Estufas para cogumelos

Estufas para cogumelos

Cogumelos são boa opção no agronegócio, o quilo chega a valer R$ 500 no mercado externo.

Investir no cultivo e venda de cogumelos tem se revelado uma atividade atrativa economicamente. Para se ter uma idéia, cogumelos chegam a ser vendidos para o exterior por até R$ 500 o quilo. Empresários do ramo costumam dizer que a demanda ainda é superior à capacidade de produção. Tentadora, a idéia exige certos cuidados.
A cautela é justificada pela complexidade do cultivo. Existem duas opções para quem começa no ramo: usar toras de eucalipto para cultivar os cogumelos ou fazê-lo em prateleiras, como em uma horta. Produtores afirmam que a primeira técnica é a mais rudimentar e impõe mais obstáculos para tornar o negócio comercialmente viável.

Hoje, o mercado trabalha basicamente com quatro tipos de cogumelos: shiitake, shimeiji, champignon e Agaricus Blazei Murril (cogumelo do sol). Porém, nem todos têm a mesma utilidade. Os três primeiros são usados para a gastronomia tendo restaurantes como principais clientes, enquanto o último é para uso medicinal e pode ser visto na forma desidratada, em pó ou em cápsulas.

O empresário Ricardo Fernandes está há nove anos no ramo. Hoje ele comanda as empresas-irmãs Shiitake e Shimeji Imperial, na Região Serrana do Rio. Ex-diretor de multinacional, ele diz que resolveu investir até mesmo na produção de substrato, composto usado para o cultivo de cogumelos. A idéia era evitar ter de comprar de terceiros o produto.

– Só assim temos condições de competir comercialmente – explica Fernandes. Hoje, sua empresa produz até 10 mil unidades de substrato de cogumelos por dia. Cada saco custa R$ 2,20. Para isso, ele precisou “industrializar” o negócio. Comprou seis autoclaves, uma caldeira de 400 quilos de vapor/hora e um silo para armazenar farelos, entre outros equipamentos.

Há, no entanto, produções mais modestas. O gestor do projeto Cogumelo em Montes Claros, Armírio Duque de Oliveira Neto, diz que pode-se iniciar no ramo com uma estufa de 50 metros quadrados, orçada em R$ 18 mil. “O que, em tese, garante uma capacidade de produção de 60 quilos de cogumelos por mês. Mas o ideal é não depender de apenas uma estufa”, afirma ele, que coordena a parceria entre o Sebrae/MG e a Associação dos Produtores de Cogumelo do Norte de Minas Gerais e Vale do Jequitinhonha (Aproconova).

No caso da Aproconova, são usadas cinco estufas. Oliveira Neto lembra que é preciso ter cuidado com a temperatura local. “Deve ficar entre 15 e 40 graus”, diz. Além disso, a umidade do ar deve ser alta, em torno de 80%. É por conta desses detalhes que Fernandes, da Shiitake e Shimeji Imperial, aconselha dedicação exclusiva ao negócio.

Proprietário da Fazenda do Engenho, em Brumadinho, a 40 quilômetros de Belo Horizonte, o empresário Roberto Barros diz que as encomendas para exportação devem ser superiores a 100 quilos. Atualmente, sua empresa cultiva cogumelo do tipo Agaricus Blazei Murrill e produz ao mês de 150 quilos usando três estufas. “Mas vamos elevá-la para 300 quilos no próximo ano”, promete.

Já os 38 associados da Aproconova, no norte de Minas Gerais, produzem 120 quilos por mês, com expectativa de aumentar para 170 quilos até o final do ano. O gestor do projeto do Sebrae/MG, Armírio Duque de Oliveira Neto, diz que o preço do produto para exportação é de R$ 220 o quilo. “Há casos de vendas de até R$ 500 o quilo”, garante.

Para o mercado interno, os cogumelos são vendidos de R$ 20 a R$ 160 o quilo, dependendo do tipo. Empresários garantem que o retorno do investimento ocorre em até três anos. “O cogumelo foi importante para diversificar nossa produção e hoje deu tão certo que temos uma unidade que só trata de sua comercialização”, explica Barros, da Fazenda do Engenho.

Na Fungibras, o engenheiro agrônomo Guilherme Eira, um dos sócios da empresa, concorda que há espaço para crescer no mercado. Com seis funcionários, a Fungibras está há pouco mais de um ano no ramo, mas ainda permanece vinculada à incubadora de empresas da Federação das Indústrias de São Paulo, em Botucatu.

– A posição do Governo federal contra a importação de cogumelos chineses dá ânimo ao setor – diz. Ele se refere à medida antidumping adotada pelo Brasil em 2003 e que estabeleceu tarifa de US$ 1,05 para cada quilo importado da China. De acordo com a Câmara de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, os cogumelos chineses chegavam ao País com preços bem mais baixos, prejudicando os produtores locais.