Johnny Rodrigues Soares
Doutorando em Gestão de Recursos Agroambientais ” Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
jr.soares@yahoo.com.br
Grande parte do nitrogênio (N) vindo dos fertilizantes não é absorvida pelas plantas. Em estudo com 850 experimentos nos Estados Unidos foi estimado que, na média, 50% do N total aplicado com o fertilizante foi absorvido por cereais, e a outra parte absorvida foi proveniente do N no solo. Resultados semelhantes foram mostrados aqui no Brasil em trabalhos feitos no Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Em 2005, a Associação Americana de Nutrição de Plantas criou a expressão “fertilizantes de eficiência aumentada“ para os produtos desenvolvidos para reduzir as perdas de N, em comparação com as fontes solúveis.
Os fertilizantes são divididos em duas categorias: fertilizantes estabilizados, que têm a adição de inibidores de uréase e de nitrificação para controlar a taxa de transformação dos fertilizantes no solo; e os fertilizantes de liberação lenta ou controlada, que incluem compostos de baixa solubilidade em água e os fertilizantes solúveis contidos em encapsulados com S elementar, resinas ou polímeros sintéticos.
Fertilizantes de liberação controlada
Os fertilizantes de liberação controlada incluem ureia revestida com encapsulados de enxofre ou revestida com polímeros. A liberação de N depende da espessura e qualidade do encapsulado, sendo que falhas do revestimento, na manipulação e no processo de fabricação podem afetar as propriedades do fertilizante.
A liberação gradual de nutriente pelos fertilizantes de liberação controlada, em sincronia com a demanda da planta, pode reduzir as perdas de N e, consequentemente, aumentar a eficiência de uso do N. Em experimento com a cultura de arroz, foi mostrado que a eficiência de uso do N aumentou de 50% para 70% com os fertilizantes de liberação controlada.
Resultados com aumento de produtividade e no acúmulo de N também foram verificados com várias culturas em diversos países. Porém, caso a demanda da planta seja em período diferente da liberação de N pelo fertilizante, o produto pode não ter efeito positivo em relação às fontes solúveis, o que não justificaria seu uso.
Fertilizantes de liberação lenta
Os fertilizantes desse grupo são formados pela condensação de produtos de ureia e ureia-aldeÃdo, que incluem ureia formaldeÃdo, isobutilidenediureia e crotonilidenediureia. Ureia formaldeÃdo (38% de N) é o mais importante dessa classe.
A condensação de diferentes produtos de ureia e ureia-aldeÃdo pode gerar produtos com diferentes tempos de liberação do nutriente. Contudo, as propriedades do solo como umidade, atividade de microrganismos, temperatura, textura, matéria orgânica etc. afetam a mineralização do polímero e a taxa de liberação.
Uma das vantagens dos fertilizantes de liberação lenta é a redução na volatilização de NH3, que depende da quantidade de aldeÃdos na ureia “quanto maior o teor de aldeÃdos, menor será a volatilização de NH3 pela ureia.
Os fertilizantes de liberação lenta, em geral, são mais eficientes que os tradicionais, pois o fornecimento gradual de N é vantajoso para culturas perenes, grãos, pastagens e gramados. Entretanto, em oito experimentos nos EUA com trigo e milho,notou-se que a ureia formaldeÃdo líquido teve resultado igual ao fertilizante fluÃdo ureia com nitrato de amônio.
O emprego dos fertilizantes de liberação lenta ou controlada é pouco significante no mundo todo devido ao preço elevado (entre duas e oito vezes o custo do nutriente de fertilizantes convencionais). Sendo assim, esses produtos são mais utilizados em nichos de mercado como produção de mudas em estufas, em gramados e jardinagem.
Fertilizantes fosfatados
A forte interação do fósforo (P) com o solo diminui severamente a disponibilidade desse nutriente para as plantas, fazendo com que a eficiência dos fertilizantes fosfatados seja muito baixa”tal interação tem sido denominada fixação, precipitação, imobilização, adsorção e retenção. Dados da literatura mostram que a recuperação de P pelas plantas não passou de 25% do total aplicado; desse modo, grandes quantidades de P têm sido aplicadas na agricultura a fim de compensar a fixação de P pelo solo.
Considerando também a deficiência do elemento na maior parte dos solos da região tropical, os fertilizantes fosfatados têm sido os mais utilizados na agricultura brasileira.
Diversas pesquisas têm sido feitas em relação às características dos fertilizantes fosfatados tradicionais, com o intuito de reduzir a fixação de fósforo pelo solo e aumentar a eficiência do seu uso.
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