Carlos Eduardo Rossi
Pesquisador cientÃfico do Instituto Agronômico (IAC-Campinas)
rossi@iac.sp.gov.br
Ninguém quer perder dinheiro, principalmente se o destino for para sobrevivência ou mesmo investimento. Quando alguém ouve falar que “estufa dá dinheiro“ e não estuda todos os prós e contras ou contrata alguém que o assessore nos aspectos fitossanitários, pode ser que acabe em no mÃnimo duas safras como as imagens do artigo.
Assim, gostaria de apresentar-lhes um forte representante para causar prejuízo econômico em horticultura em ambiente protegido: o nematoide. A maioria dos produtores o conhece, ainda que só pelo nome.
Conhecem pelos danos! Sim, porque ele é um animal microscópico, que vive no solo em filmes de água e só sobrevive parasitando raízes. Seria muito difícil vê-lo sem o uso de um microscópio. E para separá-lo do solo ou das raízes, só processando amostras em laboratório especializado. E tem mais: há muitas espécies de nematoides que causam prejuízos às lavouras.
Sob proteção, mas em perigo
Em ambiente protegido, três são as mais importantes pragas – todas nematoides de galhas. Seus nomes cientÃficos são: Meloidogyne enterolobii, M. incognita e M. javanica. Outras espécies também podem aparecer, mas de forma secundária.
Para termos certeza do que ocorre e quando ocorre, precisamos analisar amostras de solo e raízes. Só assim teremos subsÃdios suficientes para planejar as ações de manejo, se for o caso.
E hoje estamos vivendo um boom de técnicas de controle e de produtos alternativos. Ninguém precisa aplicar um nematicida organofosforado ou carbamato, mesmo porque eles não são registrados para uso dentro de ambiente protegido. São extremamente tóxicos. E por causa disso, e dos prejuízos quase certos que os nematoides causam, surge esse boom de alternativas.
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Muitos produtos não têm registro no Ministério da Agricultura para controle de nematoides ou qualquer referência de controle de qualidade. Você compra, aplica e o resultado é incerto.
Então, a atenção deve ser direcionada aos produtos oriundos de empresas idôneas. Mas não é só de produtos que se faz o controle. É lançando mão do manejo, ou seja, partindo do princÃpio que os nematoides, no momento em que são introduzidos numa área, não podem mais ser totalmente eliminados.
Assim, as estratégias do controle são duas: diminuir as populações de nematoides restantes da safra anterior e que podem impedir as mudas transplantadas de se desenvolverem adequadamente e mantê-las abaixo do nível de dano durante a safra.
Para atender à primeira estratégia temos técnicas como: eliminação de restos culturais, principalmente raízes; alqueive úmido (após a eliminação dos restos culturais, revolver o solo e irrigar até a capacidade de campo. Deixar descansar por 25 dias antes do replante), rotação de culturas com plantas não hospedeiras, adubação verde com Crotalaria spectabilis e utilizar um adubo orgânico supressivo (cama de frango, torta de neem, torta de mamona etc.).
Para atender a segunda estratégia, podemos escolher uma cultivar resistente ao nematoide ou, se não houver, durante a condução da cultura podem-se aplicar produtos à base de fungos ou bactérias, agentes esses de controle biológico dos nematoides.
Assim, produtos que podem ser aplicados em fertirrigação, contendo como princÃpio ativo os fungos: Pochonia chlamydosporia, Purpureocillium lilacinus ou as bactérias Bacillus, hoje disponíveis no mercado, quando oriundos de fontes idôneas e aplicados corretamente reforçam o controle das populações dos nematoides durante a safra, evitando perdas. Eles atuam parasitando os ovos, as fêmeas e matando os juvenis.
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