A beldroega (Portulaca oleracea) é uma daquelas plantas que a maioria chama de “mato”. Afinal, ela aparece em qualquer canto. Em sol ou sombra, solo ruim, pedra, areia, cantos de muros, fundo de quintal, esquina de terreno abandonado… Qualquer canto ela aparece. É comum encontra-la pelas calçadas também. Mas, apesar de tão fácil propagação e de receber tanto desprezo por muita gente, ela é uma planta medicinal de primeira linha, tendo alguns de seus usos medicinais já consagrados no Brasil.
Para que possa identificar essa planta, é preciso saber que ela é uma suculenta rasteira, com pequenas folhas carnudas, ovais, de um verde brilhante. Os caules, roxo-amarronzados se ramificam e a planta cresce, rastejando pelo chão. Tem pequenas flores amarelas.
É uma planta selvagem, considerada erva daninha até. Encontrada em países de clima temperado – quente. Veio da Ásia onde já era usada por suas propriedades curativas e alimentares há milênios.
Em Portugal, por exemplo, integra grande variedade da culinária local camponesa – a sopa de beldroegas é riquíssima – receitas que vieram para o nosso Brasil.
A beldroega é uma rica fonte de ômega-3, tem reconhecido uso no tratamento de problemas cardiovasculares já que atua na manutenção do equilíbrio do colesterol total. Em 100 g de beldroega encontramos até 350 mg de ácido linoleico (ômega-3).
Esta planta também é rica em vitaminas A, B e C e sais minerais, apresentando propriedades diuréticas, purificantes, analgésicas, anti-glicêmicas e anti-hemorrágicas.
Na medicina popular, a beldroega também é usada para tratamento de casos de vômitos, diarreia e no combate às hemorroidas. O seu emplastro de folhas frescas é muito útil para aliviar as picadas de insetos e também contra a acne, por sua ação anti-inflamatória e purificante tópica.
Partes utilizadas: Folhas com talos e sementes.
Habitat: Originária da Europa, hoje é espontânea em quase todas as regiões brasileiras em jardins, hortas, terrenos baldios e cultivados.
É uma planta hortense semelhante em propriedades e sabor ao espinafre, que é muito apreciada por algumas pessoas, mas é quase desconhecida como verdura, embora apareça espontaneamente em quase todo o país e seu valor alimentar e terapêutico seja muito grande.
Propriedades: Diurética, emoliente, emenagoga, laxante e anti-inflamatória.
Indicações: O suco das folhas é emoliente e resolutivo, quando usadas topicamente sobre inflamações, queimaduras, eczemas, erisipelas e queda de cabelo.
A polpa é antioftálmica, vulnerária e vermífuga (uso interno).
A beldroega é um remédio eficaz nas afecções do fígado, bexiga e rins.
Apresenta bom resultado contra o escorbuto. O cozimento é diurético e aumenta a secreção do leite.
O suco cura inflamações dos olhos e combatem os vermes intestinais.
Os talos e folhas machucados, aplicados sobre queimaduras, aliviam a dor. Aplicados sobre feridas, facilitam a cicatrização.
Princípios ativos: Ácido oxálico, sais de potássio (nitrato, cloreto e sulfato) ( 1% na planta fresca e 70% na planta seca), derivados da catecolamina (noradrenalina, DOPA e dopamina, em altas concentrações), ômega 3.
Propriedades Terapêuticas: Diurética, laxante, vermífuga, antiescorbútica, sudorífera, colerética, depurativa, emoliente, anti-inflamatória, antipirética e antibacteriana.
Uso pediátrico: As mesmas indicações possíveis.
Uso na gestação e na amamentação: A beldroega é reputada como galactagoga, desconhecendo-se efeitos adversos na gestação.
Dose: Suco – uma colher de sopa de hora em hora.
Chá – 50 a 100 gramas para 1 litro de água. 4 a 5 xícaras por dia.
Princípios Ativos: Ácido salicílico; Carboidratos; Proteínas; Lipídios; Sais minerais;
Vitaminas: A, B1 ,B2, Niacina, C; Mucilagens flavonoides; Corante vermelho.
Farmacologia: Não foram encontrados estudos sobre sua farmacologia, mas a quantidade de vitaminas, mucilagens, presença de ácido salicílico e seu longo uso pela população brasileira, além de médicos europeus que já preconizavam seu uso nas décadas de 40 e 50, justificam a sua inclusão no rol das plantas úteis.
Posologia: Adultos: A planta crua, como salada, é utilizada como mineralizante e nos casos de escorbuto e debilidade física, especialmente das crianças. 10g da planta fresca (2 colheres de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia, com intervalos menores que 12hs, para uso interno em afecções das vias urinárias, na lactação, inflamações oculares e amenorreia; 10g dos talos frescos (2 colheres de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia, com intervalos menores que 12hs , para uso interno em icterícia; Suco da planta toda, fresca, preferencialmente centrifugado, 1 colher de sopa de hora em hora para azia e acidez estomacal e o mesmo suco poderá ser aplicado topicamente nas afecções da pele. 10g de sementes em decocção como vermífugo. O emplastro das folhas frescas também se aplica topicamente em feridas e nevralgias.
Na cozinha: Na cozinha pode-se usar todas as partes aéreas da beldroega, cozidas ou cruas. As folhas, ricas em mucilagem, tem sabor levemente ácido e salgado e podem ser usadas em saladas variadas, combinada com tomate cereja e pepino.
Em receitas mais elaboradas, a beldroega compõe bem na preparação de sopas, molhos para massas e na substituição de espinafre, quando refogada.
Em condições de baixa disponibilidade de água e/ou altas temperaturas, a beldroega muda suas vias metabólicas normais para o metabolismo ácido das crassuláceas, que consiste basicamente em absorver o dióxido de carbono durante a noite e armazená-lo como ácido málico até a incidência da luz solar durante o dia, quando o ácido málico vai sendo metabolizado em glicose. Desta forma, plantas crescendo nestas condições apresentam um sabor mais ácido se colhidas no início da manhã e menos ácido se colhidas no fim da tarde.
As sementes também podem ser consumidas cruas ou cozidas, mas são muito pequenas. As sementes também podem ser moídas e adicionadas a uma farinha de cereal.
Clima: Esta é uma planta adaptada a diversas condições climáticas, crescendo bem na faixa de temperatura que vai de 15°C a 35°C. Não suporta temperaturas muito baixas e geadas.
Luminosidade: Necessita de iluminação solar direta.
Solo: Pode ser cultivada em qualquer tipo de solo, mesmo solos pesados e compactados. Porém, o ideal é um solo bem drenado, leve, profundo, fértil, rico em matéria orgânica, com pH entre 5,5 e 7.
Irrigação: Irrigue de forma a manter o solo sempre úmido, sem que fique encharcado. Quando bem desenvolvida pode suportar períodos de seca, mas os ramos e as folhas terão melhor qualidade e sabor se não faltar água.
Plantio: O plantio é feito por sementes. Semeie no local definitivo da horta ou em sementeiras, saquinhos para mudas ou copinhos de papel, transplantando quando as mudas tiverem de 4 a 6 folhas verdadeiras. As sementes devem ser cobertas apenas por uma leve camada de terra peneirada ou de serragem fina.
O espaçamento recomendado varia de 30 a 80 cm entre as linhas de plantio e de 25 a 40 cm entre as plantas, dependendo do porte da variedade cultivada e das condições de cultivo.
A beldroega também pode ser cultivada facilmente em vasos.
Tratos culturais: Retire as plantas invasoras que estiverem concorrendo por recursos e nutrientes.
A beldroega pode ser uma planta invasora difícil de ser erradicada, pois cada planta pode produzir um grande número de pequenas sementes e estas permanecem viáveis por mais de uma década. Contudo, muitas vezes é também considerada uma invasora benéfica em plantações, por ser uma boa planta companheira para várias outras (por exemplo, para o milho).
Colheita: A colheita dos ramos e folhas da beldroega pode ser feita a partir de 60 a 80 dias após o plantio. Retire os ramos ou folhas individualmente quando necessário ou colha mensalmente, cortando os ramos aproximadamente 10 cm acima do solo.
Fonte – GreenMe / Plantas Que Curam