Filmes: Qual o ideal para a tomaticultura?

Filmes: Qual o ideal para a tomaticultura?

O tomate (Solanum
lycopersicum
L.) é uma olerícola, originária da América do Sul e bastante
apreciada em todo o mundo, sendo utilizada em saladas e em diferentes receitas
culinárias. Em relação ao seu cultivo, apresenta uma boa adaptação às
diferentes condições climáticas, entretanto, a temperatura em que há uma melhor
resposta produtiva por parte da cultura é na faixa de 21 a 28º durante o dia e
15 a 20º durante a noite, variando dependendo da cultivar (Lenhardt et al,
2017).

Fora dessa faixa de temperatura, o tomate apresenta alguns
problemas no desenvolvimento, como por exemplo, atraso no desenvolvimento
vegetativo e frutificação, abortamento dos frutos e das flores, formação de
frutos ocos, danos nos tecidos e problemas na coloração dos frutos. Além da
temperatura, há outros fatores que influenciam na produção, como umidade
relativa do ar e pluviosidade (Lenhardt et al, 2017).

Filmes
disponíveis

Com o objetivo de produzir tomate em regiões com
características agroclimáticas desfavoráveis ao cultivo, o produtor pode
realizar a produção em ambiente protegido, que é uma forma de cultivo bastante
difundida em todo o mundo. E uma das principais características que torna o
ambiente protegido eficiente é a escolha do filme plástico que será utilizado
para a cobertura (Holcman, 2009).

O tipo de filme plástico a ser escolhido é fator fundamental
para o controle da radiação dentro do ambiente, e deve ser escolhido de acordo
com a exigência da cultura e as características do clima da região onde será
realizado o cultivo.

No mercado há vários tipos diferentes de filmes agrícolas,
mas para o cultivo do tomate os mais recomendados são os compostos de
polietileno de baixa densidade transparente (PEBDt), filme agrícola difusor e
os filmes térmicos coextrusados.

No Brasil, o mais utilizado pelos produtores é o filme
composto de polietileno de baixa densidade transparente (PEBDt), com aditivos
ultravioletas. A transmissividade da radiação solar nesse filme é de 80%. Além
disso, os aditivos permitem que o material resista à ação dos raios
ultravioletas, adquirindo maior durabilidade (Holcman, 2009).

O filme agrícola difusor também é bastante utilizado no País,
composto por materiais que possuem adição de cristais que são distribuídos em
todo o filme. Esse filme balanceia a intensidade da luz dentro do ambiente,
espalhando a luz por toda a área e distribuindo de maneira uniforme os raios
solares. É possível encontrar de 100 a 150 micra de espessura, e além do tomate
também é indicado para produção de mudas, de pimentão, frutas e hidroponia (Silva,
2018).

Por fim, o filme térmico coextrusado (multicamadas) é mais
recomendado para regiões onde há uma menor intensidade de luz, e também em
cultivos de alto porte ou que causem muito sombreamento. Além do tomate, também
é indicado para o cultivo do pepino (Silva, 2017)

Benefícios

O filme agrícola não protege somente contra as chuvas, mas
também interfere no clima dentro do ambiente protegido, proporcionando assim um
incremento na produtividade e qualidade do produto final, e mantém a produção
estável durante o ano inteiro.

Além do produtor, também há vantagem para o consumidor, que
terá disponibilidade do produto em qualquer período, independente do clima (Lonax,
2017).

O uso desse material também reduz a incidência de pragas e
doenças, o uso de defensivos agrícolas, e possibilita a prática do cultivo
orgânico. Os filmes são compostos de aditivos que interagem com a radiação
solar, bloqueiam a radiação ultravioleta e também garantem a qualidade e
durabilidade do produto (Lonax, 2017).

O filme agrícola ainda pode ser usado na lateral da
estrutura do ambiente protegido, e essa pratica pode evitar o estiolamento das
plantas, e minimizar as doenças por fungos, pois reduz a umidade nos tecidos da
planta devido à maior uniformidade de luz dentro do ambiente. Essa forma de
utilização é recomendada para regiões de clima quente (Silva, 2018). 

Manejo

Primeiramente deve ser realizada construção da estrutura que
será suporte para o filme. Vários são os materiais para a construção da
estrutura, como por exemplo, madeira, metal, concreto, entre outros. Esta deve
ter um pé direito de cinco metros. Já o comprimento e a largura dependem do
tamanho da produção que será realizada.

Posteriormente pode ser realizado o preparo do solo,
revolvendo a terra com arado e grade. Pode-se, ainda, realizar a aplicação de
calcário, mas a quantidade deve ser de acordo com a análise de solo do local.

A instalação do filme agrícola deve ocorrer no início da
manhã, para evitar danos ao material. A instalação em horários muito quentes
pode causar estiramento e rasgo do filme. Evite desenrolar o filme sobre
objetos pontiagudos, ou que possam rasgar ou perfurar a lona. Estique com
cuidado e uniformemente sobre toda a estrutura sobre toda a estrutura. Após
instalar, o filme pode se soltar e será necessário esticar novamente (Silva,
2018).

Para que a vida útil do material se estenda, é recomendado
fazer manutenções periódicas, ter sempre em mãos fita adesiva específicas para
coberturas, e utilizá-la em caso de furos ou rasgos.

Após a instalação do filme plástico, devem ser feitos os
canteiros e o posicionamento dos tutores (no caso de algumas cultivares, como o
tomate cereja) de acordo com o espaçamento adequado da cultivar que será
utilizada.

Produtividade

O tomateiro é uma planta que apresenta boa adaptação a
diferentes tipos de ambiente, e com o manejo adequado e a cultivar específica
para a região, a produtividade pode chegar a 11 kg por planta no cultivo em
campo.

Entretanto, no cultivo protegido com filmes agrícolas a
produtividade pode aumentar em 50%, isso porque nesse ambiente há maior
distribuição da luminosidade, favorecendo a fotossíntese, e mais eficiência da
irrigação e adubação, além de evitar doenças e algumas pragas.

Na
prática

Em trabalho realizado por Holcman (2009), comparando
diferentes tipos de coberturas para ambiente protegido nos seus microclimas e o
efeito deles no desenvolvimento, produtividade e qualidade de duas cultivares
de tomate cereja, contatou-se que os filmes plásticos difusores e de baixa densidade
com anti-UV proporcionaram ganho de produtividade em relação ao cultivo em
campo aberto.

Entretanto, o uso do filme plástico difusor proporcionou
melhores resultados de produção, apresentando incremento de 50% no número de
frutos e produtividade em relação ao uso de filmes de baixa densidade com
anti-UV.

O
caminho do sucesso

Para ter sucesso na produção utilizando ambiente protegido
coberto por filmes agrícolas é necessário ter atenção a alguns fatores de
instalação ou de uso que possam influenciar de maneira negativa na produção.

A escolha do tipo de filme deve ser realizada com cautela, pois
aqueles voltados para regiões diferentes do local de produção tornam o
microclima desfavorável e reduzem a produtividade.

Outro aspecto é em relação às estruturas que, sendo de
madeira, não pode ser envernizada com óleos ou compostos orgânicos, não deve
ter rachaduras ou imperfeições que possam rasgar ou perfurar o filme (Silva,
2018)

O horário de instalação do filme é outro aspecto importante,
pois, dependendo da temperatura, o filme pode dilatar (temperaturas altas) ou
contrair (temperaturas baixas). Caso a instalação seja realizada em horários
com níveis críticos de temperatura, pode ocasionar o rasgamento ou pode não
ficar bem esticado na estrutura (Lonax, 2017).

Em relação ao manejo da cultura, um erro frequente no
cultivo em estufas é o adensamento das plantas, o que acaba tornando a planta
vulnerável a vários tipos de doenças, pois a incidência de raios solares não
atinge toda a planta, e com isso aumenta a umidade em determinados pontos,
favorecendo o desenvolvimento de doenças, principalmente fúngicas (Hortifruti
Brasil, 2014).

Cuidados
essenciais

Na escolha do filme é preciso considerar tanto as exigências
da cultura quanto as características climáticas da região. Existem filmes
voltados para vários tipos de regiões, como por exemplo, climas tropicais,
temperados, entre outros.

Em relação à estrutura de madeira, esta deve ser tratada na
indústria, antes de ser adquirida pelo produtor, e devem ser removidas as
imperfeições que possam rasgar ou perfurar o filme. Ainda, o plástico não deve
entrar em contato direto com a madeira, principalmente se ela estiver liberando
resina, ou outro material da estrutura, o que pode promover a deterioração do
filme (Silva, 2018).

A vida útil do material também deve ser observada, pois ao
longo do tempo de uso o material perde a transmissividade, e deve ser trocado.
O tempo de troca varia de acordo com o tipo de filme agrícola (Lonax, 2017).

Para maior garantia de sucesso e aumento de produção de
tomate no ambiente protegido utilizando filme agrícola, é recomendado que o
produtor siga sempre as instruções de um engenheiro agrônomo, que realizará o
devido planejamento da instalação do filme e manejo da cultura.

Custo

Para a utilização do filme agrícola é necessário realizar a
construção da estrutura de sustentação, que pode ser de vários materiais, como
madeira, concreto, aço e também materiais alternativos, como bambu. A escolha
do material vai depender do tamanho da produção e recursos do produtor.

Em média, o custo para a construção de uma estrutura de
madeira está em torno de R$ 5 mil a cada 500 m². Após a construção da estrutura
é feita a instalação do filme agrícola, que no mercado pode ser encontrado nas
dimensões de 4,0 x 100 m, com espessura de 100 micra a partir de R$ 700,00.

Viabilidade

A prática de cultivo em ambiente protegido, para início de
produção, é considerada de alto custo, porque além da aquisição do filme
plástico também há os gastos com materiais para a construção da estrutura de
sustentação e mão de obra, podendo chegar a R$ 40 mil as construções com maior
nível de tecnificação.

Entretanto, dependendo da produtividade da cultura e demanda
do mercado, o gasto com a implantação pode ser pago em até um ano. Além disso,
existem outros fatores que tornam o investimento favorável à produção agrícola,
como a redução da sazonalidade da produção, atendendo durante o ano inteiro o
mercado, devido ao ambiente protegido com filme agrícola permitir a produção em
qualquer período climático de uma região (Hortifrúti Brasil, 2014).

Ainda, há uma redução de gastos com a aplicação de
defensivos agrícolas, pois o microclima gerado com o uso de filmes agrícolas
diminui a incidência de doenças e de algumas pragas. Com a possibilidade de
cultivo sem o uso desses produtos, fica mais fácil a prática do cultivo de
tomate orgânico, agregando maior valor ao produto.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br