Cultivo de tomate cereja orgânico

Cultivo de tomate cereja orgânico

Carlos Antônio dos Santos

Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela UFRRJ

carlosantoniods@ufrrj.br

Margarida Goréte Ferreira do Carmo

gorete@ufrrj.br

Antonio Carlos de Souza Abboud

abboud@ufrrj.br

Engenheiros agrônomos, doutores e professores da UFRRJ

Crédito Hazera
Crédito Hazera

A produção de tomate hoje se divide em dois segmentos bem distintos: tomate para consumo in natura e tomate agroindustrial para produção de polpas, extratos, catchups, etc. A produção de tomate para consumo in natura ocorre o ano todo em Estados da região sudeste e sul, enquanto a de tomate agroindustrial se concentra no Estado de Goiás.

O mercado de tomate in natura é composto basicamente por frutos vermelhos, graúdos (180 a 400g) e de formato oblongo, redondo ou levemente achatado. Estes frutos, em geral, encantam o consumidor pela sua bela aparência e o revendedor pela sua excelente longevidade pós-colheita, o que reduz as perdas durante a comercialização.

Outro aspecto que chama a atenção nestes frutos é o fato de serem produzidos por cultivares híbridas com excelente rendimento e boa resistência a algumas doenças que não são controladas com fungicidas, características estas que agradam aos produtores.

No entanto, apesar da bela aparência e da boa conservação pós-colheita, estes frutos perdem no quesito sabor e versatilidade culinária. São todos muito parecidos e não despertam nenhum deleite nos apreciadores de tomate. Em geral, são destinados apenas para consumo em saladas cruas e não produzem molhos de boa qualidade.

Este quadro abriu espaço para dois segmentos emergentes no mercado de tomates: o tomate tipo ‘italiano’, ideal para produção de molhos caseiros, e o versátil e pouco explorado segmento dos tomates do grupo cereja.

 

Importância econômica

No Brasil, o cultivo de tomate cereja orgânico ainda é muito pouco explorado - Crédito Evandro Pereira Costa
No Brasil, o cultivo de tomate cereja orgânico ainda é muito pouco explorado – Crédito Evandro Pereira Costa

Segundo dados do IBGE, a produção brasileira total de tomate no ano de 2015 foi de 3.686.816 toneladas em uma área de cerca de 112.946 hectares e produtividade média de 64,8 t/ha. Do total destinado ao consumo de mesa, estima-se que menos de 1% seja de frutos do grupo cereja, incluindo aqueles produzidos sob manejo orgânico.

Por ser um segmento menor dentro da produção e comercialização de tomates no Brasil, não existem dados oficiais sobre o volume de produção de tomate cereja nem de tomate cereja orgânico. O que se observa a cada ano, porém, é um crescimento na oferta e na procura por estes frutos nos supermercados e nas feiras.

Produção

O cultivo do tomate orgânico é viável tanto em campo aberto quanto em estufas - Crédito Valério Maldonado
O cultivo do tomate orgânico é viável tanto em campo aberto quanto em estufas – Crédito Valério Maldonado

A produção, comercialização e consumo de tomate cereja orgânico são amplamente difundidos em vários países, como França, Itália e Estados Unidos. Nestes países existem diversas variedades locais, conhecidas como heirloom, tradicionalmente mantidas e cultivadas há muitos anos, às vezes séculos, pelos agricultores.

Esta prática vem permitindo a conservação deste importante acervo genético e um melhor uso da grande riqueza e variabilidade genética do tomateiro. Esta grande variabilidade pode ser percebida pela diversidade dos frutos quanto à sua coloração, tamanho, formato, textura, sabor, aroma e valor nutricional.

No Brasil, este segmento ainda é muito pouco explorado, apesar de já se perceber uma modesta oferta de frutos diferenciados provenientes de pequenos agricultores, notadamente no Sul do País. Nos supermercados, de uma maneira geral, são encontrados frutos de tomate cereja vermelho produzidos por cultivares híbridas.

A produção de tomate cereja é feita, em geral, por pequenos produtores. O nível tecnológico, porém, varia muito, desde produtores descapitalizados, com variedades locais, baixo uso de insumos e venda em mercados locais, à produção altamente tecnificada, com uso de cultivares híbridas, em ambiente protegido e venda para as redes de supermercados e mercado varejista.

Os orgânicos

Os problemas fitossanitários são os maiores entraves da produção orgânica - Crédito Evandro Pereira Costa
Os problemas fitossanitários são os maiores entraves da produção orgânica – Crédito Evandro Pereira Costa

A produção de tomate cereja em sistema orgânico é uma forma de agregar valor ao produto e ingressar em um mercado onde a oferta é inferior à demanda na maioria das localidades. Neste caso, além do não uso de agrotóxicos, são observados vários princípios que contribuem para a melhor qualidade dos frutos e do meio ambiente.

Vale ressaltar que o tomateiro é suscetível a várias doenças e pragas e que para o seu controle são feitas aplicações de produtos de ação fungicida e inseticida.Sua produção em sistemas orgânicos é sempre um desafio que deve ser recompensado no preço final do produto.

Mercados

Além do tomate cereja vermelhinho e redondo, existe a possibilidade de outras cores e formatos - Crédito Antônio Carlos Abboud
Além do tomate cereja vermelhinho e redondo, existe a possibilidade de outras cores e formatos – Crédito Antônio Carlos Abboud

O mercado de tomate cereja vem aumentando à medida que os consumidores se interessam por novas hortaliças e produtos diferenciados, experimentam e aprovam os novos sabores. No caso do tomate cereja orgânico, esta busca vem associada a uma crescente preocupação de parte da população com a saúde, qualidade de vida e conservação do meio ambiente.

Além disso, o mercado consumidor também tem exigido melhor qualidade das hortaliças, qualidade esta que vai além da uniformidade e aparência, ou seja, uma maior valorização das características nutricionais e sensoriais.

Tomate cereja da cor amarela é promissor para inclusão no mercado - Crédito Cícero Araújo
Tomate cereja da cor amarela é promissor para inclusão no mercado – Crédito Cícero Araújo

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br