Giovana Cândida Marques
Engenheira agrônoma e laboratorista do Grupo JC
giovana-candida.marques@unesp.br
Certas doenças são menos problemáticas ou de pouca importância em cultivos convencionais, porém, outras podem ter maior proliferação e apresentar mais severidade em cultivo protegido, como por exemplo o oídio.
Esta é uma das principais doenças registradas nas áreas cobertas pelos produtores. As doenças fúngicas devem ser monitoradas, sendo que este fungo tem aparência de pó branco sob a superfície da folha, geralmente na parte superior.
As condições de ambiente protegido, como baixa umidade do ar e temperaturas amenas, são as mais favoráveis para o seu desenvolvimento.
Cultivo protegido em túneis, estufas e ripados
A incidência de oídio é maior nos túneis em comparação aos cultivos a campo aberto devido à baixa intensidade luminosa e à alta umidade relativa presente nos túneis.
O oídio se manifesta como crescimento branco na superfície, leva à paralisação do crescimento do tecido e queda prematura. Ele não mata o hospedeiro, porém, retira dele nutrientes, reduz a fotossíntese, aumenta a respiração e a transpiração, diminui o crescimento da planta e a produção do vegetal.
Portanto, os oídios são parasitas biotróficos obrigatórios e adaptam-se constantemente ao hospedeiro para obtenção de nutrientes, formando haustórios no interior das células sem matar as plantas.
A doença
Oídio é protagonista frente às mudanças climáticas. É causado pelo fungo Oidium sp. (fase anamórfica) e Podosphaera aphanis (fase teleomórfica).
É uma doença de grande importância nos sistemas em ambientes protegidos, com intensidade variável entre as regiões produtoras em função das cultivares utilizadas e das condições climáticas durante o cultivo.
O oídio tem causado grandes perdas em plantios com cultivares suscetíveis. Esse fungo é parasita obrigatório e pode invadir todas as partes verdes da planta. Ele se espalha principalmente por meio do vento. Durante o inverno, o fungo permanece dormente.
Como identificá-lo
Os sintomas são de fácil visualização, podendo ser observado a massa pulverulenta branca na parte superior das folhas, que com o avanço da doença, pode tomar a folha por inteiro. Sendo que, as folhas velhas possuem mais oídios do que as folhas jovens.
O oídio é doença estrategista, pois reage rapidamente com rápida esporulação e de forma explosiva, quando as condições são favoráveis.
Lembrando que, para a ocorrência da doença, é necessária a combinação de hospedeiro suscetível, patógeno virulento e ambiente favorável.
Controle do oídio
A eliminação de restos culturais é prática bastante eficiente para o controle do oídio. Além disso, é importante efetuar constantemente a retirada das folhas secas, velhas e doentes, bem como dos frutos das estufas (limpeza). Essa estratégia contribui significativamente para redução de doenças como oídio, além de utilizar estufas com bom arejamento.
A irrigação por aspersão realizada pela manhã, sob diferentes lâminas de água, reduz a severidade do oídio com maiores lâminas de água aplicada na cultura.
Uso de fungicidas contra o oídio
Atualmente, o controle de oídio continua a depender principalmente das frequentes aplicações de fungicidas químicos na agricultura convencional ou de cobre e enxofre na produção orgânica.
Nos plantios em que se utilizam cultivares suscetíveis e em épocas de condições climáticas favoráveis à ocorrência do oídio, recomenda-se fazer o controle químico assim que aparecerem os primeiros sinais do patógeno (micélio pulverulento esbranquiçado), ao utilizar fungicidas registrados.
Pulverizações semanais com leite de vaca cru na concentração de 10%, a partir do surgimento dos primeiros sintomas da doença, têm apresentado bom resultado para o controle do oídio, seja por efeito direto ao fungo ou por induzir a resistência das plantas.
Outra calda bastante utilizada é a sulfocálcica, originária da reação entre cálcio e enxofre, tendo ação acaricida, inseticida e fungicida no combate a oídio.
Uso de Bacillus contra o oídio
O procarioto Bacillus sp. é, atualmente, o agente de controle de doenças mais conhecido e estudado na agricultura e apresenta resultados promissores.
O modo de ação de Bacillus pumilus tem como base a inibição do desenvolvimento do patógeno na superfície foliar, além de ativar o sistema de defesa da planta. Esses controladores biológicos têm amplo espectro de atuação.
Esse antagonista age de forma curativa e preventivamente, contra o desenvolvimento de oídios. As estirpes de bactérias do grupo B. subtilis também são empregadas, pois reduzem de modo eficiente a severidade do oídio em até 60%.
Outras técnicas de controle
Técnicas de controle de umidade relativa do ar em torno de 60% têm se mostrado eficientes para controle do oídio. Quando se modifica o ambiente de cultivo podemos criar condições desfavoráveis ao oídio.
Ao analisar os fatores ambientais combinados, como a temperatura e a umidade, por exemplo, umidade maior que 90% e temperaturas máximas entre 18 e 35ºC com até 24 horas de molhamento, não há ocorrência de oídio.
Além disso, durante a época mais seca, o oídio se manifesta com maior intensidade e diminui quando há aumento de precipitação. Devido aos esporos serem removidos pela lâmina de água na superfície foliar.
Utilização de extratos de plantas
Os extratos de plantas são uma ferramenta promissora e sustentável para o controle eficaz de doenças como oídio. Por exemplo, o uso do óleo de nim foi eficaz no controle do oídio em plantas em ambientes de estufas.
Outro óleo que mostrou resultados foi à base de canola.
Biocarvões
Ao utilizar biocarvões produzidos a partir de madeira cítrica e resíduos de plantas, observa-se que eles promovem alterações transcricionais ao longo de diferentes vias de defesa da planta e contribuem para capacidade de amplo espectro para a supressão de oídio.