Couve-manteiga é sabor e saúde no prato garantida

Couve-manteiga é sabor e saúde no prato garantida

A produção de hortaliças é uma atividade que apresenta
destaque na economia e agricultura brasileira. O cultivo de brássicas tem
grande importância na olericultura brasileira, principalmente devido ao grande
volume de produção, valor nutricional das culturas e rápido retorno econômico.
Dentre elas, a couve-manteiga destaca-se como uma das hortaliças mais plantadas
no Brasil.

Em 2017, o Brasil contava com 71.431 propriedades rurais
cultivando couve, com produção total de 343.127 toneladas, sendo a região sudeste
a maior produtora, com 31.428 produtores, 2.963,98 hectares e 280.331 toneladas
produzidas, com média de 9,0 toneladas ha-1.

A região nordeste encontra-se na segunda posição em
quantidade de produtores, seguida da região sul, com 15.581 e 11.141
propriedades, consecutivamente. Já em produção, a segunda posição fica com a
região sul, com 19.498 toneladas produzidas.

A couve-manteiga (Brassica
oleracea
L. var. acephala) é uma hortaliça anual ou bienal, cujo consumo
tem aumentado no Brasil devido às suas propriedades nutricionais e diversas
maneiras de utilização na culinária.

É uma das hortaliças mais populares no Centro-Sul do Brasil
e destaca-se entre as folhosas por ser fonte de proteínas, carboidratos,
cálcio, ferro, fibras e vitaminas A e C, sendo consumida principalmente in natura na forma de saladas e
refogados.

É uma cultura típica dos períodos de outono e inverno,
porém, possui certa tolerância ao calor, o que permite seu plantio durante o
ano todo. Nas regiões sul, sudeste e centro-oeste o período de cultivo mais
indicado é entre os meses de fevereiro e julho, diferentemente da região
nordeste, onde os meses de abril a agosto são os mais indicados. Já para a região
norte do Brasil, o período ideal encontra-se entre abril e julho.

Mesmo apresentando certa tolerância ao calor, em
temperaturas acima de 25ºC acompanhadas de alta umidade, o desempenho produtivo
da couve-manteiga e das brássicas em geral é afetado devido à ocorrência de
doenças, ataque de pragas e defeitos fisiológicos, tendo como consequência
preços elevados e oscilações do volume comercializado devido à falta de oferta
de produtos com qualidade, sendo encontrado, nessas ocasiões, um produto de
menor tamanho e peso, coloração mais clara e folhas frouxas e abertas.

Plantio

A propagação da couve-manteiga pode ser realizada por
sementes ou mudas, porém, no Brasil os agricultores têm preferência pela
propagação vegetativa, com formação de mudas a partir de brotos que surgem nas
axilas das folhas, devendo ser retirados e colocados para enraizar até atingir
o ponto correto de transplante, quando as raízes já estão formadas.

A formação de mudas por sementes deve ser realizada em
bandejas de plástico com 128 células preenchidas com substrato. O preço das
sementes varia de R$ 19,00, com 10 gramas de uma variedade e média de 03 mil
unidades, a R$ 25,00, com 1.000 sementes de um híbrido.

Durante a fase de pegamento dessas mudas, a irrigação
torna-se uma prática imprescindível, devendo ser realizada várias vezes ao dia,
garantindo assim um bom enraizamento para que possam ser transplantadas para o
local definitivo com maior possibilidade de sucesso.

As mudas devem ser levadas a campo quando alcançarem de
quatro a seis pares de folhas definitivas e 10 a 15 cm de altura.

Em
estufas

Assim como acontece com outras hortaliças, a couve-manteiga
pode ser produzida sob cultivo protegido, permitindo assim o maior adensamento
de plantas. Nessas condições, recomenda-se realizar rotação de cultura com
hortaliças de outras espécies para evitar ou diminuir a incidência da
traça-das-crucíferas, praga que pode causar prejuízos para a couve cultivada
sob ambiente protegido. O espaçamento recomendado é de 60 a 80 cm entrelinhas e
40 a 50 cm entre plantas.

Dependendo da estrutura da estufa, é possível realizar a
rotação da couve-manteiga com plantas de porte alto, como o pepino, pimentão e
tomate. Outra possibilidade é a rotação de culturas com feijão-vagem, quiabo,
berinjela e adubos verdes.

Tratos
culturais e adubação

Dentre as práticas de manejo recomendadas para a cultura
estão: calagem e adubação, manejo de pragas e doenças e manejo de plantas
daninhas. Com relação à calagem e adubação, deve-se aplicar calcário conforme
análise química do solo, de 30 a 90 dias antes do plantio, para elevar a
saturação por bases a 80% e o teor de magnésio do solo a um mínimo de 8 mmolc
dm-3.

A adubação orgânica deve ser feita em torno de 30 dias antes
do plantio, aplicando 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino ou 5 a 10 t
ha-1 de esterco de galinha, ambos bem curtidos.

Já na adubação mineral deve-se aplicar 30 a 50 kg ha-1
de N, 180 a 360 kg ha-1 de P2O5 e 80 a 160 kg
ha-1 de K2O no plantio e entre 15 a 20 dias após o transplante
ou pegamento das mudas aplicar em cobertura, ao lado das plantas, 40 kg ha-1
de N, 10 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg ha-1
de K2O. Vale ressaltar que a obtenção de boa produtividade e
qualidade de folhas está diretamente ligada a uma nutrição balanceada.

Fitossanidade

Dentre as principais pragas da cultura, destacam-se: mosca-branca,
pulgões, lagartas e traças-das-crucíferas. Já a mancha
bacteriana/podridão-negra, alternária, míldio e podridão mole estão entre as
principais doenças.

Para o controle de plantas daninhas deve ser priorizado o
manejo integrado realizando diversas práticas, como por exemplo, o manejo
preventivo (evitar a introdução de novas espécies por meio do esterco ou de
equipamentos, realizar isolamento com quebra-ventos), manejo cultural
(cobertura do solo com restos vegetais, como palha de milho, capins, entre
outros, cobertura por meio de mulching, rotação de culturas), controle manual
(arranquio manual ou enxadas), controle mecânico (realizados durante o preparo
do solo) e o controle químico (realizado com herbicidas).

Podas
e colheitas

O corte da ponta do caule principal é um dos cuidados que
devem ser realizados durante o ciclo da cultura, auxiliando na manutenção da
altura da planta e no tamanho adequado para o manuseio e colheita, favorecendo
assim o desenvolvimento dos brotos laterais. Devem ser retiradas as folhas
murchas ou com sinais de ataques de pragas e/ou patógenos.

A colheita das folhas é iniciada aos 80-90 dias após o
transplante das mudas, iniciando-se também o retorno financeiro da cultura. A
colheita perdura por um período de aproximadamente oito meses, sendo realizada
a cada 7-10 dias em uma mesma planta, onde são retiradas as folhas bem
desenvolvidas e que estejam no tamanho exigido pelo mercado (20-30 cm de
comprimento).

A colheita é feita destacando-se as folhas ainda tenras da
haste principal e juntando-as em maços com oito a 12 unidades, ou em embalagens
apropriadas, no caso da comercialização na forma de minimamente processadas
(pré-lavadas e cortadas), agregando valor ao produto.

A colheita deve ser realizada durante o período em que não
haja sol, logo pela manhã ou no fim da tarde, pois a incidência de alta
claridade resulta no murchamento das folhas.

Produtividade

A produtividade média da couve-manteiga é de 3,0 a 5,0 kg de
folhas por planta durante o ciclo da cultura, que varia de seis a oito meses.
Os preços de 1,0 kg de couve-manteiga, em 2019, variaram de R$ 1,67 em Ribeirão
Preto (SP) a R$ 12,00 em Salvador (BA), porém, o maço com 10 unidades da folha
já atingiu R$ 6,00 no Estado de São Paulo.

Mais da metade dos produtores concentram a produção dessa
hortaliça em áreas com menos de 10 hectares, favorecendo o uso intensivo de mão
de obra familiar, geração de renda para o pequeno produtor e fixação do homem
no campo.

Seu custo de produção é de aproximadamente R$ 6.000,00 por
hectare, sendo a mão de obra o principal gasto de produção, seguido dos gastos
com insumos agrícolas. Para que seja viável o aumento da produtividade de
hortaliças como a couve-manteiga, é necessária a utilização de mudas de boa
qualidade associado a um manejo adequado da cultura.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br