Benefícios obtidos pela inoculação e coinoculação da soja

Benefícios obtidos pela inoculação e coinoculação da soja

Ensaios de campo mostram que, com a coinoculação, houve um incremento médio de 16% no rendimento da soja 

A
tecnologia da fixação biológica do nitrogênio (FBN) é uma das mais impactantes
para a sustentabilidade da produção de soja no Brasil. Sua adoção resulta em
benefício econômico para o produtor e benefício ambiental, principalmente por
dispensar o uso de fertilizantes nitrogenados na cultura.

De acordo
com a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, o processo da FBN
ocorre pela simbiose entre bactérias do gênero Bradyrhizobium e
as plantas de soja. A partir dessa relação são formados os nódulos radiculares,
nos quais as bactérias se abrigam e recebem da planta hospedeira proteção e
alimento. “Em troca, capturam o nitrogênio atmosférico (N2) e o transformam em
compostos nitrogenados que são exportados para a planta hospedeira e a
beneficiam”, diz a pesquisadora.

Hungria
diz que, ao longo de décadas, equipes de pesquisa da Embrapa selecionaram
estirpes-elite de Bradyrhizobium que são usadas na
elaboração dos inoculantes. “A inoculação é essencial em áreas de primeiro ano
de cultivo de soja ou onde a planta não é cultivada há muito tempo porque as
bactérias fixadoras de N2 estão ausentes ou em baixa população no solo”,
explica a pesquisadora.

A
cientista enfatiza que mesmo em áreas frequentemente cultivadas com soja, a
inoculação anual, a cada safra, traz benefícios econômicos. “O ganho médio da
inoculação anual da soja com Bradyrhizobium em áreas
tradicionais de cultivo é de 8%, ou seja, um grande retorno frente ao baixo
custo da dose do inoculante”, avalia a pesquisadora.

Coinoculação
gera mais nódulos na raiz

Além dos
resultados positivos da inoculação anual, a Embrapa lançou, em 2013, o uso de
uma segunda bactéria, Azospirillum brasilense, para ser usada com
Bradyrhizobium, em um processo denominado de coinoculação.
Hungria explica que, embora o Azospirillum também seja capaz
de realizar a FBN, isso ocorre em taxas muito inferiores à do Bradyrhizobium.
Nas estirpes de Azospirillum selecionadas pela Embrapa, a
principal contribuição ocorre pela da síntese de fitormônios que promovem o
crescimento vegetal, especialmente o sistema radicular, o que favorece a
nodulação e a FBN pelo Bradyrhizobium. Consequentemente, as
plantas de soja coinoculadas com Bradyrhizobium e Azospirillum têm
uma nodulação mais abundante e precoce e maiores taxas de FBN.

“Ensaios
de campo mostram que, com a coinoculação, houve um incremento médio de 16% no
rendimento da soja, em relação às áreas inoculadas somente com Bradyrhizobium”,
reforça o pesquisador da Embrapa Soja, André Mateus Prando.

Estimativas
da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) apontam
que na última safra cerca de sete milhões de doses de inoculantes com Azospirillum e
de mais de 50 milhões com Bradyrhizobium foram
comercializados no Brasil.

FBN: ganhos ambientais e economia anual de US$13 bi

Calcula-se que a Fixação Biológica de Nitrogênio
gere uma economia anual de US$ 13 bilhões pela substituição do uso de
fertilizantes nitrogenados na cultura da soja. Outro benefício dessa tecnologia
é facilitar o sequestro de carbono. De acordo com os pesquisadores da Embrapa,
em situações em que o balanço de nitrogênio é positivo, a formação e a
manutenção da matéria orgânica são estimuladas, levando à incorporação de
carbono ao solo e diminuindo seu retorno para a atmosfera.

A utilização da tecnologia contribui também para
minimizar outros problemas ambientais associados aos fertilizantes
nitrogenados. Mariangela Hungria explica que nas condições brasileiras, as
plantas aproveitam, no máximo, 50% do produto aplicado. “A outra metade é
perdida por lixiviação, contaminando lagos, lençóis freáticos e dissolvida na
atmosfera na forma de gases de efeito estufa”, relata. Segundo ela, as
estimativas são de que a substituição dos fertilizantes nitrogenados pela FBN
resulte na mitigação de GEE, estimada em 62 milhões de toneladas de
equivalentes de gás carbônico (e-CO2) por ano.

Calcula-se que a Fixação Biológica de Nitrogênio gere uma economia anual de US$ 13 bilhões pela substituição do uso de fertilizantes nitrogenados na cultura da soja. Outro benefício dessa tecnologia é facilitar o sequestro de carbono

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br