Híbridos de pimentão – A aposta certa

Híbridos de pimentão – A aposta certa

O pimentão (Capsicum
annuum
L.) é uma das hortaliças mais importantes economicamente no Brasil,
sendo plantado e consumido em todo o território nacional. A área estimada de
plantio é 19 mil hectares, com produção acima de 420 mil toneladas (FAO, 2017).
Para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e oferecer pimentão em
todas as épocas, a maioria dos produtores, principalmente das regiões sudeste e
sul do Brasil, têm cultivado em ambiente protegido (Oliveira et al., 2009).

A utilização de cultivares híbridas pelos produtores de
pimentão tem sido importante fator para incremento da produtividade. A
principal diferença entre essas cultivares e as tradicionalmente plantadas
reside no efeito heterótico expresso nos caracteres diretamente ligados à
produtividade e qualidade de frutos (Tavares, 1993; Innecco, 1995; Oliveira,
1998; Miranda et al., 1998; Bonetti, 2002).

Além disso, pode-se obter resistência para múltiplas doenças
mais facilmente em híbridos do que em cultivares de polinização aberta (Nascimento
et al., 2004).

Vantagens

Segundo Nascimento et al. (2002), as cultivares híbridas
apresentam algumas vantagens sobre as demais, com melhores respostas às
exigências do produtor e do mercado, como: alto potencial produtivo (rendimento
e qualidade); maior adaptação aos sistemas de cultivo; produção de frutos de
maior peso médio e resistência às principais doenças da cultura.

Atualmente, há muitas cultivares presentes no mercado
nacional de sementes de pimentão, com destaque para os híbridos que predominam
no cultivo protegido e têm presença significativa em campo aberto.

Obstáculos

A alta produtividade dessa hortaliça muitas vezes é reduzida
pela ocorrência de várias doenças. Entre algumas das principais doenças que
acometem a cultura no Brasil destacam-se o mosaico amarelo do pimentão, causado
pelo vírus Pepper Yellow MosaicVirus (PepYMV), as galhas das raízes,
causadas pelo nematoide Meloidogyne
incognita
(Carvalho et al., 2017) e uma doença conhecida como murcha,
requeima ou podridão de raízes causada pelo patógeno P. capsici (McGregor et al., 2011).

Dentre as bacterioses, destaca-se a pústula-bacteriana ou
mancha bacteriana, causada por Xanthomonas
campestris
pv. vesicatoria (Doidge) Dye (Kimura; Carmo, 1996).

A mancha-bacteriana afeta todos os órgãos aéreos das plantas
e ocorre em qualquer estádio de desenvolvimento do pimentão, sendo mais
prejudicial às mudas em fase de viveiro, e às folhas e frutos de plantas
adultas. Em períodos chuvosos, as infecções são mais abundantes e as lesões se
desenvolvem mais rapidamente em número e tamanho, levando à desfolha intensa da
planta (Carmo et al., 1996).

Sintomas

No campo, os sintomas iniciais nas folhas são pequenas
manchas, de 2,0 a 4,0 mm de diâmetro, com aspecto encharcado que, ao crescerem,
se tornam pardas e depois necrosam. Nos frutos, as lesões são deprimidas,
esbranquiçadas, irregulares e circundadas por um halo castanho escuro. Também,
nos frutos, as lesões podem ocorrer em grande número e, embora não causem sua
queda, o patógeno pode alcançar o interior e infectar as sementes (Viana et
al., 2007).

Controle

Entre os métodos de controle recomendados, a resistência
genética é considerada a mais econômica e tecnicamente mais prática,
principalmente quando se observam os custos, o risco potencial de resíduos
químicos nos frutos e a resistência do patógeno aos produtos químicos
utilizados.

Deste modo, há um crescente interesse em desenvolver
cultivares de pimentão com resistência à mancha bacteriana e às outras
principais doenças da cultura (Sahin; Miller, 1998).

O autor
Vaz (2017), após experimento com híbridos de pimentão em Minas Gerais, concluiu
que os híbridos PIM-HE-197 e PIM-HE-152 possuem resistência ao PepYMV e M. incognita; e PIM-HE-181 e PIM-HE-211
à P. capsici e PepYMV.

Já o
pimentão híbrido Paloma, um híbrido vigoroso com frutos de excelente qualidade
e plantas resistentes a doenças, apresenta planta uniforme e vigorosa, bem
enfolhada, de porte médio e folhas verde escuro. Resistente à PVY (vírus do
mosaico da batata), BST 1-3: mancha bacteriana (Xanthomonas campestres pv., vesicatoria raças 1, 2 e 3), TSWV (vira-cabeça)
e PeMV (Peppermotlle vírus).

Investimento

Com o plantio em condições protegidas, sob plástico,
aumentou a procura por híbridos com maior produtividade e valor comercial, para
que fosse compensatório o investimento na nova infraestrutura de produção.

Inicialmente, havia um diferencial de preço entre o pimentão
produzido em estufa e o sem proteção, que posteriormente, com a chegada de
híbridos coloridos, com sabor mais leve e adocicado, a rentabilidade para o
produtor tornou-se elevada, tanto devido à produtividade de até 240 t/ha quanto
pela valorização do produto. Em média, o preço de venda destas sementes é R$ 15
mil/kg (Ribeiro; Cruz, 2002).

Segundo os autores supracitados, o diferencial de preço
entre os diferentes pimentões ainda é verificado, com os coloridos, atingindo
valores 60-100% maiores no atacado.

Estes continuam com suas produções restritas às condições
protegidas, devido ao alto custo da semente e à necessidade de condução sob
condições ambientais adequadas.

Outro fator que altera o valor da produção é a embalagem
para a comercialização. Os híbridos coloridos são comercializados em caixas de
papelão ou bandejas de poliestireno com filme plástico, enquanto que para os
pimentões verdes são utilizadas as antigas caixas tipo K, de madeira que,
apesar do menor custo, depreciam o produto no mercado.

Atualmente, estes materiais dominam o mercado, devido às
suas vantagens, as quais estão fundamentadas na combinação de diferentes
caracteres quantitativos e qualitativos (Vaz, 2017) que garantem o retorno do
investimento.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br