Simone Cristina Picchi, pesquisadora e CEO da CiaCamp,
palestrou, durante o Congresso Andav, sobre o lançamento do produto Granblack,
recomendado para a citricultura. “Esse produto nasceu de uma pesquisa
brasileira. Durante seu pós-doutorado, participei dos estudos para entendimento
do mecanismo de ação das bactérias que causam doenças na citricultura (CVC,
Cancro Cítrico e HLB) e, baseado em informações genômicas dessas bactérias,
juntamente com os pesquisadores do Centro de Citricultura/IAC, chegamos no
desenvolvimento de uma tecnologia inovadora a ser usada para combater essas
doenças. A tecnologia compreende o desenvolvimento de uma formulação que
permite levar para dentro da planta uma molécula capaz de quebrar aglomerados
bacterianos e, assim, deixar a comunidade bacteriana fragilizada. Essa molécula
mostrou-se eficiente no controle das três principais doenças bacterianas de
cítricos no País: a clorose variegada dos citros (CVC) ou amarelinho, o cancro
cítrico e o greening, também chamado de HLB”, resume.
Ela ainda informou que os produtos desenvolvidos não são
agressivos para o meio ambiente ou para qualquer ser vivo, pois já é utilizado
na saúde humana há mais de 30 anos.
Importância
econômica
Responsável por 61% da produção mundial de suco de laranja,
a citricultura brasileira é afetada por essas três doenças de origem
bacteriana. As duas maiores ameaças são o greening, principal praga de cítricos
no mundo, que aumentou 8,5% no País entre 2017 e 2018 e afeta 18% das plantas,
e o cancro cítrico, que cresceu 35% no período e atinge quase 12% das árvores
da lavoura paulista e do Triângulo e sudoeste mineiro. Greening, cancro cítrico
e amarelinho ameaçam a produtividade da citricultura nacional, que movimenta
US$ 14 bilhões por ano.
Tais bactérias têm como características em comum viver em
comunidade, formando um aglomerado bacteriano conhecido como biofilme, sendo
que isoladamente elas são fracas. Então, Simone pesquisou a importância do biofilme
em cada uma das doenças e em qual local da planta a bactéria forma esse biofilme.
Outra informação relevante é que plantas doentes ficam mais
estressadas e, consequentemente, produzem determinadas moléculas que atrapalham
todo o mecanismo de funcionamento da planta. “Desta forma, partimos para a
formulação de algo que pudesse quebrar esse biofilme e também reduzisse o
estresse causado pelas doenças. Com as respostas que buscávamos em mãos,
chegamos à solução, que demos o nome de Granblack”, explica Simone.
Granblack é um fertilizante organomineral com alta
concentração de carbono orgânico, quelatado com aminoácidos. Contém
macronutrientes em fórmula equilibrada para uma adequada nutrição de plantas.
Possui em sua formulação aminoácidos especiais que trabalham
no fortalecimento das plantas, desaglomerando as colônias bacterianas do greening
e assim promovendo a liberação da seiva. Dessa forma, a planta infectada volta
a se nutrir, além de aumentar suas defesas contra o ataque das bactérias.
Trata-se de um fertilizante único no mercado, produto de
pesquisa desenvolvida pela CiaCamp, no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, produzido
e comercializado pela Amazon AgroSciences, produto de tecnologia patenteada
pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Da
ciência para o campo
Criado nos laboratórios do Centro de Citricultura “Sylvio
Moreira” do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), as pesquisas iniciaram com
o CVC e os resultados foram animadores. “Os primeiros experimentos foram feitos
em estágios avançados da doença. Após duas safras verificamos uma recuperação
parcial das plantas doentes”, conta Simone.
Segundo a pesquisadora, houve aumento da produtividade, com
elevação da quantidade e do diâmetro dos frutos, inclusive de laranjeiras
sadias. Isso porque, além de atacar a proliferação de bactérias, a substância
reduz o estresse oxidativo na planta, elevando sua resistência a doenças e a
agressões de origem ambiental, como calor, radiação ultravioleta e falta ou
excesso de água e nutrientes.
Depois vieram as pesquisas no combate ao cancro cítrico. Em
estufa, resultou na redução de 30% na incidência e 23% na severidade da doença,
ao passo que a aplicação isolada de cobre (substância convencionalmente usada
no manejo da praga) levou à diminuição de 20% e 15%, respectivamente.
Ensaios em campo, em que a molécula foi testada de forma
curativa (quando a planta já tinha os sintomas da doença), revelaram redução em
10% do cancro cítrico nos laranjais em relação ao cobre. Esses produtos ainda estão
em fase de registro, porém, oficialmente este ano, o Granblack focado no
greening já é encontrado comercialmente.
Quem
é ele
Granblack ainda tem alto teor de nutrientes minerais, sendo
fonte de aminoácidos e substâncias provenientes de algas marinhas. O resultado
é a redução na queda dos frutos, com a desobstrução do floema por meio da
desaglomeração das bactérias do greening, o que garante que a planta voltará a
receber os nutrientes necessários.
Granblack é um produto de pequenas moléculas, sendo
facilmente absorvido. Pode ser combinado com outros minerais foliares e
inseticidas. Além disso, é sustentável, por não ser residual, condição de seu
estado organomineral, limpa os vasos da planta, sem agredir o solo ou danificar
os insetos polinizadores, com reflexos diretos no aumento de produtividade, sem
prejudicar a saúde humana
A
Amazon Agrosciences
À frente da Amazon AgroSciences, a história de Manuel Palma
Rosales com a agricultura vem de muito antes de decidir empreender. Seu pai,
sua grande inspiração, era produtor rural em Cojutepeque, em El Salvador.
Toda a sua força e determinação vêm de uma única cena: seu
pai trabalhando sempre, independentemente das condições do país, que enfrentava
uma guerra civil nunca antes vista. No entanto, em 1978, com a morte de seu
pai, Manuel Rosales tornou-se responsável por sua família e partiu rumo a
Piracicaba (SP), em busca do diploma que mudaria seu caminho.
Hoje, graduado pela ESALQ/USP e mestre em Nutrição de Plantas
pela mesma instituição, sua maior motivação é ajudar pequenos, médios e grandes
produtores rurais a superarem seus desafios com mais qualidade e lucratividade
no campo.
A Amazon, sediada em São Carlos (SP), atualmente tem grande
força no segmento de grãos, tanto de cereais quanto de lavoura branca, em todas
as regiões produtoras do Brasil. Em HF, trabalha com mamão, melão, HF em geral,
café e citros. Como indústria, começou a operar em 2014, e nos próximos dois
anos já terá uma nova planta pronta em Ibaté (SP).
O
Congresso Andav
Estreante no Congresso Andav, a Amazon Agrosciences, que
experimenta um crescimento exponencial, sentiu necessidade de se mostrar ao
mercado de forma mais concreta. “Nossa participação foi muito bem recebida e
conseguimos alcançar nosso público-alvo com êxito, com muita conversa, diálogo
e interesse quanto ao resultado já comprovado no campo. Vemos, hoje, a
necessidade do produtor por uma solução como essa, sustentável, contínua e com
resultado de médio/longo prazo para um problema que não tinha previsão de
acontecer”, ressalta a pesquisadora Simone.
Lembrando que a partir da segunda quinzena de setembro, Granblack
estará presente nas principais revendas que atendem o mercado citrícola do
País.