Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador da Epagri/Estação Experimental de São Joaquim
felipemoretti113@hotmail.com
A melancia (Citrulluslanatus) foi a segunda fruta mais produzida no mundo, com 111,0 milhões de toneladas colhidas na safra de 2014. A China aparece como maior produtora mundial de melancia, e o Brasil em quarto lugar, atrás de Peru e Irã, segundo dados da FAO.
Os principais exportadores são México, Espanha e Irã. De acordo com o IBGE, O cultivo de melancia ocupou 4,9 mil hectares, colhendo-se 125,9 mil toneladas e a produção da fruta no Brasil estáconcentrada principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul (17%), Goiás (13%), Bahia (12%), São Paulo (10%) e Rio Grande do Norte (6%), em 2016. A fruta exportada do Brasil tem como principais destinos Holanda, Reino Unido e Alemanha.
Fitossanidade
Devido às condições climáticas e ao período de exploração, diversas doenças e pragas poderão afetar a cultura da melancia, desafiando o agricultor e limitando assim o seu cultivo, em especial em áreas com baixo nível tecnológico, onde medidas de controle adequadas não são utilizadas.
As principais doenças que acometem a cultura são o oÃdio, o míldio, o crestamento gomoso das hastes, o tombamento e a mancha aquosa. Já as principais pragas são mosca-branca, pulgão, mosca-minadora e tripes. Essas espécies de insetos atacam a cultura da melancia, sendo que a maior ou menor importância de cada uma delas varia de acordo com a região e a época de plantio.
A seguir estão descritas de forma breve as características e sintomas das doenças anteriormente citadas.
OÃdio
O oÃdio é uma das principais doenças foliares da melancia e de outras cucurbitáceas no Brasil e no mundo. Ocorre em praticamente todos os locais em que há o cultivo de melancia, sendo mais limitante nos locais em que predominam condições de altas temperaturas e baixa umidade durante a época de cultivo.
Pode causar redução no rendimento da cultura devido à diminuição do tamanho ou do número de frutos, ou ainda pelo encurtamento do período produtivo das plantas. É causado pelo fungo Sphaerothecafuliginea.
Os sintomas são visÃveis em toda a parte aérea da melancia, principalmente em folhas. Inicialmente, tem crescimento branco pulverulento. Pode ser visualizado sobre a parte superior das folhas. Com o tempo, as áreas afetadas aumentam em número e tamanho, podendo tomar toda a extensão foliar, por causa da coalescência das manchas.
Míldio
O míldio ocorre em épocas mais úmidas e com temperaturas amenas, podendo causar severas perdas. Ocorre em todas as regiões do País onde se cultiva melancia, seja em campo ou em estufas, mas é mais importante nas regiões sul e sudeste. A doença é causada pelo oomicetoPseudoperonosporacubensis.
Crestamentogomoso
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O crestamento gomoso das hastes encontra-se em todas as regiões produtoras de melancia, principalmente nas tropicais, onde é considerada uma importante doença da cultura.
O agente causal desta doença é o fungo Didymellabryoniae (Auersw.) Rehm, que pode infectar qualquer órgão aéreo da planta em todos os estádios de seu desenvolvimento. As mudas apresentam manchas escurecidas e arredondadas nos cotilédones, que passam ao hipocótilo, necrosando-o e circundando-o, causando posterior tombamento.
Tombamento
O tombamento ocorre em plântulas de melancia, provocando a morte prematura, afetando o estande do plantio e, consequentemente, a produtividade. Os agentes causadores desta doença são fungos dos gêneros Fusarium, RhizoctoniaePythium, que provocam rápido apodrecimento do caulÃculo de plântulas e o consequente tombamento das mesmas.
Manchaaquosa
A mancha aquosa é causada pela bactéria Acidovoraxavenaesubsp. Citrulli. Os sintomas dessa doença podem ser observados nas folhas de plantas em diversas fases de desenvolvimento e nos frutos.
Em plântulas infectadas, manchas encharcadas podem ser observadas nas folhas cotiledonares, podendo tornar-se necróticas. Nas folhas, os sintomas iniciam-se na forma de pequenas manchas escuras e angulosas.
Os sintomas da mancha-aquosa são mais visÃveis nos frutos, surgindo, inicialmente, em pequenas manchas de aparência encharcada ou oleosa, com ou sem a presença de halo, que se expandem rapidamente. A área em torno do sÃtio de infecção inicial torna-se necrótica e, em estágio avançado da doença, pode ocorrer a ruptura da epiderme do fruto com exsudação de substância transparente.
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