Luís Fernando Moreira (proprietário) e Leonardo Salvatti de Figueiredo, sócio administrador da empresa, contam que foi instalado, há cerca de sete anos, um sistema que, à época, acreditaram que resolveria os problemas, mas nunca funcionou bem. “Pagamos muito caro por ele, esperando que facilitasse nossas operações, embora tudo que fazemos na hidroponia possa acontecer manualmente. Nossa intenção era aumentar a eficiência e reduzir os custos de mão de obra, mas o sistema acabou nos trazendo muitos problemas. Além disso, precisávamos de profissionais capacitados que pudessem oferecer um bom pós-venda, o que não aconteceu”, lamentam.
Com tantos empecilhos, e o investimento de R$ 30 mil no sistema que não entregava o que prometia, a opção foi remover o aparelho e procurar uma maneira de desenvolver seu próprio equipamento. “Quando abrimos o aparelho, vimos que ele era simples e que poderíamos criar algo igual, ou melhor. Isso nos deu esperança e nos motivou a investir em pesquisa e desenvolvimento interno. Não usamos nenhuma peça ou tentamos imitar o que o aparelho fazia. As placas de circuito, por exemplo, eram todas feitas pela própria empresa, então não havia como replicá-las”, conta Leonardo Salvatti.
Assim, ele passou a transformar automações residenciais para uso na estufa. Comprou as peças necessárias e começou a montar tudo na empresa mesmo, lendo manuais e desenvolvendo seu próprio aparelho.
Para o projeto atual, foram gastos cerca de R$ 5 mil reais em peças, sendo que foram utilizados os melhores sensores e equipamentos. “São sensores feitos nos EUA e circuitos feitos na Europa”, revela.
Obstáculos
As maiores dificuldades que Leonardo encontrou foram, na verdade, suas próprias limitações de conhecimento para desenvolver o projeto, especialmente na parte de software. “O equipamento que desenvolvi e que temos hoje controla as válvulas que direcionam a irrigação para os diferentes setores da estufa. Ele determina o tempo de irrigação para cada setor dentro da estufa hidropônica. Isso ajuda a economizar energia, permitindo o uso de uma bomba de menor potência. Nossa estufa possui atualmente 120 bancadas, que normalmente exigiriam uma bomba muito potente para irrigar todas ao mesmo tempo”, detalha.
Funcionamento
Assim, o profissional desenvolveu um equipamento que divide a estufa em vários setores, totalizando, atualmente, oito, cada um com cerca de 12 a 15 bancadas, dependendo do tamanho.
O sistema utiliza válvulas solenóides controladas por um microcomputador, para o qual Leonardo desenvolveu o código que determina o tempo correto de irrigação para cada setor. A bomba permanece sempre ligada, e o microcomputador controla o fluxo de água, abrindo e fechando as válvulas conforme necessário, redirecionando a água para os setores que precisam ser irrigados.
Outra funcionalidade do sistema é o monitoramento da condutividade, do pH e da temperatura da água nos reservatórios. As informações são enviadas para a nuvem e podem ser acessadas de qualquer lugar por meio de um celular. Assim, é possível verificar o estado da condutividade das bancadas a qualquer momento.
Um a um
Atualmente, a LLM Horticultura tem apenas dois reservatórios principais na estufa, e está ampliando para adicionar mais dois. O sistema envia dados sobre temperatura, condutividade e pH pela internet e também exibe essas informações na tela do computador.
Caso a conexão com a internet seja interrompida, ainda é possível monitorar os dados diretamente no equipamento, que possui uma tela onde se pode calibrar as sondas e visualizar o histórico.
Além disso, conta Leonardo, o sistema envia notificações para o celular, permitindo que informar ao responsável pela estufa caso algum parâmetro esteja fora do padrão.
“A última funcionalidade que estamos desenvolvendo está praticamente concluída. Já terminei de implementá-la e agora precisamos apenas testar na estufa. Os testes realizados no escritório foram bem-sucedidos, mas é necessário validar a solução no ambiente real para ajustar os tempos corretos”, informa o administrador da empresa.
O aparelho agora inclui uma funcionalidade de ajuste da condutividade, implementada há alguns meses. Embora não ajuste o pH (o sistema pode ajustar o pH, mas foi escolha deles não ajustar), ele é capaz de fazê-lo com a condutividade. O sistema monitora o reservatório e permite definir um limite mínimo desejado para a condutividade (por exemplo, 1.400, 1.500 ou 1.300). Quando esta cai abaixo desse limite, o sistema abre ou fecha uma válvula solenoide para ajustar a solução.
Além disso, o aparelho possui outras funcionalidades, como um alarme, que é acionado se a solução não for ajustada corretamente, se houver uma queda de energia, uma falha na internet ou se a condutividade estiver fora dos padrões estabelecidos. “O sistema envia notificações para o celular e emite alarmes em caso de problemas”, relata Leonardo.
O sistema de monitoramento de solução está em operação há mais de três anos sem apresentar problemas, e a única manutenção necessária é a limpeza das sondas. O controle de irrigação, por sua vez, está funcionando há mais de cinco anos sem falhas, com apenas pequenas alterações estéticas ao longo do tempo. Leonardo se mostra muito satisfeito com a confiabilidade do equipamento, que tem demonstrado excelente desempenho ao longo desses anos.
Questão de assistência
As estufas necessitam de manutenção periódica e visitas frequentes dos montadores. Infelizmente, na opinião de Leonardo, na maioria dos casos os prestadores de serviço não atendem às expectativas, deixando os produtores desamparados.
“Quanto mais tecnologia e equipamentos envolvidos, maior a probabilidade de problemas e a necessidade de manutenção rápida. No nosso setor, é inviável esperar semanas por assistência, especialmente quando a irrigação para e pode comprometer toda a produção”, justifica.
Ele cita como exemplo: “se ocorrer um problema no sistema de monitoramento de irrigação e a água parar de ser fornecida às nossas hortaliças, o impacto é imediato e severo, especialmente sob temperaturas elevadas no verão. Por isso, é crucial ter um pós-venda e assistência adequados para garantir a operação contínua dos equipamentos”.
Como foi o próprio Leonardo quem instalou os equipamentos e entende seu funcionamento, ele consegue resolver qualquer problema relacionado à irrigação que possa surgir. “Felizmente, após quatro anos de operação, nunca enfrentamos problemas com o nosso sistema de irrigação desenvolvido. Já tivemos problemas com bombas e quedas de energia, mas o aparelho em si tem funcionado sem falhas”, garante.
Composição
O equipamento da LLM, até alguns meses atrás, não era mostrado com frequência para outros produtores, pois não tinha uma estética agradável, segundo Leonardo. Basicamente, era composto por placas e controladores expostos dentro do quadro de comando, o que não o tornava um produto pronto para ser comercializado, nem mesmo sem lucro, para outros produtores parceiros. Portanto, ele nunca insistiu em apresentá-lo, mas agora já está pronto também esteticamente.
“Não se trata apenas de conectar fios aleatórios; o produto deve ser bem feito se desejamos apresentá-lo a alguém. A funcionalidade é importante, mas a aparência também conta. Temos uma perspectiva diferente: não queremos replicar o que ocorre no mercado, onde o foco é apenas na venda do produto, sem a oferta de assistência técnica. Essa tarefa não é simples e, embora eu reclame sobre isso, entendo as complexidades envolvidas”, expõe.
O aprimoramento do produto é uma prioridade para Leonardo, que tem trabalhado nisso há anos. No entanto, sua rotina como produtor não lhe permite dedicar muito tempo, pois é preciso gerenciar a estufa e outras atividades.
O desenvolvimento do produto se tornou uma espécie de hobby; durante as semanas mais tranquilas, ele aproveita para fazer atualizações ou aprimorar o código, buscando otimizações e melhorias que o tornem mais confiável.