O
objetivo é estabelecer cadeias produtivas virtuosas e abastecer o mercado
têxtil de matérias-primas genuinamente ecológicas, apoiando pequenos produtores
e, portanto, gerando baixo impacto socioambiental
O algodão é uma das matérias-primas base na indústria da
moda. Em todo o mundo, ele ocupa uma área de cultivo que corresponde a 35
milhões de hectares, com uma produção de 25 milhões de toneladas.
No cenário mundial, o Brasil é o quinto maior produtor e o
segundo maior exportador da commodity que representou 6% de toda a
produção, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões, superando o ano anterior em
quase US$ 1 bilhão. O mercado continua em expansão e o aquecimento é de 43% nas
exportações, atingindo 2,0 milhões de toneladas e um consumo doméstico de 720
mil toneladas em 2020.
O cultivo do algodão orgânico pode reduzir as emissões de
GEE em 58% e esses números podem ser ainda maiores para sistemas
agroflorestais. Além disso, o algodão agroflorestal pode ser um grande aliado
da agricultura familiar e da soberania alimentar. “Um exemplo disso é o
trabalho da Pretaterra em parceria com a Farfarm, empresa brasileira
especializada em projetos de supply chain regenerativos. Financiado por
uma das maiores empresas têxteis do mercado, o projeto consistiu em um sistema
agroflorestal focado na produção de algodão orgânico, apoiado por outras
espécies secundárias de valor ecológico e econômico”, comenta Valter Ziantoni,
cofundador da Pretaterra.
A missão da Farfarm é transformar a indústria têxtil no
Brasil. Por meio da agrofloresta, ela envolve cadeias produtivas virtuosas para
abastecer o mercado têxtil de matérias-primas genuinamente ecológicas, apoiando
pequenos produtores e gerando baixo impacto socioambiental.
Projeto
A partir dessa premissa, a Pretaterra iniciou um diagnóstico
da propriedade parceira da Farfarm, localizada no município de Montes Claros
(MG). “Partimos da análise criteriosa das condições edafoclimáticas locais para
estabelecer um projeto adequado às oportunidades e realidades da região, tendo
em mente a necessidade de fixar como foco uma única mercadoria: o algodão
regenerativo”, relata Ziantoni.
A Pretaterra elaborou o projeto agroflorestal da
propriedade, criando um sistema integrado com linhas florestais, além de um
guia detalhado para o plantio e o manejo das espécies escolhidas. “Desenhamos
um sistema biodiverso, com 16 espécies selecionadas entre frutíferas (coco,
mamão, abacaxi), plantas de adubação verde (feijão guandu), espécies
madeireiras (angico e aroeira verdadeira) e, claro, o algodão, espécie-chave do
design. Nesse caso, planejamos uma produtividade de 150-160 kg de
pluma/ha, uma projeção numérica usada como critério e base para o
estabelecimento do restante do sistema”, conta Paula Costa, cofundadora da
Pretaterra.
Seguindo a essência de todos os projetos Pretaterra,
trata-se de um design modular e totalmente replicável, podendo ser
adaptado pelas famílias dos agricultores parceiros da Farfarm, que vivem em
propriedades da região.
O objetivo é congregar fatores ecológicos e econômicos,
diversidade e sistematização operacional. Todas as premissas utilizadas criam
um sistema inteligente e diverso que melhora a qualidade intrínseca do solo e
das plantas, associa resiliência ambiental e produtiva, com oportunidade de
mercado e satisfação de consumidores conscientes.
“A Farfarm e a Pretaterra têm exercido essa parceria com
foco em projetos relacionados ao plantio de fibras têxteis (principalmente o
algodão) em sistemas agroflorestais a fim de valorizar a floresta em pé,
promover o desenvolvimento socioeconômico da agricultura familiar, das
comunidades tradicionais e impactar positivamente a indústria têxtil. Nossos
próximos desafios consistem no desenvolvimento da cadeia do algodão
regenerativo no Estado do Mato Grosso e na capacitação da cadeia de produtos
alimentícios de origem agroflorestal” nos conta Pedro Saldanha, cofundador da Farfarm.
Potencial
O projeto agroflorestal de algodão orgânico concebido com a Farfarm
possui enorme potencial em contribuir com a construção de uma lógica de
economia regenerativa em torno da indústria têxtil que alimenta a indústria da
moda. “Com uma mudança sistêmica e estrutural, a indústria da moda pode tirar
milhões de pessoas da pobreza ao criar meios de vida decentes e dignos. Pode
conservar e restaurar o meio ambiente, inspirar e ser uma grande fonte de
alegria, criatividade e expressão para indivíduos e comunidades. Nosso trabalho
visa contribuir com os esforços globais de sustentabilidade na indústria da
moda em direção à regeneração do meio ambiente e à valorização das pessoas
acima do crescimento e do lucro a qualquer custo”, justifica Paula.
A solução para a sustentabilidade da agricultura brasileira
vem de lições dadas pela própria natureza. “Para que esse salto de produção da
fibra nacional tenha sustentabilidade social, econômica e ambiental, ele
precisa estar aliado ao aumento da biodiversidade do sistema de cultivo. Isso é
fato e já vem sendo feito com a rotação de culturas e introdução de outras
espécies na lavoura algodoeira tradicional. Mas, temos que ir muito além e a
produção de algodão em sistemas agroflorestais é o próximo passo lógico na
busca por uma indústria têxtil de fato regenerativa, capaz de apoiar a reversão
da crise climática, que se torna cada vez mais evidente”, finaliza Ziantoni.
O algodão, as mudanças climáticas
e os agrotóxicos
Além da exploração humana, nossas roupas podem estar
contribuindo para a crise climática: a indústria da moda é uma das mais
poluentes do mundo, responsável por 4% das emissões totais de gases de efeito
estufa (GEEs) – algo em torno de 2 bilhões de toneladas. Também é a segunda
maior consumidora de água – 1,5 trilhão de litros por ano.
O clima tropical brasileiro permite o cultivo do algodão ao
longo de todo ano, mas traz desafios como o ataque de pragas, doenças e plantas
daninhas com uma severidade maior do que observado em climas temperados.
Com o aumento das pragas, aumenta a aplicação de defensivos
e, consequentemente, o surgimento de mecanismos de resistência, tornando-os
obsoletos rapidamente. Uma vez ativado, esse ciclo vicioso obriga o agricultor
a investir uma parte cada vez maior do seu lucro na compra de defensivos e
fertilizantes, um processo insustentável a longo prazo.
Mundialmente, o algodão é a quarta cultura que mais consome
agrotóxicos, cerca de 25% do total produzido. No Brasil, de todo agrotóxico
consumido, 10% é aplicado nos sistemas de cultivo tradicional do algodão.
Pretaterra é referência em agricultura regenerativa
Maior hub de inteligência agroflorestal do mundo, a Pretaterra
planeja designs agroflorestais regenerativos replicáveis, combinando
técnicas ancestrais, dados científicos e inovações tecnológicas. Na vanguarda
da agrofloresta, a Pretaterra inova na curadoria de projetos ESG para a
construção de uma nova agricultura resiliente e duradoura para todos, em todas
as partes.
A Pretaterra projetou e modelou economicamente os sistemas
agroflorestais da Fazenda da Toca, referência mundial em agricultura
regenerativa em larga escala. Em 2018 conquistou o primeiro lugar em negócios
inovadores do concurso de startups no Hackatown. Em 2019 projetou e
implementou o design agroflorestal vencedor do primeiro lugar em
Sustentabilidade no Prêmio Novo Agro do Banco Santander e da ESALQ.
Em uma escala exponencial de crescimento, em 2020 a Pretaterra
passa a liderar a frente Agroflorestal da Circular Bioeconomy Alliance, a maior
iniciativa regenerativa do planeta, idealizada pelo Príncipe Charles. Em 2021
cria a Pretaterra Academy, seu spin-off educacional, a maior e mais inovadora
plataforma de formação de multiplicadores em sistemas agroflorestais existente.
Juntos vamos agroflorestar o mundo! Vem com a gente?