Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br
Com mais de 70 nutrientes disponíveis e de rápida absorção, as algas marinhas têm sido cada vez mais aplicadas na agricultura, por serem uma alternativa ecologicamente correta e apresentarem resultados já confirmados por estudos técnicos em campo, que comprovam a alta produtividade proporcionada ao agricultor.
As algas marinhas do gênero Lithothamnium, por apresentarem elevados teores de cálcio na composição, são chamadas de algas calcárias. As paredes celulares de tais organismos são verdadeiros depósitos de carbonato de cálcio.
A alga calcária absorve tanto cálcio quanto magnésio, formando carbonatos (calcário) que a sufocam e matam e, a seguir, se fossiliza. O calcário acaba depositado em forma granulada recamando a plataforma, formando verdadeiras jazidas, com valor econômico, mas, ao mesmo tempo, são importantes para a sustentação de vários organismos, além de auxiliar na fixação do carbono, ajudando a reduzir emissões de gases do efeito estufa. Então, a exploração deve ser cuidadosa.
Versatilidade
As algas calcárias têm múltiplo uso, como: podem ser empregadas como filtro biológico, no mar ou em aquário, como fertilizantes ou corretivos de acidez dos solos na agricultura, e ainda como suplemento de cálcio na alimentação humana e animal, por exemplo.
As costas francesa, inglesa e irlandesa são importantes depósitos das referidas algas. Porém, o Brasil já é considerado como o detentor do maior depósito de algas calcárias do planeta. Sabe-se que bancos de algas calcárias ocorrem em praticamente toda a costa brasileira: do Maranhão até o Sul do Rio de Janeiro. São encontrados, ainda, no litoral catarinense.
Em destaque
Entre as algas marinhas calcárias, a Lithothamnium calcareum de destaca. Pode apresentar 46% de CaO, 4,2% de MgO, reatividade de 99% e um PRNT de 92,6%, alémde rápida ação na liberação do cálcio e magnésio e na correção da acidez e condicionamento do solo.
Ainda, tais organismos são ricos em outros nutrientes de plantas e de bioestimulantes naturais. Levam consigo uma rica fauna marinha que muito vai contribuir para a vida microbiológica do solo, agindo, inclusive, na decomposição da matéria orgânica.
Vantagens sem limites
Ao analisar o efeito corretor de acidez do solo, em comparação com o calcário tradicional, as vantagens das algas são evidentes: além do efeito corretivo, elas disponibilizam rapidamente cálcio e magnésio às plantas, e contribuem fornecendo outros nutrientes, como já se referiu.
Ainda, o material é portador de bioestimulantes naturais, promove maior absorção e aproveitamento dos nutrientes, favorecendo, assim, o desenvolvimento das plantas e a produção em si.
Observações de literatura mostram que a aplicação conjunta de vinhaça em cultivos de cana-de-açúcar melhorarama ação da vinhaça como condicionador do solo, a liberação de seus nutrientes às plantas e do pH do solo.
Ainda, propiciam a incorporação de micronutrientes e o aumento dos teores de Ca (224%), Mg (40%) e Fe (88%) na mistura no resíduo industrial em questão. E o principal: observaram-se acréscimos de mais de 50% na produção de açúcar e álcool.
Ao serem aplicadas na lavoura misturadas à vinhaça, as algas marinhas calcárias mostraram efeito remineralizador e condicionador do solo. Também, relatos de literatura evidenciam que a adição de algas calcárias proporcionam aumentos de produção de açúcar em frutas, como laranja, goiaba, maracujá, entre outras, e no desenvolvimento radicular de mudas de citros.
Pesquisas
Resultados experimentais evidenciam que a inclusão de tais produtos no programa nutricional de milho, soja, tomate e outras espécies vegetais proporcionaram aumentos de produtividade entre 20 a 35%. Então, além do efeito corretivo, o uso das algas calcárias podem proporcionar outros benefícios.
Porém, estudos comparando os efeitos de calcário de rocha convencional e o marinho (provenientes de Lithothamnium calcareum), como corretivos da acidez do solo, demonstram que tecnicamente os produtos de origem marinha são viáveis, mesmo aplicados em doses menores que as recomendadas para o tradicional (calcário de rocha).
Ensaios de incubação feitos em solos argilosos e arenosos, em avaliações efetuadas ao longo de 30 dias, mostraram comportamento semelhante dos dois tipos de calcário: o marinho e o calcário dolomÃtico.
Estudo feito em vasos com feijoeiro, comparando o calcário tradicional e o derivado do Lithothamnium na correção da acidez de solo e como fonte de nutrientes para o feijoeiro mostrou que o calcário marinho apresentou o mesmo efeito que o tradicional na correção da acidez e na saturação por bases utilizando-se a dose para elevá-la a 70%.
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