As pragas do calor e o uso de agrotóxicos  

As pragas do calor e o uso de agrotóxicos  

Por Alexandre Francisco de Andrade, Mestre em Engenharia de Produção e Coordenador nas áreas de Finanças e Agronegócio na UNINTER

Pesquisas recentes estabelecem uma conexão significativa entre a atividade agrícola e os impactos nas mudanças climáticas. No contexto agrícola brasileiro, o uso de agrotóxicos surge como um componente vital na gestão fitossanitária (controle de doenças de plantas – culturas agrícolas), exigindo, entretanto, uma abordagem equilibrada e sustentável. A gestão responsável de substâncias químicas na agricultura se apresenta como um pilar essencial para atingir os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, enfrentando os desafios pelas mudanças climáticas. 

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) destaca que o Brasil está atualmente lidando com 12 pragas quarentenárias, evidenciando a complexidade do cenário fitossanitário. Além disso, 83 pragas de alto risco foram identificadas, ressaltando a urgência de implementação de estratégias para proteger as culturas. A mosca branca (Bemisia tabaci), por exemplo, representa uma ameaça significativa para diversas culturas, como soja, fumo, algodão e uva, ocasionando perdas substanciais quando não controladas especificamente. 

A agricultura brasileira, com suas três safras anuais, enfrenta desafios crescentes, destacando-se a elevada suscetibilidade a doenças fúngicas. Produtores especializados recorrem frequentemente à prática de “mudanças nas áreas de cultivo” como estratégia econômica para o controle fitossanitário, muitas vezes recorrendo ao uso de agrotóxicos. 

Entretanto, é crucial ponderar sobre os riscos associados ao uso incluído de agrotóxicos. Um estudo recente conduzido pelos pesquisadores Oliboni, Triches e Oliveira publicado na revista científica Physis, de saúde coletiva, estabelece uma demonstração direta entre a quantidade de comercialização de agrotóxicos e a incidência de agravos à saúde, bem como as causas de mortalidade no estado do Paraná entre 2013 e 2017, respondendo por mais de 50% da variabilidade das taxas nos municípios paranaenses. Este estudo destaca a necessidade urgente de uma gestão cuidadosa e criteriosa de substâncias químicas nas áreas rurais com produção de soja, milho, trigo, fumo, pastagens e feijão.  

O desafio das previsões na agricultura brasileira exige uma abordagem equilibrada, considerando não apenas a segurança das colheitas, mas também a preservação da saúde humana e a sustentabilidade ambiental. A relação intrínseca entre a agricultura e as mudanças climáticas não pode ser negligenciada. Segundo cálculos independentes de Peter Smith, da Universidade de Aberdeen, as emissões do setor agrícola e o desmatamento representam uma parcela significativa, entre 17% e 32%, de todas as emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades humanas. Este cenário enfatiza a responsabilidade do setor em adotar práticas mais sustentáveis. 

Portanto, a gestão eficaz de agrotóxicos torna-se imperativa, alinhando-se com os princípios da Agenda 2030 e liberando a responsabilidade do setor agrícola na mitigação das mudanças climáticas e na preservação do ecossistema para as futuras gerações. 

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br