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Heitor A. Pagnan
Engenheiro agrônomo da Maxxi Mudas
Valdir Monegat
Técnico agrícola da Maxxi Mudas
Nos últimos 15 anos a cultura do morango obteve vários avanços, principalmente em variedades, técnicas de manejo e de produção. Esses avanços possibilitaram que a cultura se expandisse em muitas regiões do país que não tinham tradição no seu cultivo.
Destacamos como principal fator a introdução de novas variedades, que por meio das suas características fisiológicas e genéticas possibilitaram seu cultivo e adaptabilidade em regiões de diferentes altitudes, desde próximas ao nível do mar, como Feliz (RS), até altitudes de 1.600 metros ou mais, como no Sul de Minas Gerais.
As novas variedades, associadas a tecnologias como irrigação por gotejamento, fertirrigação, cobertura plástica (microtúneis) e manejos biológicos, propiciou um avanço significativo na produtividade, qualidade e oferta do produto no mercado durante o ano todo.
A busca por novas tecnologias e sistemas de produção do morango tem sido uma constante entre os produtores, a fim de facilitar e melhorar suas vidas. Dentro dessa lógica, citamos a produção de morangos cultivados em substrato, ou o que comumente se chama de “cultivo semi-hidropônico“.
Evolução da hidroponia
Há cerca de 10 anos, produtores da serra gaúcha iniciaram plantios de morango em substrato com casca de arroz em bancadas de forma piramidal, utilizando cinco prateleiras. Todavia, observou-se que as plantas da parte inferior, que recebiam menos luminosidade, produziam bem menos.
O sistema foi adaptado de tal forma que hoje se utilizam bancadas com duas linhas de “slabs“, ou travesseiros, a uma altura aproximada de um metro do solo. Ou seja, as plantas ficam todas no mesmo nível. Dessa forma elas recebem luz de forma uniforme, melhor ventilação, facilitando o manejo e a colheita.
Como exemplo, numa estufa com 5 m de largura e 50 m de comprimento pode-se colocar quatro bancadas com duas linhas de “slabs“, cada uma num total de 3.600 plantas, ou seja, em torno de nove plantas por metro linear. Dessa forma, pode-se colocar de duas a 2,5 vezes mais plantas por hectare, se comparado ao plantio no solo.
Citamos alguns motivos que fizeram produtores migrarem para esse sistema de bancadas:
- O uso sucessivo do solo sem a devida rotação de culturas e manejo adequados têm aumentado a quantidade de fungos danosos à cultura do morango;
- Adubações e calagens pesadas tornaram o solo desequilibrado;
- Dificuldade na obtenção de mão de obra, bem como o fato de que o plantio do morango em microtúneis exige que o trabalhador fique numa posição permanentemente agachado, gerando um cansaço prematuro;
- Na bancada o trabalhador fica de forma ereta;
- O sistema de bancadas facilita os tratos culturais, limpeza da planta e colheita;
- O sistema proporciona uma melhor ventilação na planta, diminuindo a temperatura e a incidência de doenças e pragas;
- Após a montagem desse tipo de estrutura, ela pode durar vários anos, tendo seu custo diluÃdo.
Fique atento
É importante salientar que estamos tentando imitar o solo, e, nessa tentativa, é possível não se conseguir exatamente as mesmas condições do solo. Por isso, nossa recomendação é que se comece aos poucos, não migrando totalmente do plantio no solo para as bancadas.
A maioria dos produtores tem cometido equívocos que chegam a quase inviabilizar a produção nesse sistema. E frisamos que esses erros são em função do absoluto desconhecimento de algumas informações muito básicas.
Um dos principais erros está relacionado ao substrato e às adubações utilizadas. O substrato deve ser poroso, para que tenha boa drenagem e aeração, para bom desenvolvimento de raízes.
Essenciais
Três fatores são fundamentais para o bom desenvolvimento da cultura nesse sistema:
 – Luminosidade: a luz é a principal fonte de energia para a planta. Por meio da fotossíntese a planta obtém a maior parte da energia necessária ao seu desenvolvimento. Outra parte é obtida dos nutrientes absorvidos do solo. Locais muito sombreados e com pouca luz para a planta acarretam estiolamento das folhas, pouca produção, frutos menores e com menos sabor.
 – Ventilação: a estufa deve ter uma boa ventilação com as laterais sempre abertas para diminuir a temperatura interna. Quanto mais quente estiver a planta, maior será a probabilidade dela ser atacada por ácaros e outros insetos.
Em regiões de baixa altitude com noites e dias quentes, temperaturas acima dos 28ºC poderão acarretar o abortamento de flores. O uso de telas ou outros meios que diminuam a temperatura são válidos para que tais problemas sejam diminuÃdos.
 – Nutrição: a planta deve ser nutrida de tal forma que receba todos os nutrientes denominados macro e micronutrientes necessários para seu desenvolvimento. Durante a primeira semana pós-plantio, o substrato deverá ser mantido úmido para que inicialmente a planta encontre um ambiente favorável para o desenvolvimento de novas raízes.
A condutividade elétrica deve estar abaixo de 1,0 mS/cm e o pH em torno de 6,0. Caso contrário, poderá haver queima das novas raízes. Nesse caso, a planta gastará suas reservas, definhando, podendo vir a morrer.
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