A relevância da inovação para um agronegócio cada vez mais sustentável

A relevância da inovação para um agronegócio cada vez mais sustentável

Por Alvaro Gallo, sócio do Trench Rossi
Watanabe

O Brasil está muito bem posicionado em termos
de capacidade competitiva por ter um potente agronegócio como fonte de riqueza
produtiva. As características geográficas do país – dimensões continentais,
clima propício e a maior diversidade de biomas do planeta, aliadas a
tecnologias e práticas de produção inovadoras – contribuem para fazer da
atividade uma referência para o mundo.

O setor representa 25% do PIB brasileiro e no
que diz respeito a exportações, aproximadamente 50% têm relação com produtos
oriundos do campo, sendo que somos o maior exportador de soja, carne, açúcar,
etanol, café e suco de laranja.

O potencial é resultado de um consistente
sistema de vanguarda, com capacidade crescente de produzir mais em menos
espaço. Nos últimos 50 anos, a produtividade do agronegócio brasileiro cresceu
386%, enquanto o aumento do tamanho da área usada correspondeu a apenas 83%.

Essa eficácia está diretamente ligada a
práticas sustentáveis, redução do impacto no meio ambiente e utilização
racional de recursos naturais. Mas toda essa pujança não acontece senão
lastreada por um processo de constante evolução, tanto no aspecto legislativo
quanto no de desenvolvimento tecnológico.

Esse empenho é igualmente crucial quando o
assunto é sustentabilidade. Estima-se que a população global será de
aproximadamente 9,5 bilhões em 2050. Para alimentar tanta gente, a FAO (Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, estima a necessidade de
aumentar a produção de comida em 70% – 20% já em 2032.

A oportunidade para o Brasil diante desse
cenário é gigantesca, visto que o país poderia aumentar o volume de exportações
de produtos alimentícios em 40%. Olhando para alguns dos principais itens de
nossa pauta exportadora, o comércio global de soja deverá aumentar em torno de
30%, o de milho 20%, e o de carne 17%.

O crescimento da população mundial deve ainda
resultar em significativo aumento de produção e consumo de energia. Por isso,
biocombustíveis como o etanol e o biodiesel têm papel relevante no âmbito das
políticas voltadas à sustentabilidade, contribuindo para a redução de emissão
dos gases de efeito estufa em função de sua crescente participação na matriz
energética.

Também entram nessa cesta energética, outras
fontes renováveis ligadas ao agronegócio, como a biomassa e a adoção de
tecnologias de baixa emissão de carbono, que juntamente às boas práticas
agrícolas, formam um conjunto de iniciativas que contribuem para a
diversificação da matriz energética e para o desenvolvimento cada vez mais
sustentável do setor no país.

Tudo isso resulta em impacto bastante positivo
nos esforços para cumprir metas estabelecidas no Acordo de Paris. Também baliza
as discussões por ocasião da COP 26, em Glasgow, cujos temas afins ao
agronegócio deverão incluir critérios claros a respeito do mercado de carbono.

No caso do Brasil é esperado um aumento de
quase 20% na participação da bioenergia na nossa matriz até 2030. É um
incentivo para que se priorize investimentos voltados ao desenvolvimento de
tecnologias e soluções inovadoras que resultem em ganhos de eficiência na produção
de biocombustíveis e demais fontes de energia limpa e renovável.

Sobre conexão, pouco mais de 20% da área rural
no Brasil tem cobertura de sinal de internet. A Escola Superior de Agronomia da
Universidade de São Paulo estima que o valor da produção agrícola poderia
aumentar em até R$ 100 bi com a ampliação do sinal de internet para 90% da área
rural.

Esses fatores estão relacionados à necessidade
premente de desenvolvimento de um arcabouço jurídico – leia-se políticas
públicas – que dê a segurança necessária e incentive investimentos em projetos
que aliem inovação a iniciativas socioambientais. Espera-se com isso que as
demandas por alimentos e energia limpa e renovável possam ser atendidas com o
menor impacto ao meio ambiente.
Apesar dos avanços e resultados surpreendentes
do nosso agronegócio, cada vez mais sustentável, as oportunidades de
investimentos e melhorias são enormes e desafiadoras, porém altamente
promissoras.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br