Alfaces especiais

Alfaces especiais

O
consumidor brasileiro está cada dia mais exigente, de modo que vem buscando por
alimentos de melhor qualidade nutricional, estético e sabores diferenciados, o
que provoca um crescente aumento de diversidades

Rodrigo Vieira da Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – Instituto Federal Goiano – Campus Morrinhos, Morrinhos – GOrodrigo.silva@ifgoiano.edu.br 

Ana Paula Gonçalves Ferreira ana.goncalves@estudante.ifgoiano.edu.br 

Gabriela Araújo Martins gabriela.martins@estudante.ifgoiano.edu.br

Larissa Dias Ferreira da Silva larissa.ferreira@estudante.ifgoiano.edu.br

Graduandas em
Agronomia – IF Goiano – Campus Morrinhos

Dentre as hortaliças folhosas, a alface representa a mais
popular e consumida em todo o planeta, inclusive no Brasil. Ela é rica em
vitaminas e minerais, além de possuir em seus tecidos fibra alimentar,
proteína, gordura, carboidratos e açúcares.

A principal forma de consumo é in natura como
constituinte de saladas. A área de cultivo de alface no Brasil ocupa
aproximadamente 85.000 mil hectares, com uma produção de 1,5 milhão de
toneladas por ano, englobando os sistemas de cultivos: convencional, hidropônico
e orgânico.

Um dos principais fatores que proporciona o aumento no
consumo dessa hortaliça foi a procura por hábitos alimentares mais saudáveis,
já que, além de saborosa, é rica em nutrientes para a dieta humana. Vale
salientar que a alface se constitui uma espécie cultivada principalmente por
pequenos agricultores familiares, conferindo importante papel social.

Leque de opções

No mercado nacional encontramos uma grande diversidade de
tipos de alface, com destaque para a lisa, que tradicionalmente é utilizada em
saladas, enquanto a americana, ou crespa, é mais preferida pela indústria de
processamento mínimo, por tolerar melhor o processamento, na rede de
lanchonetes em sanduíches, devido a sua crocância, sabor e textura.

Recentemente, um nicho que vem ganhando destaque é o das
alfaces especiais, que nas mãos de um bom cozinheiro dão colorido, vida e sabor
às saladas, tornando-as ainda mais atraentes e apetitosas.

Classificação das alfaces

As cultivares de alface produzidas no mercado brasileiro
podem ser agrupadas em cinco tipos morfológicos principais, com base na
formação da cabeça e tipo de folhas: crespa, mimosa, frisée, romana, lisa,
americana e roxa. Os aspectos fisiológicos e morfológicos determinam a
variabilidade na conservação pós-colheita e também no manejo produtivo.

Para uma melhoria da produção agrícola, a pesquisa
agronômica faz-se uma grande aliada no desenvolvimento de tecnologias para
obter uma satisfatória qualidade e diversidade de produtos alimentícios. Esta
técnica também permite o desenvolvimento de produtos diferenciados, a exemplo
das alfaces especiais.

Portanto, o uso de cultivares melhoradas geneticamente tem
sido aliado de um bom manejo ambiental, ocorrendo, dessa forma, melhor
adaptação do genótipo, fazendo com que, dessa forma, a planta possa expressar
seu máximo potencial produtivo.

Diversificação do mercado

O consumidor brasileiro está cada dia mais exigente, de modo
que vem buscando por alimentos de melhor qualidade nutricional, estético e
sabores diferenciados, o que provoca um crescente aumento de diversidades.

No Brasil, a cultivar de alface de maior importância
econômica é a crespa, com cerca de 70% do consumo, seguido pela americana, com
15%, e a lisa e romana, com 10%; as demais, 5%.

Nos últimos anos, além das mais consumidas, vem crescendo
rapidamente o interesse por cultivares denominadas especiais, que apresentam
sabor e formato diferenciado. Dentre estas, merecem destaque as variedades
roxas e de folhas frisadas, freelice verde e roxa, mini romana.

Atrativo para o consumidor

O ponto-chave das alfaces especiais é que agradam os olhos e
o paladar dos consumidores, o que faz com que tenham papel de destaque na
decoração de diversos pratos.

De acordo com as novas exigências dos consumidores, temos as
alfaces do tipo baby leaf, que permitem uma colheita mais precoce em relação ao
tempo que tradicionalmente se costuma colher para o consumo. A exemplo, temos a
alface Baby Leaf, da Topseed Premium, que apresenta precocidade de colheita,
sendo que o tamanho de suas folhas vai depender principalmente da forma que
esta será consumida.

Outro tipo de alface que se enquadra na categoria especial
com sucesso a nível mundial é a Salanova, que possui características como
praticidade e eficiência para o consumidor. Apresenta um tamanho de cabeça
menor que as alfaces tidas como convencionais e podem atingir até 100 folhas em
uma única planta.

Devido a ter o tamanho reduzido, facilita no momento de
preparo e a sua grande variação de cor e texturas fazem muito sucesso em
saladas e decorações de refeições preparadas por especialistas em gastronomia e
chefs, deixando-as com um aspecto mais sofisticado.

No mercado nacional há uma grande gama de alfaces Salanova.
Vale ressaltar que este tipo especial de alface tem um rendimento até três
vezes maior que as variedades convencionais, o que tem chamado a atenção de
empresas de hortaliças mini processadas, varejistas e consumidores.

Essa variedade se adapta bem em ambientes abertos e
fechados, agrega valor ao produto e possui maior tempo de vida útil,
proporcionando economia de tempo para o consumidor.

Potencial do mercado

Na disputa pelo melhor produto e lucratividade, em um
mercado cada vez mais competitivo, os produtores de alface têm buscado novas variedades
diferenciadas. Além disso, procuram por tecnologias atuais para o
aperfeiçoamento de suas técnicas e alcançar uma alta eficiência na produção e
comercialização de produtos.

Nas últimas décadas, impulsionado pelo mercado vegetariano,
vegano e fitness, houve um aumento significativo da demanda por alface, e,
consequentemente, por novas variedades que sejam mais atraentes e saborosas,
produtivas, nutritivas e que possuam uma melhor adaptação da cultura para cada
região do País.

Entre as diversas cultivares disponíveis, desenvolvidas
principalmente pela Embrapa Hortaliças, encontra-se uma ampla diversidade de
cores, consistência, formas e tamanho. Para a obtenção de uma maior produtividade,
a escolha de uma semente de alta qualidade fisiológica é essencial, pois dessa
forma será possível que se obtenha rápida e uniforme germinação, além de um
maior vigor no seu desenvolvimento.

Tendência

A tendência é que o cultivo de alfaces denominadas especiais
aumente para atender as exigências dos consumidores cada vez mais seletivos.
Este fato ocorre em função destas apresentarem características diferenciadas
quanto à crocância, tamanho reduzido, sabor agradável, cores e formatos de
folhas variadas, além de uma maior durabilidade.

Em função dessas características, os tipos de alfaces
especiais apresentam grande potencial de mercado, uma vez que estas apresentam
peculiaridades que as distinguirão das variedades de alface comum. Estas
cultivares podem ser cultivadas durante o ano todo, apresentando ainda a
possibilidade do emprego de cultivos hidropônicos, orgânicos ou, ainda,
convencionais.

Portanto, o cultivo de alfaces especiais permite ao produtor
maior exploração do nicho econômico à medida que estas agradam o paladar dos
consumidores Brasil afora, o que faz com que o seu potencial de mercado seja
bastante promissor com o passar dos anos.

Manejo das alfaces especiais

No Brasil, existe a possibilidade de cultivo de alface durante
todo o ano em função das condições climáticas, que variam de um clima tropical
a semitropical. A adoção de novas técnicas de cultivo que utilizam com mais
eficácia a água, fertilizantes e área de cultivo otimizam o sistema produtivo,
que pode ser realizado em campo aberto ou cultivo protegido.

Em razão de um maior controle dos fatores ambientais, o
cultivo de alface em ambientes protegidos vem crescendo nos últimos anos.
Quando aliado ao emprego de práticas adequadas de irrigação e adubação, este
tipo de sistema de cultivo pode contribuir com o aumento da produtividade, além
da melhoria da qualidade final do produto.

Diferencial no cultivo

O cultivo da maioria dos produtores das hortaliças,
inclusive de alface, é realizado de maneira tradicional, ou seja, utilizam o
solo substrato e principal fonte de nutrientes em canteiros a céu aberto.

Todavia, para as alfaces especiais, os cultivos protegidos
em casas de vegetação, associados à hidroponia, têm sido os preferidos, uma vez
que proporciona melhor controle de temperatura, umidade e nutrientes, além de
facilitar o manejo fitossanitário.

No cultivo hidropônico utilizam-se de canaletas, por onde
circula a solução nutritiva que será absorvida pelas raízes das plantas. Este
tipo de cultivo emprega uma solução nutritiva composta por água e sais
minerais, responsável em fornecer os nutrientes necessários para o crescimento
do vegetal.

A planta não tem contato com o solo e seu desenvolvimento
ocorre pelo contato de suas raízes com uma solução nutritiva. A solução
nutritiva é um dos fatores que mais contribui para o sucesso ou insucesso do
cultivo hidropônico. Uma solução nutritiva mal calculada pode resultar em
subnutrição das plantas e, consequentemente, em atrasos no ciclo produtivo e
redução do rendimento.

Orgânicos

Uma outra opção de cultivo é o orgânico, mais natural, com o
mínimo de substâncias sintéticas industriais, que vem crescendo muito nas
últimas décadas. Utiliza-se principalmente composto orgânico na produção da
alface. Apresenta a vantagem de produzir alimentos mais saudáveis e livres de
agrotóxicos.

Vários estudos já foram feitos com a cultura da alface em
relação à adubação orgânica, sendo comprovado que o uso do composto orgânico na
cultura da alface promove aumento na produção e nos teores de nutrientes.

Erros mais frequentes

Um dos erros comuns ao se produzir em ambiente protegido é o
controle da irrigação, pois o acúmulo de umidade pode favorecer a multiplicação
de microrganismos causadores de doenças. Para evitar esse problema, faz-se
necessário manter a irrigação equilibrada, favorecendo a circulação de ar e
reduzir longos períodos de molhamento foliar, principalmente à noite ou no final
da tarde.

Controlar a frequência de rega, certificar se a água
utilizada é de boa qualidade e optar por dispositivos de irrigação localizada é
fundamental para o sucesso.

Outro erro bastante comum é a falta de conhecimentos
técnicos sobre o manejo da cultivar selecionada, pois a mesma depende de vários
fatores específicos em relação às condições climáticas, época de plantio,
suscetibilidade a patógenos e pragas, e nutrição de plantas, que poderão afetar
diretamente na produtividade.

Saber o espaçamento mais adequado também se constitui num
ponto importante, pois plantas muito adensadas favorecem o aparecimento de
doenças e o estiolamento das plantas.

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Como evitar prejuízos

Para o adequado manejo da cultura em ambiente protegido, é
necessário observar a qualidade da água, além dos fertilizantes utilizados, uma
vez que estes, quando apresentam alto índice de salinidade, contribuem com a
salinização do solo e aumento de doenças.

Dessa forma, é importante que sejam adotadas adubações
equilibradas para garantir mudas sadias, vigoras e resistentes a pragas e
doenças. Estas devem ser realizadas de maneira a adicionar apenas os nutrientes
que serão extraídos pela cultura. Além disso, vale ressaltar a importância da
adição de matéria orgânica, seja na forma de composto, seja na forma de
esterco.

Para auxiliar no controle de todos estes importantes
aspectos de manejo das alfaces especiais, o ideal é ter o acompanhamento de um agrônomo
especialista em produção de hortaliças.

Custo-benefício

Devido ao seu uso ter se tornado frequente, vários
produtores estão investindo em cultivo em ambiente protegido, porém, é
importante saber que o custo de implantação dessa estrutura é considerado
relativamente caro, portanto, deve-se realizar uma análise prévia do
custo-benefício da hortaliça escolhida e o tempo necessário para o retorno
econômico.

O produtor também deve se planejar para conhecer quanto
ciclos de produção durante o ano ele precisará produzir para recuperar o
investimento e tornar a atividade lucrativa.

Para realizar esse cálculo de retorno de investimento, o
produtor deve analisar algumas variáveis, tais como o investimento na
implantação do cultivo, o quanto irá produzir (quantidade de estufas), material
utilizado na estrutura, rápido retorno da cultura ao investimento e se a
propriedade é localizada próximo aos grandes centros de produção, para diminuir
gastos com frete e transporte.


Faça as contas!

Para otimizar a produção, o produtor deve realizar ciclos
sucessivos de produção, de modo a não deixar a estufa ociosa. Para produção de
folhosas, como a alface, uma estufa de 1.000 m2 possui, em média, um
investimento inicial de R$ 50 mil, levando em consideração todos os materiais
utilizados como a estrutura metálica de aço galvanizado, perfis de alumínio
para acabamento de telas em muretas, filme plástico difusor de luz para
cobertura, tela de sombreamento mão de obra e frete.

Porém, o valor de investimento pode ser maior pois possui
outros gastos como terraplanagem da área, piso, muretas, captação de água e o
sistema de irrigação.


Alfaces especiais

Como ter um
plantio de sucesso

Saulo Strazeio CardosoEngenheiro agrônomo, doutor em agronomia e professor – Faculdades Associadas de Uberabasaulo.cardoso@fazu.br

Marcela Caetano LopesBióloga e doutoranda em Agronomia – FCA/UNESP – Botucatumacaetano20@hotmail.com

Andreza Lopes do Carmo Química e graduanda em Agronomia – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – Campus Iturama andrezalopesdocarmo@hotmail.com

Uma problemática que a maioria dos produtores enfrenta no
cultivo de alfaces está relacionada às condições climáticas e à necessidade de
tecnologias que favoreçam ainda mais o seu desempenho e aumento nas demandas de
cultivo. De modo geral, os fatores climáticos influenciam direta e
indiretamente na produção de hortaliças, sendo a luz um fator determinante na
produção.

Cultivos dessa hortaliça sob condições ótimas de luz,
juntamente com outros fatores positivos, mostram uma fotossíntese elevada e
aumento na acumulação de matéria seca. Quando exposta a condições adversas,
como por exemplo, cultivo em ambientes que apresentam altas temperaturas, a
alface tende a reduzir seu ciclo, comprometendo assim sua produção e,
consequentemente, apresentando folhas mais rígidas.

Ainda sob essas condições, as plantas tendem a estimular o
pendoamento, sendo esta uma característica indesejável, já que inviabiliza o
produto para comercialização.

Inovações

Nesse contexto, visando vencer a barreira climática e
favorecer a produção de alface em regiões mais quentes do Brasil, pesquisadores
da Embrapa Hortaliças – DF desenvolveram duas novas variedades de alface crespa
que apresentam uma maior tolerância ao calor, bem como maior adaptabilidade às
condições tropicais, independente do sistema de produção.

Atualmente, se tem disponível um grande número de cultivares
de alface, tanto importadas quanto as nacionais, desenvolvidas por instituições
de pesquisa e ensino, sendo característica importante delas a “tropicalização”,
ou seja, adaptadas para as condições da maior parte do território nacional.

Elas apresentam maior tolerância ao florescimento,
ocasionado pelas temperaturas. “Altas temperaturas antecipam o florescimento da
alface e, nessa etapa, ocorre a produção de látex, que vai conferir à planta um
sabor amargo. Por tolerar melhor o calor, essas cultivares têm florescimento
tardio”, explica o pesquisador Fábio Suinaga, coordenador do programa de
melhoramento genético de alface da Embrapa Hortaliças.

A cultivar BRS Leila resiste, em média, 10 dias mais ao
calor, antes de iniciar o florescimento, enquanto a cultivar BRS Mediterrânea
destaca-se pelo vigor no crescimento vegetativo, sendo, em média, sete dias
mais precoce que as cultivares comerciais no mercado.

Mesmo em condições de temperatura superior à faixa de
temperatura ideal de cultivo, as plantas atingem o tamanho comercial desejável
no momento da colheita. A precocidade também está associada à menor demanda
hídrica da cultivar, que contribui para a sustentabilidade do sistema de
produção, e à intensificação do uso da área, que antecipa a disponibilização do
produto para o mercado consumidor.

Pequenas só no tamanho

No Brasil, existe um mercado crescente e promissor, porém,
ainda pouco explorado – o segmento de mini alfaces, que tem despertado
interesse de alguns produtores e, principalmente, dos consumidores de maior
poder aquisitivo. Em alguns restaurantes, os chefs de cozinha têm usado
esse tipo de alface para proporcionar um toque de requinte e originalidade a
saladas exclusivas ou gourmets.

Essas cultivares apresentam um tamanho reduzido em
comparação às de tamanho normal, porém, no Brasil tem sido verificado o cultivo
de mini alface apenas do segmento lisa, mimosa e romana. Ainda são poucos os
produtores que produzem essa variedade de alface, pois seu cultivo tem sido
restrito a parcerias de trabalho com contrato de exclusividade e o custo da
semente é de alto valor agregado.

Uma outra forma de comercialização são as alfaces “baby
leaf”. O conceito de baby leaf para alface não se baseia apenas na colheita
antecipada das folhas. Existem cultivares específicas para essa finalidade de
cultivo e que apresentam folhas mais alongadas, limbo foliar mais estreito,
folhas mais espessas e nervura central mais grossa. Entretanto, não tem sido
verificado entre os produtores do País o uso de cultivares específicas dessa
folhosa para baby leaf.

As alfaces baby leaf apresentam folhas ainda não expandidas
totalmente e são colhidas precocemente em relação ao tempo em que
tradicionalmente se costuma colher para consumo. No mercado de baby leaf, as
folhas jovens da alface podem ser comercializadas de forma individualizada ou
encontrada na forma de uma mescla com diversas espécies de hortaliças (rúcula
chicória, beterraba, repolho), com folhas de diferentes formatos, cores,
textura e sabores.

A praticidade é a principal característica da baby leaf, em
virtude dessa hortaliça ser embalada devidamente sanitizada e pronta para ser
consumida, porém, requer cuidados especiais na fase de desenvolvimento do
cultivo e na pós-colheita.

Entretanto, a alface baby leaf tem sido comercializada no
varejo por um preço muito elevado e restrito a consumidores de alto poder
aquisitivo. No mercado brasileiro, a introdução da baby leaf tem estimulado o
consumo de hortaliças, principalmente por parte das crianças, que têm simpatia
por hortaliças de tamanho reduzido e cores diversificadas.

Com relação aos centros de comercialização, já é possível
encontrar essa hortaliça em diversos supermercados, principalmente os
localizados nas capitais ou os de maior porte. Porém, restaurantes, hotéis, buffets
e outros, têm dado preferência por essas cultivares especiais pelo fato de
serem muito mais atrativas visualmente aos seus clientes.

Ainda não é possível prever se o mercado para essas
cultivares especiais atingirá uma amplitude maior de consumidores no futuro.
Porém, trata-se de um mercado bastante promissor, demonstrando como o setor das
hortaliças é dinâmico e está sempre em busca de inovações.


Mais Verdes

Aposta em
qualidade

A Mais Verdes, empresa agrícola sediada em Cabreúva, no
interior paulista, nasceu em 2013, com objetivo de produzir hortaliças com alto
padrão de qualidade. Edmar Martinez, diretor de lá, conta que o negócio
expandiu após negociações e parcerias com grandes redes de supermercados, como
os supermercados Covabra e Boa, que viram o potencial e acreditaram na
valorização da qualidade e sustentabilidade da alimentação a longo prazo.

“Hoje atendemos mais de 22 redes de varejo, temos mais de
230 produtos na linha, desde de hortaliças, tomate especiais, cogumelos, além
de linha orgânica, que soma mais de 80 produtos”, relata o empresário.

Atualmente, a Mais Verdes produz 1,5 t/ha em uma área de 15
hectares. Quando perguntado sobre a rentabilidade, Edmar diz que está ficando
bastante comprometida. “O setor de horticultura vem sofrendo bastante com os
aumentos de custos, pois é um dos segmentos do agronegócio que sua venda não
está lastrada ao dólar, ou seja, temos muitos custos em dólar e as vendas
acontecem em reais”, lamenta.

Os principais custos lastreados em dólar são: fertilizantes,
sementes, insumos em geral, além das fortes altas na energia elétrica,
combustíveis e embalagens. Esses custos foram, em grande parte, absorvidos pelos
produtores, levando muitos deles a uma situação bem complicada ou fazendo-os
cessar suas atividades.

O varejo (supermercados), por sua vez, faz o papel deles,
pressionando para não terem grandes aumentos, porém a escassez de produtos,
oferta baixa x alta demanda, está lentamente ajustando essa balança, não no
ritmo necessário para corrigir os custos ou salvar os pequenos produtores.

Para Edmar, os mais prejudicados são os produtores
familiares, que não possuem estrutura ou formas de escoar sua produção diretamente
para redes de supermercados ou consumidor final, ficando ainda mais expostos a
atravessadores e onerando ainda mais suas margens.

Diferencial é a saída

A diferenciação na qualidade é uma das melhores maneiras de
tentar fugir das guerras de preços, na opinião de Edmar, pois possibilita ao
produtor ter um diferencial que pode se tornar o fato decisivo entre perder ou
ganhar novos mercados e consumidores.

“As hortaliças especiais precisam de um conjunto de fatores,
como nutrição balanceada, com acompanhamento constante, além de muito cuidado e
carinho no pós-colheita com transporte e armazenamento. Entretanto, elas são
mais valorizadas em mercados que atendem consumidores com maior renda, com
maior poder de compra e informação, o que dificulta o escalonamento de produção
em grande escala. Porém, o valor vendido muitas vezes ajuda a composição de
margem, uma vez que dificilmente possui concorrentes”, pontua.

Ainda segundo Edmar, o mercado consumidor tem grande
interesse nas alfaces especiais, porém, exige que ações de incentivos sejam
feitas para criar interesse na compra, de forma a levar novas experiências
culinárias e gerar valor e fidelização. 

Tecnologias

Entre as tecnologias adotadas nas alfaces especiais, a Mais
Verde investe 100% em cultivo protegido, estufas agrícolas com sistemas de
nebulização em momentos certos do dia, nutrição balanceada e controlada
diariamente, além de uma equipe de agrônomos e técnicos agrícolas acompanhando
e analisando o desenvolvimento correto e saudável das plantas.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br