Jorge Barcelos, professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina.

Na horta do Laboratório de Hidroponia da UFSC, citada como exemplo pelo professor, ele tem conseguido colher alface entre 32 a 42 dias após a data de semeadura, dependendo da cultivar e do clima. “Pode parecer algo impossível de acontecer, mas é a pura verdade. Isto, sem aplicar ou pulverizar nada, além de água e adubos. Tal façanha tem sido alcançada por concentrarmos energias em adotar procedimentos óbvios para o bom crescimento da planta“, pontua.

Portanto, o ciclo da alface não é antecipado, mas sim a colheita. Tudo é feito para a planta se aproximar do seu potencial máximo de crescimento, com carinho e capricho. E é dessa forma que a horta do LabHidro tem aumentado sua produtividade, com maior rotatividade na produção.

Vale o quanto custa?

É verdade que tudo tem seu preço. Jorge Barcelos confirma que os custos na hidroponia são elevados. “A questão estrutura e mão de obra (ou automação) tem seu preço. A apresentação do produto de forma condizente com sua qualidade tem seu preço, hoje, em torno de R$ 0,80 a R$ 1,20 para produzir um pé de alface hidropônica, embora somente admita ou reconheça esse custo quem considerar todo o processo, desde antes da semeadura até a entrega do produto no ponto de venda (capacitação, implantação, produção e distribuição)“, calcula.

Paralelamente, o mercado tem um consumidor cada vez mais exigente, à procura de produto de qualidade e que esteja disponível independente da estação do ano.Em resumo, hidroponia sugere mais do que produtividade. Sugere rotatividade, qualidade e, principalmente, alimentos produzidos com muita tecnologia.

Essa matéria você encontra na edição de julho da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua.

 

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br