Energia limpa x energia sustentável

Energia limpa x energia sustentável

Gabriela Fontes Mayrinck Cupertino
Engenheira florestal, mestra e doutoranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
gabriela.mayrinck01@gmail.com
Ananias Francisco Dias Júnior
Engenheiro florestal, doutor em Recursos Florestais e professor do departamento de Ciências Florestais e da Madeira (UFES)
ananias.dias@ufes.br

As mudanças climáticas e os problemas ambientais representam desafios significativos que exigem atenção imediata e soluções eficazes. O modo como produzimos e consumimos energia desempenha um papel crucial nesse cenário, influenciando diretamente a saúde do nosso planeta.
As emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis para gerar energia têm contribuído de maneira substancial para as mudanças climáticas. Esses gases, como o dióxido de carbono, intensificam o efeito estufa, levando ao aumento das temperaturas globais, eventos climáticos extremos e alterações nos padrões climáticos.
Além disso, práticas inadequadas na exploração de recursos energéticos podem resultar em danos ambientais significativos. A extração de combustíveis fósseis, por exemplo, muitas vezes está associada a impactos ambientais devastadores, como derramamentos de petróleo e destruição de ecossistemas.

Evolução

A transição para fontes de energia mais sustentáveis é crucial para enfrentar os desafios ambientais atuais.
Nesse contexto, compreender a diferença entre energias limpas e renováveis torna-se fundamental. Ao reconhecer que nem todas as energias limpas são necessariamente renováveis, e vice-versa, podemos fazer escolhas mais informadas e estratégicas.

Energia limpa x Energia renovável

Energias limpas são aquelas provenientes de fontes que causam impacto ambiental mínimo, emitindo quantidades insignificantes de poluentes prejudiciais. Um exemplo notável é a energia nuclear, que, embora considerada limpa, não é classificada como renovável devido à sua dependência de recursos finitos, como o urânio.
Em contrapartida, as energias renováveis se destacam por serem naturalmente reabastecidas, incluindo fontes como energia solar, eólica, hidrelétrica, biomassa e geotérmica.
Sua notável capacidade de regeneração ao longo do tempo as torna sustentáveis a longo prazo. A energia solar, derivada da luz do sol, e a energia eólica, gerada pelo vento, são exemplos claros de energias renováveis que não apenas minimizam impactos ambientais, mas também contribuem para a construção de um futuro energético mais sustentável e resiliente.
Por outro lado, as energias renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica, integram-se de maneira mais abrangente na definição de energias limpas. Essas fontes são naturalmente reabastecidas e apresentam impactos ambientais geralmente menores em comparação com fontes não renováveis.

Entenda

A energia solar aproveita a luz do sol, a eólica utiliza o vento e a hidrelétrica depende do fluxo da água, processos que não envolvem a queima de combustíveis fósseis nem a produção de resíduos tóxicos em larga escala.
Dessa forma, as energias renováveis não apenas se enquadram na definição mais ampla de energias limpas, mas também representam uma abordagem mais sustentável e ecologicamente responsável para atender às crescentes demandas energéticas.
Essa distinção sublinha a importância não apenas de considerar a “limpeza” das fontes de energia, mas também de avaliar sua capacidade de renovação natural ao longo do tempo, garantindo assim a sustentabilidade a longo prazo.

O caminho para a sustentabilidade

Essas energias desempenham um papel crucial na redução das emissões de poluentes, notadamente do dióxido de carbono (CO2), proporcionando métodos de geração de energia que minimizam ou eliminam essas emissões, em contraste com as fontes tradicionais, como combustíveis fósseis.
O caminho em direção à sustentabilidade no contexto da energia limpa e renovável é crucial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. À medida que o mundo busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover práticas ambientalmente mais amigáveis, a transição para fontes de energia sustentáveis desempenha um papel fundamental.

Regulamentações

A crescente conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas impulsionou a formulação de leis e regulamentações voltadas para a promoção da energia limpa. Muitas jurisdições têm implementado políticas destinadas a aumentar a participação de energias renováveis em suas matrizes energéticas, estabelecendo metas ambiciosas para redução de emissões e incentivos para o desenvolvimento de tecnologias mais limpas.
Vale ressaltar que a Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel crucial na promoção de iniciativas globais para enfrentar desafios urgentes, como as mudanças climáticas.
Uma das estratégias fundamentais delineadas pela ONU é a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda abrangente composta por 17 metas interconectadas que visam abordar questões sociais, econômicas e ambientais até 2030.
No contexto específico das energias renováveis, vários ODS estão intrinsecamente relacionados. O ODS 7, por exemplo, visa assegurar o acesso a uma energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos.
Isso implica a promoção de fontes de energia limpa e eficiente, alinhadas com a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas (ODS 13).

Esforços válidos

Essas políticas não apenas desempenham um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas, mas também fomentam a equidade social e econômica, alinhando-se de maneira coesa com diversos objetivos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ao direcionar esforços para áreas como o acesso à energia (ODS 7), trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8) e ação climática (ODS 13), essas iniciativas não só abordam os desafios ambientais, mas também contribuem para a construção de sociedades mais justas e prósperas.
Essas leis e regulamentações não têm apenas o propósito de atenuar os efeitos adversos das mudanças climáticas, mas também buscam criar um ambiente propício para a inovação e a disseminação ampla de tecnologias sustentáveis.
Mecanismos como incentivos fiscais, subsídios e regulamentações que penalizam a emissão excessiva de carbono representam ferramentas essenciais para acelerar a transição para práticas mais amigáveis ao meio ambiente.

Carbono

Além disso, a implementação de mercados de carbono e esquemas de comércio de emissões desempenha um papel crucial ao precificar o carbono, oferecendo um estímulo econômico adicional para a redução das emissões.
Essas abordagens não só estimulam a responsabilidade ambiental, mas também criam um ambiente de negócios que valoriza a competitividade de tecnologias mais limpas, impulsionando a inovação e a eficiência na busca por soluções sustentáveis.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias energéticas inovadoras, como armazenamento de energia avançado e formas emergentes de energia renovável, também desempenha um papel fundamental no caminho para a sustentabilidade.
A colaboração entre setores público e privado, aliada à regulamentação proativa, pode acelerar a implementação dessas soluções inovadoras.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br