Como criar rã
Atividade tem como principal produto a carne, que é saudável e rica em proteínas, considerada uma iguaria fina e com demanda crescente.
As rãs são abatidas com 250 gramas
Rústicas e precoces, as rãs se proliferam com velocidade e se adaptam bem ao clima quente e úmido de várias regiões do Brasil. Não necessitam de grandes investimentos, apenas água de qualidade. Mas há ainda mais argumentos para se iniciar uma criação de rãs.
A carne é leve e rica em proteínas, enquanto as vendas são consideradas boas. O retorno é rápido, pois o produto alcança bons preços no mercado. Um quilo está na faixa de 18 a 23 reais no atacado e 40 reais no varejo, quantia que cobre bem os custos de produção, na faixa entre 12 e 15 reais. A pele, muito procurada no mercado internacional, serve para a fabricação de bijuterias, bolsas, sapatos e cintos.
Brasil é o segundo maior criador de rãs do mundo
Avanço da urbanização reduz população de sapos, rãs e pererecas
Como criar hamster
Como criar abelhas sem ferrão
O criador ainda pode obter lucros com o fornecimento de girinos e imagos (formas jovens) para outros ranicultores. Porém, é bom lembrar que, para obter bons resultados, é preciso de dedicação à atividade. A criação vai bem em pequenas propriedades, mas o manejo é delicado. Afinal, as rãs são animais muito suscetíveis a doenças e ao estresse.
Pouco explorada no mercado nacional, a ranicultura já é praticada pelos brasileiros desde a década de 1930. O Brasil é pioneiro no cultivo intensivo em cativeiro, mas a atividade ganhou impulso somente nos anos 90, com o avanço das técnicas de criação, o surgimento de estufas agrícolas e a adoção de ração. Em ranários com boa estrutura e manejo correto é possível contar com um quilo de rã viva por mês para cada metro quadrado de área construída.
A rã é um anfíbio que vive na água durante três meses em média, na primeira fase da vida, a de girino. Após passar por uma transformação na anatomia e na fisiologia do organismo (metamorfose), que também leva cerca de três meses, torna- se capaz de viver também fora da água. Mais quatro meses são necessários para chegar ao ponto de abate, com peso entre 200 e 250 gramas. Quanto mais quente o local, mais rápido se torna o metabolismo da rã e, por conseqüência, mais velozmente ela estará pronta para o abate.
Como é a melhor para a criação intensiva e teve boa adaptação por aqui, a única espécie utilizada pelos ranários comerciais brasileiros atualmente é a rã-touro (Rana catesbeiana). De origem americana, chegou ao Brasil em 1935. É precoce, prolífica e mais rústica que outras espécies.
Raio X
CRIAÇÃO MÍNIMA: de 50 a 60 fêmeas para 30 machos
RETORNO: dois anos
REPRODUÇÃO: cada fêmea produz, em média, cinco mil ovos
ESPÉCIE COMERCIAL: rã-touro (Rana catesbeiana)
Mãos à obra
INÍCIO – primeiro visite alguns ranários e converse com os ranicultores. É imprescindível que haja na região boa disponibilidade de água de qualidade, de preferência de mina ou poço. É importante fazer análises física, química e microbiológica da água, pois a rã vive boa parte do tempo no meio aquático. Escolha terrenos com declive de 1% a 3% e baixo nível de ruído.
AMBIENTE – deve ser bem arejado, se localizado em regiões de temperatura elevada. Em locais frios, a recomendação é fechar as laterais para manter o calor. A higienização é muito importante. Deve-se evitar o acúmulo de sujeira, pois os resíduos provocam gases que podem matar os animais. Como a divisão do ranário é pelas etapas do ciclo de produção, o ranicultor pode escolher lidar com apenas uma ou mais fases de vida do animal.
ESTRUTURA – na fase aquática, a criação necessita de tanques com com leve declive no fundo, para o desenvolvimento dos girinos. Na etapa terrestre, precisa de baias de crescimento para os imagos (setor de recria), e de galpões fechados, estufas agrícolas ou telas de nálion para a engorda. Um ranário de porte médio ocupa uma área construída de cerca de 500 metros quadrados, composta pelos setores de reprodução, desenvolvimento embrionário, girinagem, metamoforse e engorda. As instalações de reprodução e engorda são compostas por cochos e abrigos em áreas secas e uma área com piscina. Os demais setores utilizam tanques.
ALIMENTAÇÃO – os girinos, após dez dias do nascimento, comem ração farelada para trutas ou para rãs com 35% a 40% de proteína bruta. Forneça inicialmente o equivalente a 13% do peso vivo, dividido em quatro vezes ao dia. As rãs se alimentam de ração peletizada ou extrusada, também com 40% de proteína bruta. Uma opção é acrescentar 20% de larvas de dípteros (moscas), ou oferecer o alimento sobre cochos vibratórios. As rãs são canibais, carnívoras e caçadoras, por isso preferem comer o que parece estar vivo.
BAIAS – entre as várias técnicas de criação, existem as baias semi-secas e as inundadas, que mantêm a rã o tempo todo na água. São tanques de alvenaria ou modelos de fibra de vidro, opção para reduzir os custos e facilitar a limpeza. Nas baias inundadas, a ração que está na superfície da água é movimentada pela respiração da rã, que fica atraída pelo alimento.
REPRODUÇÃO – após a postura, os ovos devem se recolhidos com baldes ou puçá, a intervalos de duas a quatro horas, e levados para o setor da embriologia. Evite o choque térmico com o monitoramento da temperatura dos recipientes. Os girinos aparecem em dez dias, porém 20% deles não vingam até a metamorfose, quando há ainda uma quebra de 30%. Nos quatro meses seguintes passam por uma metamorfose até se tornarem imagos (rãs jovens).
Estufa para Ranicultura | Ranário
A ranicultura pode ser definida como a criação racional de rãs através da utilização de técnicas específicas, com o objetivo principal de produzir carne de rã, muito apreciada em razão do seu delicado sabor e também por tratar-se de uma carne com baixíssimo teor de gordura (0,33 gramas de lipídeos/100 gramas de carne), sendo indicada para pessoas doentes e crianças com problemas de alergias gastro-intestinais.
Trata-se de um ramo da agropecuária nacional, que nos últimos anos apresentou um desenvolvimento extraordinário em função dos resultados das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas em diversas instituições de pesquisa e ensino.
Esses resultados possibilitaram estabelecer os principais parâmetros zootécnicos hoje empregados na ranicultura, bem como o desenvolvimento de novas técnicas que abrangem todo o processo de criação, desde o ovo até a abate.
Embora já se tenha um bom conhecimento sobre o desempenho das rãs criadas em cativeiro, muitas pesquisas ainda terão que ser realizadas, principalmente na área da nutrição, seleção e melhoramento genético, até que se atinja o nível técnico apresentado em outros ramos da agropecuária, como por exemplo a avicultura.
Todavia, se compararmos a maneira como as rãs eram criadas e como são criadas atualmente, constata-se que a ranicultura nacional evoluiu significativamente, transformando-se numa atividade bastante lucrativa, desde que seja desenvolvida mediante a correta utilização das técnicas existentes que serão apresentadas resumidamente.
Embora existam diversas espécies de rãs comestíveis, a mais indicada para produção comercial é a rã-touro ou rã americana cujo nome cientifico é Rana catesbeiana – Shaw, l802.
Essa espécie é originária da América do Norte e foi introduzida no Brasil em 1935, apresentando excelente adaptação às nossas condições climáticas, com rápido desenvolvimento e maturidade precoce.
Além da carne, que é o principal produto da criação de rãs, existem ainda os subprodutos, dos quais merecem destaque: a pele (utilizada na confecção de bolsas, sapatos, cintos, etc) e o óleo de rã (utilizado na fabricação de cosméticos), além da produção de girinos, imagos (rãs recem-metamorfaseadas) e reprodutores cujo comércio tem-se intensificado bastante nos últimos anos.
Alimentação na Ranicultura
Como é do conhecimento daquelas que estão familiarizados com a ranicultura, as rãs após a metamorfose mudam de hábito alimentar, passando de onívoras (girinos) para carnívoras, com forte instinto caçador, razão pela qual o movimento do alimento é importante estímulo para que o animal o apreenda. Basicamente existem duas maneiras de se induzir as rãs a consumirem ração: misturando-a com organismos vivos (larvas de mosca, minhocas, etc.) ou através de dispositivos elétricos ou eletromecânicos, os chamados cochos vibratórios.
Não é o objetivo do presente artigo discutir qual dos dois métodos é melhor ou mais eficiente, pois cada um apresenta vantagens e desvantagens. Entretanto, cabe ressaltar que o fato de se conseguir fazer com que as rãs passassem a consumir ração, representa um marco importantíssimo na evolução da ranicultura como atividade zootécnica, tornando mais fácil o manejo alimentar, além de reduzir em 50% ou mais o período de engorda ou recria, que hoje tem duração média de 4 meses. Atualmente já existem empresas produzindo ração para uso específico em ranicultura, entretanto a utilização de ração para trutas (46% de proteína bruta) ainda é uma prática comum entre os criadores que têm obtido bons resultados com seu uso.
Plasticultura na Ranicultura
No que diz respeito às instalações, a grande inovação foi a introdução do uso do plástico na ranicultura, principalmente na construção de estufas. Por ser um animal pecilotérmico, o metabolismo das rãs é diretamente influenciado pela temperatura ambiente e, para rãs pós-metamorfoseadas os resultados das pesquisas têm demonstrado que o ideal é que a temperatura ambiente esteja ao redor de 30 ºC. Com base nesses resultados passou-se a recomendar a construção dos setores de reprodução, girinagem e engorda de rãs no interior de estufas (ranário climatizado), o que proporciona maior uniformidade e precocidade na produção, diminuindo o problema da sazonalidade na oferta de carne de rã.
Dependendo da região onde for construído o ranário, o emprego de estufas somado a um manejo racional dos animais, possibilita a obtenção de produções mensais praticamente ao longo do ano. O uso de estufas em ranicultura requer uma atenção especial do criador no que diz respeito ao controle de temperatura e umidade relativa do ar. O correto, é que as estufas sejam equipadas com cortinas ou janelas, que devem ser mantidas abertas durante as horas mais quentes do dia para evitar um super aquecimento e fechadas durante a noite e nos horários de temperaturas mais baixas.
Outra vantagem do emprego de estufas em ranicultura é o seu baixo custo de construção uma vez que galpões de alvenarias com cobertura de telhas de cerâmicas ou fibrocimento apresentam custo muito mais elevado. Estima-se que o custo de construção de um ranário sob estufa esteja por volta de R$25,00 a R$30,00 o m2, valor que pode ser diminuído se na construção da estrutura da estufa forem utilizados materiais alternativos como o eucalipto, bambu, etc.
Ainda com relação as instalações, principalmente àquelas destinadas à engorda de rãs, não se pode deixar de mencionar a evolução que estas apresentaram quanto ao aspecto construtivo e estrutural. Assim, de baias com grandes dimensões (20 a 100 m2) e com piso de terra (tanque-ilha) passou-se a utilizar baias menores (10 a 12 m2) com piso e paredes divisórias de alvenarias (confinamento).
Quanto ao aspecto estrutural, a distribuição espacial dos componentes básicos de uma baia de engorda, cochos, piscinas e abrigos, passou por uma série de transformações no sentido de facilitar o acesso das rãs ao alimento, à água e ao local de descanso ou refúgio. A disposição linear dessas estruturas (anfigranja) é a que tem se mostrado mais eficiente por resultar numa distribuição uniforme dos animais no interior da baia, diminuindo os efeitos negativos da competição entre eles, além de facilitar o manejo (limpeza das baias e fornecimento de ração).
Entretanto, com relação ao piso das baias de engorda, há a necessidade de se pesquisar novas formas de construção mais baratas e menos agressivas às rãs do que os pisos de alvenaria que vem sendo usados. É possível que neste caso, o plástico também seja uma boa solução, desde que possua características físicas adequadas como uma maior resistência para suportar as operações gerais de manejo (circulação do tratador, lavagem das baias, etc.) e uma textura que não seja demasiadamente lisa a fim de evitar que as rãs escorreguem.
Mercado da Ranicultura
Atualmente com a tecnologia disponível, baseada na somatória dessas inovações técnicas, é possível alcançar índices de produtividade que variam de 4 a 5 kg de carne de rã por metro quadrado por ciclo de engorda.
Considerando que no Estado de São Paulo a carne de rã esteja sendo vendida a R$16,00/kg (preço médio no atacado) e que o custo de produção esteja em torno de R$ 8,50/kg, tem-se um lucro líquido de R$ 7,50/kg, o que torna a atividade bastante interessante sob o ponto de vista comercial.
Tomando-se como exemplo um ranário dimensionado para produzir 250 kg de carne/mês, podemos afirmar que este proporcionará um lucro de líquido de R$ 1.875,00 ocupando uma área de aproximadamente 400 m2 (sob estufa).
É interessante observar que o espaço necessário para a implantação de um ranário é relativamente pequeno, fazendo com que a ranicultura seja uma excelente opção para pequenas e médias propriedades rurais, desde que estas apresentem condições adequadas. Deve-se lembrar que não basta ter apenas uma ótima tecnologia de produção. Outras etapas como processamento, abate e comercialização são fundamentais e, no caso da ranicultura, necessitam de aprimoramentos.
Para não trabalhar na clandestinidade, o criador precisa registrar seu abatedouro no Ministério da Agricultura (SIF) e para tanto, o abatedouro terá que ser construído dentro dos padrões e normas que tornam seu custo muito elevado, dificultando ou até inviabilizando o desenvolvimento da atividade por pequenos e médios criadores.
Para solucionar esse problema, há a necessidade de se revisar e adequar as normas vigentes, no sentido de possibilitar a construção de abatedouros mais simples e baratos, sem no entanto, comprometer a qualidade do produto. Enquanto isso não ocorre, a solução é a formação de cooperativas destinadas ao abate e comercialização da carne, a exemplo do que fizeram os criadores do Estado do Rio de Janeiro.
Finalizando, cabe salientar que embora a ranicultura tenha apresentado avanços consideráveis nesses últimos anos, ainda há muito o que se pesquisar, principalmente nas áreas de nutrição, genética (melhoramento animal) e patologia. Os resultados de pesquisas conduzidas nessas áreas certamente contribuirão para a redução do custo de produção e conseqüentemente do preço final do produto.
Isto, aliado a um eficiente trabalho de marketing, resultará num aumento do consumo da carne de rã, fazendo com que a ranicultura consolide-se ainda mais como atividade agropecuária.