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Glaucio da Cruz Genuncio
glauciogenuncio@gmail.com
Doutor em Nutrição Mineral de Plantas-UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Fertilidade do Solos-UFRRJ
Elisamara Caldeira do Nascimento
MSc em Fitotecnia – UFRRJ
O cultivo protegido tem por premissa básica a proteção da cultura frente aos fatores bióticos e abióticos que interferem tanto na produção quanto na produtividade e qualidade pré e pós-colheita das partes vegetais de interesse econômico. Assim, quando referenciamos a aplicação da técnica do cultivo protegido na agricultura, é importante destacar que o cultivo protegido não se resume ao uso de estufas agrícolas.
A aplicação do plástico em canteiros de morango e alface (mulching) tem como objetivo a manutenção da umidade do solo, redução de perdas de nutrientes, como por exemplo, por volatilização do nitrogênio, controle efetivo de ervas daninhas e redução do ataque de botrytis em morango e da disseminação de pectobacterium em alface presente no solo.
Modernização
O uso de telas termorrefletivas e de seletividade específica para comprimentos de onda maximizam a fotossíntese das culturas, além de garantir melhor controle ambiental. A aplicação de plásticos com aditivos, cuja finalidade é melhorar a distribuição da luz difusa dentro da estufa e/ou o uso de plásticos que reduzam a entrada de radiação UV-B e UV-B, propiciam uma melhor qualidade ambiental para os trabalhadores dos setores agrícolas. Além disso, a maior durabilidade do plástico é um exemplo efetivo da evolução na produção de alimentos.
Em consonância, temos o uso da hidroponia sob o cultivo em ambiente protegido. Tal uso se faz importante por trazer benefícios importantes ao setor, como uma maior garantia de qualidade do produto no pós-venda, com maior tempo de prateleira, limpeza, sabor, textura, aparência visual, massa e diâmetro acumulados; maior produção, produtividade, aproveitamento de área em sistemas hortÃcolas, de plantas aromáticas, medicinais e ornamentais, com redução significativa da efeitos da sazonalidade.
Consequente, há fixação de preço, sendo este fato favorecedor de um planejamento financeiro a médio e longo prazos e de expansão da área produtiva, o que é primordial na agricultura, por se tratar de um investimento de risco.
Racionalidade no uso da água
Algo que merece destaque neste contexto é o uso eficiente da água com o uso da hidroponia. A escassez de água faz parte do cotidiano na região sudeste do Brasil atualmente e, por isso, é importante ressaltar que regiões como o nordeste brasileiro tais problemas se apresentam de forma endêmica.
Assim, o uso da hidroponia torna-se mais relevante neste contexto, por potencialmente economizar de 50 a 70% de água, uma vez que as taxas de evaporação, escoamento superficial e percolação são significativamente reduzidas.
Fisiologicamente, uma planta, para formar 1 g de massa seca, necessita de 500 g de água. Assim, ao considerarmos que uma planta de alface bem formada tem 500 g de massa fresca, e que a concentração de água no pé de alface aproxima-se de 90%, podemos supor que para que esta planta consiga gerar os 10% de massa seca (50g) ela necessitará, em seu ciclo de vida (que dura, aproximadamente, 40 dias), de 25.000 g de água, ou seja, 25 L de água.
Com a hidroponia, estima-se que o consumo de água para o crescimento desta mesma planta será entre 7,5 a 12,5 L, representando assim uma redução significativa do recurso para os tempos atuais de “falta d´água“.
Somando-se a isso, a hidroponia destaca-se pela garantia de não contaminação com coliformes fecais, assim como existe uma maior efetividade no controle de pragas e doenças. A adoção de técnicas de controle biológico, com a introdução de inimigos naturais ou o uso de fungicidas e inseticidas biológicos, como o Bacillus subtilis e a Azadiractina, respectivamente é uma realidade na hidroponia, com consequente redução e eliminação do uso de defensivos nestes cultivos.
Garantias
É importante ressaltar a garantia que o consumidor tem quando adquire um produto hidropônico, pois são produtos provenientes de uma adubação mais equilibrada, ausentes de metais pesados, assim como acúmulo de nitrato, que de acordo com inúmeros trabalhos cientÃficos sempre estão dentro da faixa determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Mundial para Agricultura e Alimentação (FAO). Para fins de consulta, estas duas organizações estabelecem uma dose diária limite de 3,65 mg de nitrato por quilo de massa corporal.
O que é preciso
Para o cultivo em ambiente protegido (uso de estufas e casas de vegetação) com sistemas de cultivo em solo e sem solo ou fertirrigado e hidropônico estima-se uma área de 20.000 ha. Alguns técnicos, pesquisadores e pessoas do setor de produção de equipamentos defendem áreas superiores a 50.000 ha de cultivo em ambiente protegido.
Estes valores são difÃceis de serem levantados, uma vez que parte significativa dos projetos não é computada para a geração de estatÃsticas que fidelizem tais informações.
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