O uso de plantas nativas e ornamentais como alimento está cada vez mais comum. Algumas são vistas como proibidas para o consumo, mas com um pouco de informação é possível compreender quem são estas plantas e como o seu uso na cozinha é possível.
Fernanda Correia
O uso de plantas com finalidade alimentícia e medicinal é algo que ocorre desde os tempos pré-históricos. E apesar do conhecimento dessas plantas ter sido transmitido de geração para geração, a facilidade de acesso ao alimento industrializado nos afastou do consumo de flores, folhas e caules e raízes com a finalidade alimentícia: passamos a vê-las como “mato” ou meramente decorativas.
De uns anos para cá isso vem mudando. O hábito de consumir essas plantas, está ganhando força e recebeu até um nome específico: Plantas alimentícias não convencionais, ou simplesmente PANCs.
Quem são as PANCs?
O uso de certas plantas nativas como alimento é algo que vem despertando a curiosidade de muita gente. E o resgate desse conhecimento popular despertou o interesse de muitos pesquisadores, que não só aprovam o consumo das PANCs como o incentivam, pelo alto valor nutricional que elas possuem. Além disso, as plantas alimentícias não convencionais estão sendo vistas como uma alternativa à diversificação alimentar, de forma que estimule a preservação das florestas.
No Brasil, as PANCs são utilizadas de muitas maneiras, podendo ser in natura, refogadas, em sobremesas, dentre outras.
O que pode comer?
Apesar do avanço na divulgação desses alimentos, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre qual planta pode e qual não deve ser consumida. Um dos grandes destaques desse time de PANCs é o ora-pro-nobis (pereskia aculeata), também conhecido como carne-de-pobre. O município de Sabará (MG) até realiza um festival destinado à planta, onde o público pode degustar pratos onde a estrela é o ora-pro-nobis.
Esta planta é de cultivo fácil e se adapta bem em quase todos os tipos de solo e clima. Suas folhas e flores são ricas em proteína (por isso o nome carne-de-pobre), apresentando 25% de valor proteico e também ferro, superando muitas verduras e legumes de uso convencional.
O peixinho (stachys byzantina) é outra planta que muita gente achava ser ornamental. Suas folhas podem ser consumidas em refogados, omeletes e até mesmo empanadas e fritas, com sabor que remete ao peixe lambari. Rico em fibras, o peixinho também possui valores medicinais, por possuir substâncias que acalmam a tosse.
O amor-perfeito (viola tricolor) é uma flor bem delicada e que vem sendo usada nos restaurantes para dar um toque final nos pratos. O seu uso também é comum na fitoterapia, onde é recomendada como tratamento para asma, doenças de pele e, por possuir propriedades expectorantes, para tratamento de doenças pulmonares. Por ser rica em flavonoides e outros compostos fenólicos, é considerada uma fonte promissora de antioxidantes naturais.
Além de decorar pratos, esta flor também é utilizada para aromatizar e decorar vidros de azeite, para enfeitar drinks ou dentro de cubos de gelo. Sua textura é aveludada e o sabor levemente adocicado. O amor-perfeito dos tipos viola tricolor e viola odorata combinam com endívias e são ótimas para compotas e saladas de fruta.
Como saber se uma planta é comestível?
Existe uma lista imensa de plantas ornamentais que são comestíveis, porém, nem tudo que vemos crescendo por aí pode ser levado para o prato. Há plantas venenosas, por exemplo, que tem o mesmo nome de plantas comestíveis, por isso, busque sempre pelo nome científico e compare fotos na internet. Isso ajuda muito na identificação. E se encontrar algo que não tenha certeza se pode ser consumido, na dúvida, é melhor é não comer!